Confira o que achamos do filme Casa Gucci, dirigido por Ridley Scott
“Pai, filho e Casa Gucci.” A frase dita por Patrizia Gucci, personagem de Lady Gaga no filme Casa Gucci, define bem o tom da produção cercada de intrigas familiares, batalhas por poder e, obviamente, muito luxo. A trama parte de uma premissa comum quando tratamos de dinastias: nada é mais importante do que a família e o orgulho de pertencer a um determinado nome, exceto, é claro, se tiver dinheiro em jogo.
O filme acompanha o romance entre Patrizia e Maurizio (Adam Driver), ele sendo um dos herdeiros da famosa grife de luxo italiana Gucci, já ela era uma jovem de classe média. Entre altos e baixos, somos telespectadores dessa história de amor desde o primeiro encontro em uma festa até a personagem de Gaga ser condenada pelo assassinato dele, em 1995. Para interpretar essa família foram escolhidos atores de alto escalão, como Adam Driver, Al Pacino, Jared Leto e Jeremy Irons, que trouxeram aos olhos do público o que significa ser um Gucci.
Trama
O filme é baseado em um livro de mesmo nome, escrito por Sara Gay Forden e lançado em 2008 no Brasil. Com pesquisas aprofundadas, incluindo entrevistas com mais 100 pessoas e troca de correspondências com Patrizia, a autora desmembrou o backstage da marca, o que foi plenamente transmitido na adaptação. Acompanhamos os planos internacionais de Aldo (Al Pacino), a escolha de estilistas e os trâmites econômicos da marca familiar, tudo isso como um plano de fundo importante para a trágica história do casal principal.
Partindo para o combo Patrizia e Maurizio, sabemos que a trama visa focalizar neles plenamente, o que realmente acontece. Acompanhamos todo o desenvolvimento romântico do casal, incluindo o início da intervenção na Gucci, influenciada por Patrizia e as crises no casamento em decorrência da luta por poder, que foram os fatores principais para o fim do relacionamento e, consequentemente, para o assassinato de Maurizio.
Por se tratar de uma narrativa sobre um fato real, o filme é permeado por acontecimentos de conhecimento do grande público, como o último ato da Gucci nas mãos da família com o primeiro desfile de Tom Ford, na coleção de inverno de 1995. Essas cenas, representando a realidade, são pontos altos da produção, que não poupou esforços em trazer a maestria de uma passarela icônica para o mundo da moda.
Personagens e Elenco
A escolha de elenco foi certeira para a produção, principalmente no que tange Lady Gaga como Patrizia Reggiani, no início, e depois Gucci. A diva do pop revisita os sets de cinema e faz uma incrível performance de uma personagem que tinha tudo para ser a versão caricata de uma interesseira.
De fato, Patrizia se encanta por Maurizio por seu sobrenome, mas logo nos primeiros momentos do relacionamento, vemos que há algo mais. A presença do herdeiro na empresa de seu pai mostra que a protagonista estaria realmente apaixonada por ele, sentimento que continuou mesmo com o rompimento dele com Rodolfo, e que só foi ser questionado quando o jovem casal caiu nas graças de Aldo e passaram a ter a Gucci como parte da rotina.
Adam Driver também não decepciona com sua interpretação de Maurizio, um rapaz contido, pouco dado para extravagâncias e que sonhava em ser um advogado. Com o desenvolvimento do personagem, e a presença da protagonista ao seu lado, vemos Maurizio participar do mundo dos negócios, e se tornar ambicioso o necessário para se manter nessa posição, da qual, infelizmente, ele não tinha talento nenhum. Como mostrado no início, havia um certo repúdio do personagem em ser participante desse império, porém, a partir do momento que Maurizio toma as rédeas, ele passa por cima até da família para continuar com tal poder, até que é “cortado” pelos outros investidores.
Em relação aos outros membros da família Gucci, destacamos Aldo e seu filho, Paolo, interpretados por Al Pacino e Jared Leto, respectivamente. Ambos trazem um perfeito alívio cômico para a trama, Aldo com seu jeito excêntrico, que acolhe o casal depois do rompimento com Rodolfo, e Paolo sendo patético e tentando de todas as formas ser reconhecido por algo que não tem talento. Leto está irreconhecível no papel, que foi amplamente criticado por membros da família Gucci.
Looking the part is half the battle. #HouseOfGucci @jaredleto @ladygaga pic.twitter.com/y9LhElLBYh
— House of Gucci (@HouseOfGucciMov) November 15, 2021
Crítica
A produção cumpre seu papel do início ao fim de trazer nos mínimos detalhes a relação conturbada de Maurizio e Patrizia. Somos permeados por uma história já conhecida de vingança após rompimento, mas conseguimos acompanhar facilmente o que precedeu tal acontecimento e as supostas motivações.
Durante as 2 horas e 37 minutos de filme, temos muitas cenas pacatas e a falta de ação somada à longa duração fariam com que qualquer um perdesse o interesse na trama em determinado momento. Porém, quase todos os personagens foram construídos com um traço cômico, evitando que a produção ficasse pesada.
Mas além disso, o filme consegue tocar em pontos interessantes e, de uma forma ou de outra, tece críticas à sociedade. Aqui é mostrado a ditadura do dinheiro determinando as relações afetivas, a exclusividade dos membros Gucci e os “pré-requisitos” para adentrar essa corporação, os excessos de pessoas ricas e muitos outros assuntos relacionados à temática monetária.
Outro ponto de destaque é o sotaque dos personagens, todos nascidos na Itália, ao falarem inglês. Por mais que em alguns momentos fosse exagerado, o modo como falavam resgata parcialmente a origem e catapulta os espectadores para um ambiente italiano nas décadas de 70, 80 e 90.
Casa Gucci chega aos cinemas de todo o Brasil na quinta (25).
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*Créditos da foto de destaque: Divulgação/ Universal Pictures