Resenha | Delibal nos ensina que, às vezes, amar é deixar ir

O filme conta uma história de amor que seria bela se não fosse trágica

 

[Contém spoiler]

 

Estrelado pelo incrível Çağatay Ulusoy e por Leyla Lydia Tuğutlu, Delibal é uma recente descoberta da autora que vos fala (apesar de o filme em si ser de 2015). Há alguns anos na “dizilândia”, eu não me aventurava muito pro lado dos filmes, até receber a indicação dessa história, que vai curar corações românticos só para despedaçá-los depois. 

Delibal conta a trajetória de dois jovens universitários apaixonados, que nunca experienciaram tamanha sensação avassaladora que é o amor. Porém, nem todo amor é belo, e não há garantia de que o final dessas histórias vai ser feliz. Para o jovem casal, o “até que a morte nos separe” veio cedo demais.

O desfecho da trama é claro desde seu início (está até mesmo na sinopse do filme). Mesmo sabendo disso, uma coisa é certa: você ainda vai sentir toda a emoção dessa bonita e trágica história e querer acreditar, até o último minuto, em um final feliz.

O filme já começa nos apresentando seus protagonistas e a cronologia no tempo presente. Um dia normal de um casal que compartilha mais que só nomes, compartilha uma casa e uma vida. Conhecemos Barış (Çağatay Ulusoy), depois Füsun (Leyla Lydia Tuğutlu) e, aos poucos, vamos conhecendo suas histórias.

Delibal conta a história de um jovem universitário de arquitetura, Barış, que em seu tempo livre é baterista de uma banda com seus amigos. Barış usa a música como hobby, e também como escudo para uma doença que domina sua vida: o transtorno de bipolaridade. 

Apaixonado por viver intensamente, Barış se vê hipnotizado por Füsun, uma estudante de ciências sociais que só quer focar em terminar seus estudos e fazer um mestrado na América. No início, ela não quer saber do moço, mas logo seus esforços para desviar-se dessa paixão se mostram inúteis.

Após a resistência inicial de Füsun, que estava preocupada com seus estudos, ela cede à paixão do insistente e romântico Barış, e eles começam a se ver. Aos poucos, eles começam a compartilhar suas vidas. Entre discussões e gestos de carinho, essas duas almas se completam.

A cada gesto do protagonista, você sente o amor profundo que ele nutre pela mocinha. E Füsun não fica atrás: a cada dia ela percebe que, de fato, não poderia viver sem Barış. Quem assiste se questiona: um amor tão puro poderia curar uma mente transtornada?

Apesar de compartilharem a vida, Barış nunca teve coragem de contar à amada que era bipolar. Ele escondia sempre que podia, e, quando deixava suas crises escaparem na frente de Füsun, logo se recompunha. As únicas pessoas que sabiam eram sua família e amigos.

Apesar de tomar a medicação ocasionalmente, Barış não se sentia bem. Apenas Füsun o fazia se sentir melhor, mas sua constante alteração de humor, inclusive na presença dela, o assustava. Ele tinha medo de machucar a esposa, até que, um dia, seu transtorno vence a batalha.

Delibal, apelido carinhoso que Füsun deu para Barış, era imprudente. Mas nunca tinha sido tanto. Füsun não achava que ele seria capaz de cometer tamanha loucuramas ela não sabia das batalhas que ele vivia todos os dias.

Quando vai descobrindo, pouco a pouco, sobre a personalidade de seu par, a jovem tem que lidar com o choque e também com a dor da perda de seu grande amor.

Barış cortejou, conquistou e amou Füsun intensamente, mesmo sabendo que ela nunca poderia ser sua salvação. Ao contrário do que dizem, o amor não é a cura para tudo.

Um tempo depois, infelizmente, Delibal percebeu que não conseguiria proteger Füsun de quem mais temia: de si mesmo. Os esforços de Barış não eram mais suficientes para mantê-la em segurança.

Seu maior ato foi um sacrifício, que muitos podem pensar ser egoísta. Afinal, o que seria de Füsun? Ela abandonou seus sonhos pelo homem que amava para terminar assim?

Füsun era forte, Barış sabia que ela sobreviveria e ficaria muito melhor sem ele. Ele havia a libertado de uma vida conturbada, e agora poderia amá-la sem temer a machucar. 

Delibal (Mad Honey ou mel insano), é um mel raro e alucinógeno produzido pelas maiores abelhas melíferas das encostas do Nepal e da Turquia. É altamente tóxico e, apesar da promessa de ser curativo para algumas doenças, é a causa de muitos envenenamentos.

Assim como o mel insano em grande quantidade é veneno, ter muito de Barış, o Delibal, também era. E assim, Barış se despede do seu amor e dos espectadores, em uma sequência que intercala as cenas do momento mais triste do filme. 

 

O filme Delibal, lançado em dezembro de 2015 nos cinemas turcos, é dirigido por Ali Bilgin e distribuído pela produtora Ay Yapım.

 

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*Crédito da foto de destaque: Divulgação

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