No papo exclusivo do Clube do Entretê, no mês do Bibliotecário, mergulhamos em uma conversa fascinante com a Dra. e bibliotecária Fabiana S. de Andrade
Em um mundo digital onde a informação flui sem filtros, a figura do bibliotecário ressurge com uma importância renovada. Para entender como essa profissão se adapta aos desafios da tecnologia e se torna um baluarte contra a desinformação, o Clube do Entretê conversou com a Dra. e bibliotecária Fabiana S. de Andrade, uma especialista apaixonada pelo universo do conhecimento.
Confira, a seguir, uma conversa inspiradora que desmistifica a profissão de bibliotecário e nos mostra como ela continua vital para a construção de uma sociedade mais informada e crítica. E, claro, fique ligado para descobrir qual livro especial conquistou o coração dessa dedicada profissional!
Entretetizei: Em um mundo inundado de informações, especialmente nas redes sociais, como a biblioteca pode ajudar as pessoas a distinguir fatos de ficção?
Fabiana S. de Andrade: A biblioteca é um espaço que reúne os mais diversos tipos de informações que, antes de estarem disponíveis para o público, passam por algumas verificações como, por exemplo, análise da fonte, autoria, atualidade, qualidade do conteúdo, entre outras. Além disso, ela pode promover letramento informacional através de palestras, workshops e oficinas sobre verificação de fatos e uso crítico da informação.
E: Quais ferramentas e recursos a biblioteca oferece para promover o pensamento crítico e a alfabetização informacional?
F: As bibliotecas oferecem um vasto acervo de obras, periódicos e bases de dados, muitas vezes com acesso gratuito. Também podem disponibilizar formações específicas sobre como realizar pesquisas, identificar fontes confiáveis e ferramentas de otimização de análise de dados, além da promoção e incentivo de debates, clubes de leitura e rodas de conversa.
Já participei de projetos em que a biblioteca organizou clubes de leitura com palestras com especialistas, seguido por rodas de conversa que possibilitam conhecer o posicionamento dos participantes e esclarecer dúvidas sobre temas atuais. Além de promover campanhas de conscientização sobre o uso das redes sociais e divulgar fontes de informação confiáveis.

E: Quais são os maiores desafios que os bibliotecários enfrentam atualmente?
F: A profissão enfrenta desafios como a falta de reconhecimento da importância da profissão, diminuição de investimentos nos espaços que disponibilizam acesso livre à informação de qualidade e a rápida transformação digital.
E: Como a tecnologia está transformando a profissão de bibliotecário?
F: A tecnologia ampliou o papel da pessoa bibliotecária, que agora também atua como curadora digital, mediadora informacional e gestora de dados. Ferramentas como inteligência artificial, realidade virtual, redes sociais e bibliotecas digitais criaram novas oportunidades, mas também exigem capacitação contínua.
E: Quais habilidades um bibliotecário precisa ter para se destacar no futuro?
F: Habilidades em tecnologia, comunicação, curadoria e gestão de projetos e informação. O profissional do futuro também precisará de criatividade para inovar em serviços, além de empatia e visão estratégica para adaptar a biblioteca às demandas do seu público.
E: Que oportunidades você vê para os jovens que desejam seguir a carreira de bibliotecário?
F: Devido às inúmeras diferenças de realidades em nosso país, as oportunidades vão desde as atividades tradicionais ligadas a disponibilizar acesso à informação até o novo mercado centrado na atuação em bibliotecas digitais, curadoria de conteúdo e gestão de informações empresariais, além de nichos em direitos autorais, acessibilidade informacional e combate à desinformação. Com as crescentes demandas por informação confiável, a pessoa bibliotecária é mais relevante do que nunca.
E: Que conselho você daria para jovens que estão pensando em seguir a carreira de bibliotecário?
F: Invista em formação contínua, aprenda as técnicas tradicionais, mas esteja aberto à necessidade de adaptá-las tanto para a geração analógica como para a tecnológica, e nunca subestime o impacto social que um trabalho executado com qualidade pode causar. Além disso, pratique o respeito pela diversidade de ideias, pois é um dos elementos que move a profissão.
Acredito que capacidade de se adaptar é uma das qualidades mais importantes, ser aberto a aprender novas rotinas no dia a dia e estar comprometido em fazer do seu local de trabalho um espaço relevante para a sociedade.
E: Como os jovens podem se preparar para os desafios e oportunidades da biblioteconomia?
F: Buscar cursos de formação, participar de eventos da área, dialogar com profissionais que já atuam no mercado e manter-se atualizado sobre as tendências da área. Além disso, procurar estágios e trabalhos nos diferentes espaços biblioteconômicos para ganhar experiência prática.
E: Qual a história mais curiosa ou emocionante que você já vivenciou na biblioteca?
F: Uma das cenas mais lindas que vi foi a de crianças fazendo fila para realizar empréstimos dos livros da biblioteca. Enquanto muitos dizem que as crianças só querem utilizar o celular, aquele momento mostrou que, se tiverem acesso aos livros, muitas delas farão essa escolha. Só é preciso que elas tenham contato desde cedo com os livros.

E: O que te motiva a ser bibliotecária?
F: Acredito no poder da leitura, do acesso à informação e que esses são direitos fundamentais que asseguram o desenvolvimento da sociedade. E que quando a pessoa bibliotecária executa suas atividades, ela faz parte do ciclo que contribui para esse desenvolvimento.
E: Qual a sua parte favorita do trabalho?
F: Sem dúvida, é a interação com as pessoas. É perceber as diferentes necessidades informacionais de cada um que atendo. Desde ajudar alguém a encontrar um livro literário até organizar projetos que conectam a comunidade aos conteúdos científicos e técnicos.
E: Se você pudesse ter qualquer livro do mundo em sua biblioteca, qual seria e por quê?
F: Escolheria a Bíblia de Gutenberg que, além de ser uma obra rara, é um objeto carregado de história, que te faz refletir sobre as mudanças na forma de impressão e produção de livros, a transformação da cultura e como a disponibilização do conhecimento pode mudar uma época.
E você, leitor, o que faz para combater a desinformação? Quer trocar experiências literárias e discutir leituras no seu tempo? Participe do Clube de Leitura do Entretê.
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Texto revisado por Layanne Rezende