Kanye West não é apenas um artista controverso — ele é um símbolo do extremismo que a sociedade insiste em tolerar. Até quando?
Chega. Acabou a desculpa do “gênio incompreendido”, do “problema psicológico” ou da “mera polêmica”. Kanye West se tornou o rosto de algo muito mais grave: a normalização do extremismo, do discurso de ódio e do desprezo absoluto pela dignidade humana. A cada nova fala racista, antissemita ou nazista, o que choca não é apenas o que ele diz, mas o fato de que nada acontece com ele.
Recentemente, Kanye declarou, sem um pingo de vergonha, “Eu sou nazista” e “Eu amo Hitler”. Isso não é uma opinião. Isso não é liberdade de expressão. Isso é uma afronta direta à história, uma glorificação de um regime que exterminou milhões de pessoas. Em países minimamente civilizados, exaltar o nazismo é crime. Nos Estados Unidos, no entanto, isso vira tendência no X (antigo Twitter), ganha engajamento, gera manchetes — e depois some, como se fosse só mais um episódio bizarro da vida de Kanye.
![Kanye West](http://entretetizei.com.br/wp-content/uploads/2025/02/RXWQYF445ZB2VJSPIMSSOZMLP4.jpg)
E não estamos falando de um artista qualquer. Estamos falando de um dos músicos mais influentes do século XXI, alguém cuja palavra ainda carrega peso, cuja marca pessoal continua a render milhões. Kanye West não é um lunático gritando sozinho em um canto da internet. Ele tem poder, tem um exército de seguidores fiéis que compram cegamente cada absurdo que ele diz. E é isso que torna tudo ainda mais perigoso. Ele não apenas normaliza o ódio, ele o transforma em produto, em moda, em tendência.
Mas o problema não é apenas ele. O verdadeiro escândalo é o sistema que continua dando espaço. Ele não age sozinho. Kanye West tem o respaldo de um público que o idolatra cegamente, de uma mídia que insiste em tratar seus surtos como entretenimento e de plataformas que lucram com sua influência tóxica. E tudo isso se agrava com a ascensão de Trump e o desmantelamento da moderação nas redes sociais, transformando o extremismo em algo banal.
E não adianta dizer que “ele já perdeu contratos”, que “ele já foi cancelado”. Se Kanye West ainda tem voz, se ele ainda é ouvido, ele não foi punido o suficiente. O chamado cancelamento não passa de uma ilusão. Muitos artistas perdem suas carreiras inteiras por muito menos, enquanto Kanye continua falando absurdos e, no máximo, leva um block temporário no X antes de voltar com o dobro de engajamento. Ele não perdeu relevância. Ele foi reciclado pelo extremismo.
A questão não é mais se Kanye vai se desculpar (ele já deixou claro que não vai), nem se ele está passando por algo (ele está exatamente onde quer estar). A questão é: quantas vezes ele ainda precisará glorificar um dos maiores assassinos da história para que parem de tratá-lo como uma celebridade e comecem a tratá-lo como um criminoso?
Kanye West não merece palco. Não merece trending topics. Não merece ser ouvido. Ele não é um artista controverso — ele é um propagandista do ódio. Cada segundo que ele continua relevante é mais um sinal de que falhamos como sociedade. Ele deveria ser esquecido, apagado, irrelevante. Mas enquanto houver gente que o defenda, enquanto plataformas como o X continuarem dando voz a extremistas como ele, o problema não é só Kanye West.
O problema somos todos nós.
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Texto revisado por Cristiane Amarante