A data recorda o marco internacional de luta e resistência das mulheres negras, reafirmando a urgência de combater o racismo e o sexismo ainda presentes na sociedade atual
O Dia Internacional da Mulher Negra, Latina e Caribenha é comemorado no dia 25 de julho. A escolha da data é uma homenagem às líderes comunitárias e ativistas do movimento feminista negro e latino-americano, como Tereza de Benguela, que liderou uma comunidade quilombola no Brasil no século XVIII, e a dominicana Minerva Mirabal, uma das Irmãs Mirabal, que se opôs à ditadura de Rafael Trujillo e se tornou símbolo de resistência e luta pelos direitos das mulheres.
A data busca dar visibilidade às questões específicas enfrentadas pelas mulheres negras, latinas e caribenhas, que muitas vezes são duplamente discriminadas e enfrentam desafios únicos relacionados à raça, ao gênero e à classe social. É uma ocasião para reafirmar a importância da luta contra o racismo, o machismo, a violência de gênero e outras formas de opressão que afetam essas mulheres, além de celebrar suas contribuições para a sociedade e a cultura. É também uma oportunidade para fortalecer a união entre as mulheres negras, latinas e caribenhas na busca por igualdade, justiça e reconhecimento de seus direitos.
Quem foi Tereza de Benguela?
Tereza de Benguela foi uma importante líder quilombola no Brasil colonial. Ela viveu no século XVIII, na região que hoje é o estado de Mato Grosso. Tereza, também conhecida como Rainha Tereza, foi uma figura significativa na história da resistência negra contra a escravidão. Ela era a líder do quilombo do Quariterê, um quilombo formado por escravos fugitivos que se estabeleceram em uma comunidade autônoma, onde buscavam viver livres da opressão e exploração dos senhores de escravos.
Tereza de Benguela liderou o quilombo com grande habilidade e determinação após a morte de seu companheiro, José Piolho, que era o líder anterior do quilombo. Sob seu comando, a comunidade quilombola prosperou e resistiu a diversas tentativas de repressão por parte das autoridades coloniais. Além de ser uma líder política e militar, Tereza era uma mulher com grande conhecimento sobre ervas medicinais e tradições culturais africanas, o que aumentava sua influência entre as pessoas do quilombo.
Infelizmente, a comunidade do quilombo do Quariterê foi destruída em 1770, em uma expedição liderada pelas forças coloniais. Tereza de Benguela foi capturada e nunca mais se teve notícias de seu destino após esse evento. Apesar do fim trágico do quilombo de Quariterê, ela é lembrada como uma importante líder quilombola que resistiu corajosamente à opressão e lutou por liberdade e justiça para seu povo. Seu papel na história do Brasil é reconhecido como uma representante valiosa da resistência negra e da luta contra a escravidão. Sua história também serve como símbolo de força e perseverança das mulheres pretas na história do Brasil.
Literatura e Mulheres Pretas
A literatura tem o poder de nos transportar para diferentes realidades, proporcionando insights únicos e ampliando nossa compreensão do mundo. No entanto, por muito tempo, a representatividade na literatura tem sido desigual, com vozes brancas e masculinas dominando o cenário. É fundamental, portanto, valorizar e reconhecer a relevância da literatura produzida por mulheres pretas.
A leitura de obras escritas por mulheres pretas proporciona uma maior representatividade na literatura. Elas trazem para suas páginas histórias e experiências que muitas vezes são marginalizadas ou pouco conhecidas, enriquecendo o universo literário com perspectivas únicas. Ao explorar temas como raça, gênero, identidade e classe social, essas autoras revelam a rica diversidade da vida humana e quebram estereótipos enraizados na sociedade.
As narrativas de autoras pretas desafiam estereótipos negativos, desconstruindo preconceitos e promovendo uma compreensão mais profunda e empática da experiência negra. Ao conhecer suas histórias, os leitores podem desconstruir ideias preconcebidas e preconceitos arraigados, contribuindo assim para o combate ao racismo. Ao apoiar e ler tais obras, estamos fortalecendo a voz das mulheres em geral. Esse apoio é especialmente relevante em um contexto em que as mulheres, sobretudo as mulheres pretas, enfrentam discriminação e desigualdades em diversos aspectos da sociedade. Valorizar suas histórias é uma maneira de impulsionar a equidade de gênero e promover uma sociedade mais igualitária.
Aqui estão algumas sugestões de livros escritos por mulheres pretas que são essenciais para conhecer e valorizar a diversidade literária. Confira!
1) Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus
Carolina Maria de Jesus, escritora brasileira, é autora do livro Quarto de Despejo, onde registrou suas vivências e reflexões enquanto catadora de papel.
2) Olhos D’água, de Conceição Evaristo
Conceição Evaristo, escritora brasileira, é autora de obras como Ponciá Vicêncio, Olhos D’Água e Becos da Memória.
3) Um Defeito de Cor, de Ana Maria Gonçalves
Ana Maria Gonçalves, escritora brasileira, é autora de Um Defeito de Cor, um romance histórico que narra a jornada de uma mulher negra africana escravizada no Brasil colonial.
4) Úrsula, de Maria Firmina dos Reis
Maria Firmina dos Reis foi considerada a primeira romancista negra do Brasil. Ela publicou em 1859 o livro Úrsula, considerado o primeiro romance abolicionista do Brasil.
5) Clara da Luz do Mar, de Edwidge Danticat
Edwidge Danticat, escritora haitiana, é autora de Respiração, Olhos, Memória e Clara da Luz do Mar.
6) Cartas para a Minha Mãe, de Teresa Cárdenas
Teresa Cárdenas Angulo, escritora, roteirista, atriz, bailarina e ativista social cubana. Sua motivação para tornar-se escritora veio ainda na infância, quando começou a ler e ficou frustrada com a ausência de personagens negras nos livros infantis. É autora de Cartas para a Minha Mãe, Cachorro Velho, entre outras obras.
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*Crédito da foto de destaque: Reprodução/F. Vallouton