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Bruxas: documentário sobre saúde mental pós-parto chega em breve ao streaming

Produção aborda o estigma da depressão e ansiedade feminina através da representação da bruxaria

Dirigido por Elizabeth Sankey de Romantic Comedy (2019), o documentário Bruxas chega ainda em novembro ao streaming. A produção aprofunda a questão da saúde mental no pós-parto, enquanto faz conexões inesperadas e convincentes com a história, representação das bruxas no período ocidental e a questão cultural.

O filme acaba de receber a indicação ao prêmio British Independent Film Awards – o BIFA, nas categorias de Melhor Documentário e Maverick Raindance (categoria dedicada a produções com orçamento inferior a 1 milhão de libras). A cerimônia de premiação está prevista para o dia 8 de dezembro.

Imagem do documentario bruxas, com uma mulher vestida de roupa de época na floresta
Foto: divulgação/MUBI

Elizabeth Sankey ganhou destaque após o longa-metragem aclamado, Romantic Comedy, de 2019. Agora, a diretora utiliza o talento com ensaios em vídeo para mergulhar nas próprias experiências com a depressão e ansiedade no período pós-parto.

Sankey precisou ser internada em uma ala psiquiátrica logo após o nascimento do filho. Por isso, a cineasta utiliza da experiência pessoal para entrelaçar a narrativa com filmagens históricas. Entrevistando médicos, historiadores e companheiras em sofrimento, o filme constrói um coven de mulheres a fim de resgatar suas histórias.

Confira o trailer:

O documentário Bruxas traz à tona, de forma diversa, uma perspectiva sobre como mulheres que carregam problemas de saúde mental foram incompreendidas e estigmatizadas com o passar do tempo.

Bruxas estará disponível na MUBI a partir de 22 de novembro.

 

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Texto revisado por Laura Maria Fernandes de Carvalho

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Crítica | Todo Tempo que Temos

Carisma de Andrew Garfield e Florence Pugh encanta trama sem muitas novidades

Quantos filmes sobre amor e dramas com doença existem? Talvez o maior marco da geração recente seja o inesquecível A Culpa é das Estrelas (2014), inspirado no livro de John Green e provocador de muitos lencinhos úmidos e fungadas nas salas dos cinemas. Por isso, com o passar do tempo, o quase subgênero de romance se deixou cair na previsibilidade, e levantou a dúvida sobre ainda ser possível fazer filmes com a mesma premissa. Todo o Tempo que Temos mostra que sim.

Sinopse do filme

O longa de John Crowley (Brooklyn, 2015) mostra o encontro inesperado entre Tobias (Andrew Garfield), um recém divorciado com o coração partido, e Almut (Florence Pugh), uma chef ambiciosa e prestes a inaugurar seu restaurante de alta gastronomia. A trama acompanha os dois desde o instante em que se conhecem, perpassando por momentos importantes da vida adulta. Um deles, a descoberta de uma doença incurável em Almut.

Foto: reprodução/IGN

A partir disso, o filme se concentra em como Tobias e Almut lidam com a nova situação e quais decisões eles resolvem tomar dali em diante, tanto entre os dois e a família que construíram, quanto para si mesmos. Com uma narrativa não-linear, o filme usa dos saltos temporais para contar uma história de amor, com imprevisibilidades e escolhas difíceis.

 “Com Florence, fui a lugares que nunca teria ido com outro ator”

É o que disse Garfield em uma entrevista sobre o filme. Portanto, Todo Tempo que Temos não conta nada de novo para o público. Mesmo assim, a escolha de Andrew Garfield e Florence Pugh como protagonistas foi certeira. Os atores já tem um carisma sólido na indústria, com Garfield desenvolvendo um estilo próprio e Pugh carregando uma personalidade forte em cada papel. Por isso, não foi difícil para os dois encarnarem um casal no longa. Mas, sem dúvidas, a química gerada foi surpreendente.

Foto: reprodução/IGN

A presença de tela do casal é tão marcante que não são necessários muitos coadjuvantes para sustentar a narrativa. O espectador se vê envolvido com a história de Tobias e Almut, e a entrega dos atores é verdadeira o suficiente para tornar a trama emocionante, mesmo que batida. Inclusive, os personagens são tão presentes que cada escolha que eles tomam para si importa, mesmo que discordâncias iniciais surjam. No fim, o longa abraça a possibilidade de sonhos e decisões.

Enredo não-linear

Além disso, a montagem não-linear do longa foi um recurso inteligente de John Crowley, e mostra que o diretor entende o fato da história não carregar uma premissa original. Dessa forma, o que poderia ter se tornado o plot do filme, na verdade, é destrinchado na trama e chega a assumir uma posição secundária em alguns momentos. O foco do filme está na relação dos personagens e na forma como eles se envolvem e envolvem o público. Afinal, a história que Crowley quer contar não é sobre doença, e sim sobre amor.

Foto: reprodução/IGN

E é esse o grande ponto que faz Todo o Tempo que Temos se tornar bonito. Mesmo com o assunto da doença sendo a mão que empurra a bicicleta para ele andar, o filme não se limita ao básico das rodinhas da tristeza e da tragédia para garantir um sustento confortável, e sim busca contar uma história sobre amor, cumplicidade e, sobretudo, respeito às escolhas individuais.

Todo Tempo que Temos chega aos cinemas brasileiros em 31 de outubro.

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Texto revisado por Karollyne de Lima

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Do slasher ao cósmico: glossário dos subgêneros do terror

Uma lista com os diferentes estilos de filmes de horror e indicações para assistir

O terror é um dos principais gêneros do cinema e da literatura há mais de um século. Por isso, por mais que algumas pessoas prefiram passar longe de produções amedrontadoras, outras são verdadeiras amantes do horror, e dedicam parte da vida para apreciar produções dos mais variados estilos que o gênero pôde proporcionar ao longo de sua existência.

E em mais de 100 anos de história, o terror adquiriu muitos subgêneros que, com o tempo, também se subdividiram em outras temáticas ainda mais específicas. E cada subgênero é dotado de um universo de narrativas, características e propostas. Dessa forma, aqui está um glossário dos principais subgêneros do terror, todos eles com indicações para quem quiser enriquecer a lista de filmes da spooky season.

cena de o massacre da serra eletrica, terror gore, um dos subgeneros do terror
Foto: reprodução/Flim/O Massacre da Serra Elétrica (1974)
Começando pelo básico

Antes de tudo, é importante entender mais a fundo a diferença entre terror, horror e suspense. Por mais que os termos pertençam à mesma esfera, eles se referem a diferentes momentos e sensações.

Terror: uma sensação que provoca medo e é capaz de aterrorizar, muitas vezes por conta de uma expectativa de algo assustador. O terror está na apreensão e no medo do desconhecido. É aquele desconforto que sentimos antes do jump scare.

Horror: é o efeito do medo causado após o terror. Ele surge depois que o terror passa, e no momento em que acabamos de observar ou vivenciar algo horrível. Muitas vezes, está atrelado aos sentimentos de abominação por algo repugnante. É o famoso “que horror!”.

Suspense: anda em conjunto com o thriller, e pode ser entendido como um elemento utilizado para dar tensão à história. O suspense está muito atrelado à atmosfera do filme, e não exatamente uma sensação que sentimos.

Todos os três são ferramentas de construção do medo.

cena de hereditario, terror sobrenatural, um dos subgeneros do terror
Foto: reprodução/Flim/Hereditário (2018)
Vamos ao que interessa: glossário dos subgêneros do terror
Terror sobrenatural

Um dos principais subgêneros do terror, e arrisco dizer que é um dos que mais amedronta o público. Isso acontece porque o sobrenatural envolve elementos que vão além da explicação, e que não costumam ter uma forma física, como o paranormal.

Nesse campo estão seres demoníacos, espíritos, fantasmas, maldições etc. Em outras palavras, tudo aquilo que nos faz dormir com a luz acesa durante a noite. Algumas indicações de terror sobrenatural são: Sobrenatural (2010), Invocação do Mal (2013) e O Exorcista (1973).

Indicação para fugir do óbvio: A Casa Sombria (2020). Um achado no catálogo da Disney+.

cena de o exorcista, terror sobrenatural, um dos subgeneros do terror
Foto: reprodução/Flim/O Exorcista (1973)
Terror adolescente/Teen

Esse é aquele para você questionar a inteligência do adolescente que ouve um barulho e vai verificar o que é. O subgênero de terror teen engloba todos os filmes que estão ambientados no universo adolescente e universitário.

Grande parte das produções são sobre um assassino que ameaça a integridade dos jovens, mas também é possível encontrar outras temáticas que envolvem diretamente a essência da juventude. Por isso, está liberado desde serial killers até demônios, vampiros, ETs… Algumas indicações de terror adolescente são:  a trilogia Rua do Medo (2021), A Babá (2017) e A Hora do Pesadelo (1984).

Indicação para fugir do óbvio: Raw (2016). Nada melhor do que se descobrir na juventude experimentando coisas novas. Vegetarianos, passem reto.

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Foto: reprodução/Flim//A Hora do Pesadelo (1984)
Slasher

O reizinho dos subgêneros de terror! O slasher são todos os filmes com um enredo centrado em um assassino psicopata que persegue e mata um grupo de pessoas, geralmente jovens.

O slasher teve seu auge nas décadas de 70 e 80, mas permanece vivo mesmo após algumas crises do terror. O subgênero nunca perde a fama, e cada era tem um mascarado favorito. Alguns filmes slasher são: Pânico (1996), O Massacre da Serra Elétrica (1974), Halloween (1978) e Sexta-feira 13 (1980).

Indicação para fugir do óbvio: Noite do Terror (1974).

cena de panico, slasher, um dos subgeneros do terror
Foto: reprodução/Flim//Pânico (1996)
Gore/Splatter

Sangue, sangue e mais sangue. O gore é conhecido por retratar de forma gráfica o sofrimento através da violência física. Aqui, o conceito de horror trabalha muito para transmitir a reação visceral do público.

O splatter ganha ainda mais destaque quando capricha nos efeitos práticos, e o subgênero tem voltado com tudo para os cinemas nos últimos anos depois de ter uma ascensão no início dos anos 2000. Alguns exemplos de gore são: Jogos Mortais (2004), O Albergue (2005) e Terrifier (2016).

Indicação para fugir do óbvio: Fome Animal (1992). Esse pode ser além da conta no gore. Por isso, vá com o estômago vazio, e não diga depois que não avisei.

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Foto: reprodução/Flim/O Albergue (2005)
Body horror

Se assemelha muito ao gore (e pode ser entendido como uma ramificação do já ramificado subgênero), porém o body horror tem a proposta de explorar mais o corpo humano através da mutilação, deformação ou transformação.

O subgênero está em alta após o lançamento de A Substância (2024), então isso pode ser o momento perfeito para explorar a temática, que provoca o horror através da sensação de aversão. Algumas indicações são: Titane (2021), A Mosca (1986) e Martyrs (2008).

Indicação para fugir do óbvio: Crimes do Futuro (2022). Muitos não curtem a trama do filme, mas é impossível negar que o body horror está com tudo.

cena de crimes do futuro, body horror, um dos subgeneros do terror
Foto: reprodução/Flim//Crimes do Futuro (2022)
Found footage

O found footage é o preferido de muitos fãs do terror, e tem uma temática de filmagens encontradas que trazem realismo à história. São câmeras tremidas, ângulos amadores e uma narrativa dotada de espontaneidade para fazer o público duvidar sobre a veracidade.

Hoje em dia é um subgênero produtor de muitos filmes clássicos, mas muitos outros não tão bons assim. O found footage teve seu auge nos anos 2000, mas ainda é possível encontrar boas produções que ainda conseguem transmitir medo. Alguns exemplos do subgênero: A Bruxa de Blair (1999), REC (2007), Atividade Paranormal (2007) e Creep (2014).

Indicação para fugir do óbvio: Marcas da Maldição (2022). Um ótimo achado que estava às escondidas na Netflix.

cena de creep, found footage, um dos subgeneros do terror
Foto: reprodução/CinePOP/Creep (2014)
Thriller

Muita gente acredita que o thriller pode não se enquadrar dentro do gênero terror, mas ele merece um espacinho especial por aqui, já que muitos filmes utilizam do suspense para criar ainda mais tensão na trama.

Apesar do próprio thriller ser um termo guarda-chuva para muitos outros temas ainda mais específicos, o foco principal é a criação de uma atmosfera desconfortável pelo perigo iminente. Alguns filmes nesse subgênero são: Fresh (2022), Suspiria (1977) e Corra (2017).

Para fugir do óbvio: O Convite (2015).

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Foto: reprodução/Flim//Suspiria (1977)
Terror trash

Começou se referindo a filmes toscos, marcados por temas vulgares. Porém, o trash se ressignificou com o tempo, e hoje caiu nas graças do público, principalmente da galera mais cult.

Com estética grotesca de forma proposital, o subgênero costuma conter filmes experimentais e de baixo orçamento, que desafiam o domínio do exagero, do gore e de efeitos práticos. A ideia é conseguir contar uma história e, de fato, fazer cinema com poucos recursos.

Por isso, o trash pode levantar críticas sociais e envolver temas considerados tabus na sociedade, tudo isso sem abrir mão daquilo que é propositalmente ruim. E precisa ser com a intenção, porque do contrário, um filme ruim é apenas um filme ruim. Alguns exemplos são: Uma Noite Alucinante (1981), Arraste-me Para o Inferno (2009) e Sharknado (2013).

Indicação para fugir (mais) do óbvio: House (1977).

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Foto: reprodução/Flim/Uma Noite Alucinante (1981)
Terror psicológico

Sem dúvidas, o terror psicológico é um dos subgêneros mais explorados na última década. O foco aqui está nas emoções, na mente e no estado psicológico das personagens. Para alguns espectadores, o terror psicológico pode ser tedioso; para outros, são obras primas.

O desconforto do subgênero está na exploração de medos internos, e geralmente coloca as personagens para duvidar da própria realidade e acreditar que estão beirando a insanidade. Alguns filmes de terror psicológico: Mãe! (2017), Boa Noite, Mamãe (2014) e Hereditário (2018).

Indicação para fugir do óbvio: Ao Cair da Noite (2017).

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Foto: reprodução/Flim/Boa Noite, Mamãe (2014)
Terrir/Comédia de terror

O terrir pode ser entendido como uma paródia do gênero terror. Marcado pelo humor intencional e jump scares caricatos, o subgênero tem o objetivo de satirizar elementos tradicionais dos filmes de terror.

O nome, que faz junção do “terror” com “rir”, engloba não apenas as paródias de filmes de terror, como também aqueles filmes de terror com características cômicas e personagens caricaturados. O subgênero é a pedida perfeita para reunir os amigos na noite de Halloween. Alguns exemplos: A Babá (2017), Freaky (2020) e Todo Mundo em Pânico (2000).

Indicação para fugir do óbvio: O Que Fazemos nas Sombras (2014).

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Foto: reprodução/Flim/O Que Fazemos nas Sombras (2014)
Monstros

O subgênero tem um quê de ficção científica, e se concentra em criaturas fantásticas, deformações extraterrestres e seres de mitos e folclores. Ele pode gerar medo a partir da materialização dos nossos pavores de infância.

E os filmes de monstros podem englobar palhaços, ETs, zumbis, criaturas gigantes e mais. O subgênero existe desde os primórdios do cinema, com Frankenstein e Drácula. Outros exemplos de filmes que abordam monstros: Cloverfield (2008), It-A Coisa (1990) e Um Lugar Silencioso (2018).

Indicação para fugir do óbvio: Abismo do Medo (2005). Se você não tem claustrofobia, passará a ter.

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Foto: reprodução/CinePOP/Abismo do Medo (2005)
Terror cósmico

De longe, um dos subgêneros mais complexos do terror. O terror cósmico explora o medo do desconhecido e a ideia de insignificância do ser humano diante da imensidão do universo e do cosmos. É um dos subgêneros de maior profundidade, que debate temas existencialistas e as apreensões contemporâneas.

O subgênero surgiu na literatura com livros de H.P. Lovecraft, um dos maiores escritores do século XX e conhecido como o pai do horror cósmico. Por isso, o terror cósmico também é chamado de terror lovecraftiano ou cosmicismo. Alguns filmes do subgênero são: O Enigma de Outro Mundo (1982), Aniquilação (2018) e A Cor que Caiu do Espaço (2019).

Indicação para sair (mais) do óbvio: À Beira da Loucura (1994).

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Foto: reprodução/Flim/A Cor Que Caiu do Espaço (2019)
Terror folclórico/Folk horror

Um dos gêneros mais queridinhos dos últimos anos, mas que existe desde o início da década de 70. O folk horror explora o medo a partir de crenças, tradições e rituais antigos, muitas vezes relacionados à culturas isoladas e pagãs.

No subgênero, o confronto está no choque cultural e na diferença entre o moderno e o antigo. Ele aborda temas de sacrifícios, e a ambientação precisa estar em destaque para criar uma atmosfera de estranheza e bizarrice. Alguns filmes de terror folclórico são: Midsommar (2019), A Bruxa (2016) e A Vila (2004).

Indicação para fugir do óbvio: O Homem de Palha (1973). O longa praticamente trouxe o folk horror à tona. Por isso, já vá sabendo o ambiente em que está pisando.

cena de midsommar, folk horror, um dos subgeneros do terror
Foto: reprodução/Flim/Midsommar (2019)

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Texto revisado por Karollyne de Lima

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Crítica | Sorria 2

Sequência com Naomi Scott não traz novidades, mas é frenético do início ao fim

O sucesso de bilheteria de filmes de terror pode não ser sinônimo de uma produção de qualidade, mas sem dúvidas faz brilhar os olhos e os bolsos dos produtores para uma possível sequência. E foi o que aconteceu com Sorria, o longa de 2022 que chegou às telonas dividindo opiniões do público e da crítica.

Apesar de alguns defeitos, o primeiro filme agradou grande parte dos espectadores, e agora ganha uma sequência que ousa explorar o gore, um subgênero caracterizado por cenas violentas, com muito sangue, vísceras e restos mortais, com mais intensidade, se tornando mais psicológico. Porém, Sorria 2 se sente tímido em criar algo totalmente novo e independente.

naomi scott em sorria 2
Foto: divulgação/Paramount Pictures
Sinopse de Sorria 2

A sequência acompanha a cantora pop mundialmente famosa Skye Riley (Naomi Scott), recém saída da reabilitação e ainda se recuperando de um acidente sofrido há um ano. Prestes a começar uma turnê, Skye passa a experienciar acontecimentos bizarros e sem explicação.

Se sentindo cada vez mais pressionada pela escalada de horrores e pela fama, a artista precisa lidar com pesadelos do seu passado para tentar recuperar o controle da própria vida, antes que ela perca completamente a noção de realidade.

sky riley e gemma, de sorria 2
Foto: divulgação/Paramount Pictures
Atmosfera de suspense em Sorria 2

Com uma abertura frenética, a sequência mostrou que veio com um propósito. Iniciando pouco tempo após o encerramento do primeiro longa, a sequência constrói uma trama que alcança a protagonista, uma artista super famosa e, portanto, inacessível, de forma inteligente. Os efeitos sonoros também criam uma atmosfera de tensão magistral, que torna qualquer elemento na cena digno de desconfiança.

Além disso, todo o suspense também é sustentado pelo ótimo controle de câmera, com ângulos desconcertantes, que viram do avesso e deixam um espaço à espreita, como a pulga atrás de uma orelha. Dessa vez, Sorria 2 propõe um mergulho na insanidade da protagonista, e tudo o que compõe a cena parece acompanhar esse pensamento.

lewis, de sorria 2
Foto: divulgação/Paramount Pictures
Naomi Scott afundada na loucura

A atriz e cantora britânica tem seu talento duplo explorado nessa sequência, e também ajuda a compor a trilha sonora do filme — que, por sinal, está com músicas autorais impecáveis e já disponíveis nas plataformas de streaming. Em Sorria 2, a protagonista vivida por Scott tem a percepção de realidade colocada à prova quando eventos insanos começam a acontecer, e ela precisa encontrar um ponto de equilíbrio para diferenciar o real do ilusório.

Por isso, a sequência explora o terror psicológico ao máximo, e a narrativa se torna um elemento subjetivo que caminha com a protagonista de acordo com suas confusões mentais, paranoias e dissociações da realidade. Portanto, em alguns momentos a trama se torna confusa, e parece se perder na imensidão de informações e linhas de raciocínio criadas pela cabeça perturbada de Skye Riley.

E, Naomi Scott entrega o que foi destinado à ela e à sua personagem. O filme trata mais profundamente a ideia do que é o mal ao redor, mas com a permanente dúvida de um possível estado de loucura de Skye, em especial por conta da pressão psicológica vivida por uma pessoa famosa, como perseguição de stalkers e agendas lotadas. Por conta disso, é possível até mesmo se distanciar da psique da protagonista por alguns instantes e perceber que ela está totalmente fora de si, mas por um motivo plausível.

naomi scott sendo aterrorizada em sorria 2
Foto: divulgação/Paramount Pictures
Equilíbrio entre psicológico e gore

Se no primeiro filme o público já é recepcionado com cenas de muito sangue, rostos cortados e mutilação, a sequência não deixa barato e testa os limites do cinema de terror mainstream mais uma vez. O gore está ainda mais intenso, com cenas gráficas e muito bem feitas. Além disso, o filme brinca com cenas explícitas e o uso do som, que desperta agonia mesmo quando mandíbulas quebradas não estão expostas na tela.

Inclusive, essa mescla do terror sobrenatural, psicológico e gore é uma característica do primeiro filme muito bem reaproveitada em Sorria 2. Parker Finn, diretor dos dois longas, entende o que fez sucesso e traz esses elementos em um enredo diferenciado com um quê de crítica social aos stalkers e à pressão que uma figura pública, à la Taylor Swift e Billie Eilish, sofrem da mídia e dos fãs.

Finn conseguiu desenvolver um bom enredo, mas faltou criatividade em alguns pontos da trama, em especial aquelas que repetem os mesmos erros do primeiro longa, e se tornaram motivo para alguns espectadores reprovarem o filme. Portanto, a sequência não é para todo mundo, tanto na questão das cenas gráficas, quanto pela recepção da primeira obra.

skye riley e ashley no novo filme de sorria
Foto: divulgação/Paramount Pictures
Vale a pena assistir a Sorria 2?

Prometendo ser um dos destaques do terror de 2024, Sorria 2 traz consigo muitas cenas agonizantes, jumpscares bem montados, um enredo atual e uma protagonista com presença de tela. Repaginando todo o elenco, o filme apostou em atores pouco conhecidos e se manteve em um certo conforto ao repetir elementos já presentes no universo de Sorria.

Apesar disso, Sorria 2 é ainda maior que o primeiro. E isso não apenas pelo cenário de caos instaurado no filme, mas também pela intensidade das cenas e pela profundidade psicológica que a trama escolhe seguir. Tudo é mais alucinante e visceral. Uma sequência exemplar que consegue o raro feito de ser ainda melhor que o original.

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Leia também: Herege, novo terror da A24, ganha trailer inédito

Texto revisado por Angela Maziero Santana

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Rodney Alcala: o serial killer por trás do filme A Garota da Vez

Longa com Anna Kendrick é baseado em famoso assassino dos anos 70

Alguma fã de true crime por aí? Pergunto porque o novo filme A Garota da Vez chega em breve aos cinemas. A produção dirigida e estrelada por Anna Kendrick, de A Escolha Perfeita (2012), se baseia na história real do serial killer Rodney Alcala, que participou de um famoso programa de TV de namoro nos EUA enquanto cometia uma onda de assassinatos na década de 70.

Anna Kendrick em A Garota da Vez
Foto: divulgação/Diamond Films
Quem é Rodney Alcala?

Alerta de possíveis gatilhos

Interpretado no filme por Daniel Zovatto, de Corrente do Mal (2014), Alcala foi um dos participantes do “The Dating Game”, reality show estadunidense de 1978. Porém, o que ninguém imaginava na época, era que o rapaz seria o responsável por uma série de assassinatos.

Rodney Alcala nasceu no Texas, em 1943. Aos oito anos, se mudou para o México com a família, mas logo em seguida sofreu o abandono do pai. Com isso, sua mãe decidiu levar ele e os irmãos para Los Angeles em busca de uma nova vida.

Aos 17 anos, Alcala se alistou ao exército, mas foi dispensado após receber o diagnóstico de Transtorno de Personalidade Antissocial (TPA) – popularmente conhecido como psicopatia. Por isso, decidiu estudar Artes na UCLA, e depois se mudou para Nova York para estudar Cinema na NYU, onde teve aulas com o famoso diretor Roman Polanski, de O Bebê de Rosemary (1968).

Daniel Zovatto como Rodney Alcala em A Garota da Vez
Foto: divulgação/Diamond Films

O primeiro crime conhecido de Alcala ocorreu em 1968, quando tinha 25 anos. O modus operandi do assassino consistia em usar da sua persuasão para convencer mulheres de que ele era um fotógrafo, e que gostaria de tirar fotos das vítimas para um suposto concurso. Segundo uma quase vítima de Alcala, identificada como Libby, o homem era alguém de fácil confiança: “Ele tinha uma maneira de se comunicar com as pessoas que realmente as deixava muito confortáveis”.

Em 2010, Rodney foi sentenciado à morte pelo assassinato de cinco mulheres, porém a suspeita é de que o serial killer seja responsável por mais de 100 crimes. Em 2013, sua sentença foi estendida após ser considerado culpado pelo homicídio de mais duas pessoas. 

Rodney Alcala faleceu na prisão, em 2021, por causas naturais.

Qual a trama do filme?

A Garota da Vez traz a atriz Sheryl Bradshaw (Anna Kendrick), que vive em Los Angeles e tem o sonho de reconhecimento por seu trabalho. Após tentativas falhas de conseguir sucesso pela atuação, sua agente sugere que Sheryl participe de um famoso programa de relacionamentos, o “The Dating Game”.

Rodney Alcala, Sheryl Bradshaw e outros participantes do The Gaming Show no filme A Garota da Vez
Foto: divulgação/Diamond Films

E é nesse momento que ela conhece Rodney Alcala (Daniel Zovatto), um dos participantes que irá disputar o coração da protagonista e que é um perigoso serial killer nas sombras da sociedade. A produção retrata não apenas o encontro de Sheryl com Rodney, como também alguns crimes cometidos pelo assassino.

O filme é o primeiro trabalho de Anna Kendrick como diretora, e chega aos cinemas nacionais em 10 de outubro.

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Leia também: Bailarina, estrelado por Ana de Armas, ganha trailer e data de estreia no Brasil

Texto revisado por Laura Maria Fernandes de Carvalho

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Covil de Ladrões 2: Gerard Butler volta como Big Nick em novo trailer

Sequência chega em breve aos cinemas brasileiros

O trailer de Covil de Ladrões 2 (Den of Thieves 2) acaba de ser revelado pela distribuidora. A sequência do filme de 2018 traz novamente Gerard Butler (300, 2006) no papel de Big Nick para o novo longa. Além disso, o filme também marca o retorno de Christian Gudegast na direção e roteiro do universo.

Confira o trailer oficial:

Covil de Ladrões 2 continua a história iniciada há seis anos, após Donnie (O’Shea Jackson Jr.) executar seu plano com sucesso e enganar a todos. Na sequência, ele planeja um novo assalto, com foco em diamantes, e mergulha no universo imprevisível e traiçoeiro dos roubos de pedras preciosas. Porém, o que Donnie não desconfia é que Big Nick está caçando-o por todo o continente europeu. Mas o antigo policial não tem o objetivo de prender Donnie: Big Nick quer entrar no esquema e se tornar bandido.

Confira o pôster do filme:

pôster oficial de covil de ladrões 2
Imagem: divulgação/Diamond Films

Covil de Ladrões 2 chega aos cinemas brasileiros em 25 de janeiro de 2025.

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Leia também: The Office: confira o trailer oficial da nova versão da série

Revisado por Cristiane Amarante

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Self-Portrait as a Coffee Pot: série de artista aclamado chega em breve ao streaming

De William Kentridge, produção aborda o processo criativo no contemporâneo

A série de filmes do aclamado William Kentridge chega em breve ao streaming. O artista sul-africano tem mais de 40 anos de carreira, permeados por desenhos animados para projeção, produções de escultura e teatro. Além disso, Kentridge também tem contribuições para filmes e produções de ópera.

Self-Portrait as a Coffee Pot é uma série com nove episódios que revela o processo criativo do artista no período de isolamento devido a pandemia de Covid-19. Inspirada no humor inovador do cinema do início do século XX, como o de Charlie Chaplin e de Dziga Vertov, a série é repleta de vinhetas distintas, mas conectadas entre si, com humor, filosofia, política e investigação. A produção exalta a liberdade do artista e o poder da imaginação, e evidencia a dificuldade encontrada com o isolamento e os espaços fechados da pandemia.

william kentridge fazendo uma obra de arte em self portrait as a coffee pot
Foto: divulgação/MUBI
Fazer arte nos dias de hoje

“Self-Portrait as a Coffee Pot é uma série feita para oferecer aos espectadores um senso de espírito de possibilidade, da perspectiva de um artista”, afirma William Kentridge. O artista destaca que existe um otimismo intrínseco no ato de pegar um pedaço de papel e transformá-lo em algo, no final. Ele acrescenta: “No fundo, esta é realmente uma série sobre o otimismo e o ato de fazer em si”.

A série foi filmada no estúdio de Kentridge, em Joanesburgo, durante e após a Covid-19. Além disso, é montada através de animações feitas à mão, colagens, música, performance e diálogos com colaboradores e sósias. A produção é um convite para o telespectador se aprofundar na intimidade do ambiente artístico e mergulhar nas descobertas sobre cultura, política e história, bem como conhecer as verdades complexas sobre a forma como a sociedade vive e pensa hoje, reveladas através da criação da arte.

Confira o trailer oficial:

Self-Portrait as a Coffee Pot chega no catálogo da MUBI em 18 de outubro.

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Texto revisado por Angela Maziero Santana

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Amores Solitários: filme ganha primeiras imagens e trailer oficial

Romance estrelado por Laura Dern e Liam Hemsworth chega em breve ao streaming

O novo romance Amores Solitários (Lonely Planet) acaba de ter o trailer oficial e as primeiras imagens divulgadas. Com direção de Susannah Grant (Erin Brockovich, 2000), o filme se passa nas paisagens marroquinas e é repleto de revelações pessoais cheias de profundidade.

Laura Dern e Liam Hemsworth atuando em Amores Solitários
Foto: divulgação/Netflix

Protagonizado por Laura Dern (Big Little Lies, 2019) e Liam Hemsworth (Jogos Vorazes, 2012), a trama conta a história de Katherine (Dern), uma escritora reclusa que vivencia um bloqueio criativo. Para tentar resolver o problema, ela decide ir para um retiro de escritores prestigiados, no Marrocos.

Personagens Owen e Katherine, de Amores Solitários
Foto: divulgação/Netflix

Lá, ela conhece o jovem Owen (Hemsworth) e os dois começam uma amizade que rapidamente evolui para um amor arrebatador. Juntos, Katherine e Owen embarcam em uma jornada envolvente e repleta de transformações, que só palavras não são capazes de definir.

Confira o trailer oficial:

Amores Solitários chega à Netflix em 11 de outubro.

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Texto revisado por Angela Maziero Santana

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A Máquina: série de crime e drama ganha trailer e pôster oficial

Produção mexicana com Gael García Bernal chega em breve ao streaming

Essa é para quem é fã de crime e drama! Isso porque A Máquina acaba de ganhar um trailer e um pôster oficial. A produção mexicana de seis episódios é estrelada por Gael García Bernal (Amores Brutos, 2000), Diego Luna (Andor, 2022) e Eiza González (Em Ritmo de Fuga, 2017), e tem um enredo dramático que envolve lutas, romances e o mundo do crime.

Confira o pôster oficial da série:

Pôster oficial da série A Máquina
Imagem: divulgação/Disney+
Sinopse

A série original conta a história de Esteban Osuna (Bernal), um pugilista decadente conhecido como “La Máquina”. Andy Luján (Luna), empresário e melhor amigo do boxeador, decide que é hora de trazer o brilhantismo de volta à carreira de Esteban. Porém, uma organização maligna entra em cena, e a luta de volta ao sucesso se transforma em uma cena do crime.

Enquanto Esteban corre atrás da recuperação da vida de pugilista, ele precisa lidar com os próprios demônios pessoais e proteger a família, inclusive sua ex-mulher Iracema (González), uma jornalista destemida que está prestes a encarar o lado sombrio do mundo do boxe.

Confira o trailer oficial:

Além dos protagonistas, a série também conta com Jorge Perugorría (Morango e Chocolate, 1993), Andrès Delgado (Pisando Fundo, 2022), Karina Gidi (O Eterno Feminino, 2017), Dariam Coco (Unfinished Affairs, 2022) e Lucía Méndez (Só Você, 1985).

A Máquina chega em 9 de outubro no Disney +.

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Texto revisado por Cristiane Amarante

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Cinema Entretenimento Notícias Resenhas

Crítica | Longlegs – Vínculo Mortal

Filme com Nicolas Cage tem atmosfera perturbadora

Após uma certa crise do terror na última década, o gênero vem dando sinais de recuperação nos últimos tempos, com A Morte do Demônio – A Ascensão (2023), Fale Comigo (2022) e outras produções que se destacaram. Por isso, a expectativa para Longlegs era alta, principalmente depois de uma campanha de tirar o chapéu. Nomeado publicitariamente como “o filme mais perturbador do ano”, o longa chegou trazendo um terror atmosférico que envolve o espectador de forma angustiante.

Longlegs traz a história de Lee Harker (Maika Monroe – Corrente do Mal, 2014), uma jovem agente do FBI escalada para lidar com um caso reaberto sobre um serial killer que se autointitula Longlegs, e que supostamente assassina famílias sem deixar vestígios. Trabalhando em conjunto com o agente William Carter (Blair Underwood – LA Law, 1994), Lee passa a analisar as evidências e busca por padrões que os levem até o assassino. Porém, conforme o caso anda, Harker descobre uma conexão pessoal com Longlegs.

Personagem Lee Harker em Longlegs
Foto: divulgação/Diamond Films

É impossível assistir ao filme sem se lembrar de O Silêncio dos Inocentes (1991) ou até mesmo Se7en (1995). Ambas as obras foram grandes marcos do cinema de suspense policial, e muitos filmes produzidos depois deles reciclaram elementos chave. E Longlegs é mais um nessa lista. O longa de Osgood Perkins (Corrente do Mal, 2014) vai na fonte dos seus precursores e tira do baú uma narrativa em que o protagonista precisa se aproximar de um assassino bizarro e, então, percebe o quão envolvido está com o caso. A fórmula pode até estar batida para alguns, mas ela ainda funciona bem.

A grande sacada de Longlegs está na construção da atmosfera. Perkins entendeu o que para alguns já parece simples: os jumpscares não são mais tão bem-vindos no gênero de terror. Por isso, o diretor se preocupa em elaborar uma atmosfera tomada pela desconfiança, em que o aterrorizante está nos arredores, na estranheza das personagens e em toda a essência do filme.

Evidência do assassino na parede em Longlegs
Foto: divulgação/Diamond Films

E essa atmosfera de tensão é sustentada pelos ângulos impecáveis. Aqui, Perkins trabalha em conjunto com o diretor de fotografia Andres Arochi para realizar posicionamentos de câmera com fundos de campo e espaços escuros. Nesse momento, o espectador projeta todos os seus medos e se torna uma figura ativa na construção do ambiente assombroso.

Além disso, a alternância de formatos de filmagem traz uma sensação claustrofóbica, e evidencia que o diretor tinha total controle sobre o que exatamente queria transmitir. Ainda sobre a estética, Longlegs usa – e abusa – dos filtros para criar um ambiente de tensão constante. Em alguns momentos, parece que tal aspecto ultrapassa o limite e torna a cena quase que artificial e a manipulação de imagem fica escancarada. Porém, passa longe de prejudicar a experiência do filme.

Blair Underwood como William Carter em Longlegs
Foto: divulgação/Diamond Films

Chegamos na hora de falar sobre o ponto alto de Longlegs: Nicolas Cage (Motoqueiro Fantasma, 2007). O ator interpreta o assassino que dá nome ao filme e afirma ter se inspirado na mãe, que sofria de esquizofrenia e depressão severa, para dar vida a Longlegs. Cage já passou por altos e baixos, tanto na carreira quanto na vida pessoal, e é certo o talento que ele tem para se dedicar a personagens complexos e que trazem estranheza e insanidade (vide Mandy, 2018). No filme, o ator está irreconhecível e traz um papel memorável que o leva à beira do limite mais uma vez.

O fato de não conseguirmos identificar Cage está muito atrelado à maquiagem e figurino do filme. Aqui, a equipe foi certeira ao construir um personagem assustador, mas realista. A figura do Longlegs se inclina para um bizarro, mas não passa a dose, o que traz um lado humano para o assassino (sem romantização, ok? Não estamos falando de romantizar, e sim humanizar).

Inclusive, Perkins faz questão de mostrar como ele é visto com desprezo por outras pessoas, que sequer têm noção de que ele é um assassino. A maquiagem e a narrativa criam um monstro marcante e assustador, mas ao mesmo tempo fraco, vulnerável e oprimido.

Maika Monroe e Nicolas Cage em Longlegs
Foto: divulgação/Diamond Films

Os personagens de Longlegs também são um ponto fascinante, porém – e infelizmente – pouco explorados. A mãe de Lee Harker, Ruth Harker (Alicia Witt – Duna, 1984), é uma figura extremamente interessante, mas pouco aprofundada. Além disso, o próprio roteiro do filme deixa a desejar ao se tornar superficial em assuntos que tinham muito potencial para serem desenvolvidos e trazerem mais complexidade à trama. E isso inclui lacunas como o que realmente está por trás dos feitos de Longlegs, por exemplo.

Longlegs já aparece como um dos destaques do ano e merece esse título. O filme tem uma atmosfera angustiante, que permanece do início ao fim. Em todos os elementos, personagens e falas há um ar sombrio, que gera um desconforto proposital. A crueldade é colocada em destaque, e mostra que o terror pode vir de qualquer um, ou mesmo estar no andar de baixo.

Personagem criança de Lee Harker de Longlegs
Foto: divulgação/Diamond Films

Longlegs está em cartaz nos cinemas.

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Texto revisado por Doralice Silva

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