Escrito pelo cineasta brasileiro e nacionalizado britânico Caio Cortonesi, A Não-Ilha conta a história de cinco personagens vindos de universos distintos, mas que de alguma forma estão conectados. Sendo apresentada como uma trama de realidades paralelas, a obra também é uma crítica ao Brasil, feita a partir de releituras da mitologia e culturas ancestrais que moldaram o país.
Os cinco protagonistas são:
- Içaiara nasceu sem boca e estômago; não pode falar ou comer e, logo, alimenta-se de sonhos. Na Não-Ilha, a agora jornalista, padece de uma estranha doença que lhe tira a sanidade e o ar;
- Eloá, que tem um dom que é só dela, uma voz que pode ser ouvida por toda a população, e por isso ela permanece em silêncio. Na Não-Ilha, a agora guru, tem os ouvidos das massas ,porém deseja apenas ser amada;
- Moacyr, que ouve as vozes dos deuses,através destas vozes, tem acesso a todo o conhecimento, no entanto não é capaz de definir seu destino. Na Não-Ilha, o agora traficante, construiu um império que devora um país;
- Akin, um príncipe da Terra-Quente; que quando enviado em missão do outro lado do oceano, domina a diplomacia mas, não tem controle sobre seus próprios pesadelos. Na Não-Ilha, o agora escravo, perdeu seu sangue real e tenta sobreviver ao inferno;
- Aritana, uma desbravadora obcecada pela travessia do grande mar, parte a serviço dos Grandes Conselhos em busca de algo que não compreende. Na Não-Ilha, o agora guerreiro tenta salvar o que resta de seu povo.
A narrativa de “A Não-Ilha” ocorre em duas realidades: A primeira, uma jornada por um não-mundo fantástico no qual os povos das Américas atravessaram o grande mar, e onde carne, natureza e lendas se misturam. E uma segunda, que transcorre numa viagem investigativa em busca dos demônios que atormentam o Brasil real.
Para essa segunda realidade, é apresentada uma antologia de histórias correlatas sobre as forças que criaram o Brasil, e as violências que moldaram o que se tornou: uma terra isolada, supersticiosa e sob a égide do medo e do autoritarismo. Terra de um povo que apagou a sua história enquan deto a repetia, dia após dia.
Com isso, A Não-Ilha é uma mistura de ficção e realidade, conectando contos fantásticos a um realismo de tons jornalísticos que mergulha na dura existência de um povo sofrido e esquecido, sendo assim, uma crítica social criada através de elementos de fantasia.
O livro pode ser adquirido através do site da Editora Telha.
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*Crédito da foto destaque: reprodução/ Editora Telha/ capa do livro A Não-Ilha.