Resenha | Teen Wolf: O Filme remexe no passado há tempos enterrado de Beacon Hills

A volta para Beacon Hills foi nostálgica, apesar de bastante previsível

 

[Contém spoiler]

 

Seis anos depois da finale que deixou uma legião de fãs aos prantos, Teen Wolf, série que foi um fenômeno da MTV, retornou às telas no formato de longa-metragem para dar um desfecho desnecessário à uma história que já havia tido seu final declarado. Com o roteiro novamente nas mãos de Jeff Davis, nós voltamos à Beacon Hills após 15 anos da morte de Allison Argent (Crystal Reed) para enfrentar um tormento bastante familiar: a volta do Nogitsune, o vilão que aterrorizou a alcatéia na terceira temporada. Scott McCall (Tyler Posey), agora sem Stiles Stilinski (Dylan O’Brien) ao seu lado, reúne alguns dos personagens mais importantes ao longo de seis temporadas para responder a um chamado sobrenatural. A volta dos mortos de Allison e um misterioso homem encapuzado prometem um enredo de bastante suspense, mas entregam um desfecho decepcionante e previsível. Com a reabertura da história, o confuso roteiro muda desfechos (para a tristeza de alguns fãs), deixa perguntas importantes sem resposta e abre espaço para a continuação da trama em um segundo filme da franquia. 

 

O reencontro com os personagens

O filme se inicia no Japão, e logo na primeira cena reconhecemos um personagem recorrente das três últimas temporadas: o beta Liam (Dylan Sprayberry), transformado por Scott na 4ª temporada da série. Mais velho e dono de um bar, reencontramos Liam longe do seu fiel escudeiro Mason e com uma nova amiga, Hikari (Amy Lin Workman). A nova personagem introduzida logo no começo se mostra uma arma crucial para o enredo uma poderosa kitsune e guardiã do pote que aprisiona o temível espírito do nogitsune. Já nas primeiras cenas do longa, vemos uma pseudo-‘batalha’ quando um homem encapuzado vai até o bar em busca deste pote e desperta a curiosidade do espectador. Entre essas cenas, também nos encontramos com Scott, conhecendo sua vida atual e descobrindo que alguns fantasmas de seu passado ainda o assombram. 

 

Ainda nas primeiras cenas do filme, vemos Scott em uma conversa com Dr. Deaton (Seth Gilliam) e Chris Argent (J.R Bourne), onde chegam a uma conclusão pouco explicada que servirá como a desculpa para o roteiro trazer a personagem Allison de volta. A personagem, que saiu de cena na terceira temporada da série, aparentemente não morreu; em vez disso, ela está em um profundo limbo, entre a vida e a morte. A pergunta do espectador é a mesma que o personagem faz no filme, “porque isso só se manifestou após 15 anos?”. Por falta de maiores explicações, ficamos com nosso próprio achismo. Vemos o reencontro entre Scott, Lydia (Holland Roden) e Malia (Shelley Hennig) quando o alfa convoca as garotas para realizar um ritual, que acaba trazendo resultados inesperados. A banshee e a coiote, nessa altura, já haviam sido introduzidas no filme, cada uma levando a sua vida adulta perfeitamente mundana e nada sobrenatural. 

 

Algumas coisas não permanecem o mesmo

Outro personagem que retorna para ser totalmente injustiçado é o alfa que anos depois ainda arranca suspiros de todes nós, Derek Hale (Tyler Hoechlin). Mas agora com uma novidade: Derek é pai. Seu filho, Eli (Vince Mattis), introduzido ainda no começo do filme, é uma cópia quase descarada dos trejeitos do nosso querido Stiles e totalmente o oposto do seu pai Derek, que se esforça para ter uma boa e saudável relação com o filho. Quanto à mãe de Eli? Outro mistério que só Jeff Davis poderia nos responder, já que a mulher não possui uma única menção no filme. Ainda no tópico Hale, vemos a volta do insofrível e convencido Peter Hale (Ian Bohen), que foi tratado como um mero coadjuvante no longa. Apesar de ainda tentar tramar como o bom anti herói que é, ele tem muito pouco tempo de tela e uma participação apagada no enredo. 

 

Foto: Divulgação

 

Outro personagem que retorna depois de sua saída na segunda temporada é Jackson (Colton Haynes), também colocado para ser mais um coadjuvante na trama. Esperávamos muita coisa quando vimos Colton de volta ao elenco, mas as expectativas não foram minimamente atingidas. Além dele ter uma entrada pouco triunfal em cena, foi como se tivessem trazido o lobo de Londres para ser somente um alívio cômico falho entre os personagens. O pico de sua participação certamente foi quando Jackson encorajou a banshee Lydia a gritar para que Allison se lembrasse do passado, em um paralelo mais que emocionante com a cena que tirou a vida da jovem Argent na série. Apesar de ser muito bem um ser sobrenatural, a passagem de Jackson no filme não poderia ter sido mais mundana. 

 

Já no tópico amizade, a tão aguardada reunião entre Lydia e Allison aconteceu em uma cena corrida e nada emocionante para quem esperou por anos o reencontro das besties. A forte amizade entre Lydia e Jackson foi outro tema que veio como surpresa, assim como a ruptura da dupla dinâmica Liam e Mason, que nem sequer trocaram uma palavra no filme. Quanto ao Stiles, nosso querido humano sobreviveu a lobisomens, raposas do mal e cavaleiros fantasmas, só não sobreviveu à amargura de Jeff Davis, que o ignorou quase que completamente durante todo o filme. Foi como se sua história (e cenas) tivessem sido totalmente apagadas, igual quando o personagem foi levado pelos cavaleiros fantasmas na sexta temporada. As únicas menções de Stiles aconteceram quando Lydia foi obrigada a contar o motivo do término de #Stydia e ao mencionarem o seu famoso Jeep, cujo novo dono é Eli. 

 

Apesar do filme ter quase três horas de duração, parece que assistimos a uma grande enrolação. A vontade de reviver uma história já contada e encontrar novas razões para recontá-la colidem de uma forma quase absurda e totalmente desnecessária, o que só podemos atribuir ao fato de que todo esse rolo só aconteceu para trazer de volta um personagem: Allison Argent. Tudo girou confusamente em volta de Allison, que inicialmente estava desmemoriada e parcialmente manipulada pelo Nogitsune (mas não da forma que vimos o Stiles na série). Bastou um piscar de olhos para ela se transformar em mocinha de novo. Parece que o roteiro tentou misturar a criação de uma verdadeira antagonista tentando manter a essência da Allison que vimos na terceira temporada, e não deu muito certo. O arco pareceu incompleto, beirando ao insignificante. Com Allison de volta à personalidade de mocinha, sobrou apenas o Nogitsune. O que um dia foi o maior vilão da série retornou para um enredo reciclado e muito inferior ao que ele merecia. Bom para os personagens, né?! 

 

Para os amantes da série, vai ser necessário relevar e *esquecer* muita coisa na hora de dar uma chance para essa nova trama dos lobinhos. Agora se você é novo na área, quiçá nem assistiu a série (tá perdendo!), pode simpatizar com a trama e aproveitar o filme, apesar da construção fraca e superficial do enredo. Desde o começo fica claro que o filme não busca dar uma razão ou explicação sólida para a história estar acontecendo (e nem honrar a linha do tempo da série). Teen Wolf: O Filme é uma história contada puramente por diversão e nostalgia, com o pretexto perfeito para explorarem um novo caminho para a trama em cima de um roteiro já conhecido.

 

Teen Wolf: O Filme já está disponível na plataforma de streaming Paramount+.

 

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Crédito da foto em destaque: Divulgação

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