A parte dois do Renaissance chega em 29 de março e promete reivindicar o espaço de artistas negros no country
A beyhive está em surtos de alegria desde que Beyoncé anunciou a chegada do Act II do Renaissance, intitulado Cowboy Carter. Se no primeiro álbum do projeto a cantora focou na house music, dessa vez a sonoridade do álbum será o country.
O disco que chega no dia 29 de março tem duas faixas já lançadas: Texas Hold ‘Em e 16 Carriages. Esperamos muitos vocais incríveis vindos da Beyoncé, mas ela também entrega mensagens importantes ao escolher esse gênero musical para trabalhar.
O Entretê te conta tudo sobre essa nova era da Queen B! Confira abaixo:
O álbum surgiu após caso de racismo
Essa não é a primeira vez que vemos Beyoncé cantando uma música country: em 2016, ela lançou a faixa Daddy Lessons, que faz parte do álbum Lemonade. No mesmo ano, a cantora se apresentou no Country Music Awards, cantando ao lado do grupo Dixie Chicks. O momento se transformou em uma experiência traumática, já que era possível perceber o racismo da plateia.
Desde o anúncio, a escolha de Beyoncé para se apresentar na premiação foi amplamente criticada por brancos preconceituosos do country. O silêncio da plateia quando a artista subiu para se apresentar, o volume do microfone baixo e nenhuma menção da performance no site da premiação foram algumas das situações presenciadas por Beyoncé durante e após a apresentação, que desabafou nas rede sociais ao anunciar o novo álbum:
“Esse álbum levou cinco anos para ser feito. Ele nasceu de uma experiência que eu tive anos atrás, onde eu não me senti bem-vinda… E ficou claro para mim que eu não era. Mas, por causa dessa experiência, eu mergulhei fundo na história da música country e estudei nosso rico arquivo musical”, revelou a cantora.
“É muito bom ver como a música une as pessoas ao redor do mundo, enquanto também amplifica as vozes de algumas pessoas que dedicaram suas vidas para educar as demais sobre a história da música”, refletiu Beyoncé.
E acrescenta: “As críticas que enfrentei quando entrei neste gênero pela primeira vez me forçaram a superar as limitações que me foram impostas. O Ato II é o resultado de me desafiar, e levar o meu tempo para misturar e mesclar gêneros para criar este corpo de trabalho”.
Reivindicar o espaço de artistas pretos no country
O álbum também destaca a importância da representatividade e diversidade. Apesar do gênero musical ter raízes negras, ele sofreu um embranquecimento ao longo dos anos, em que o trabalho de artistas pretos do cenário foi praticamente excluído e ignorado.
O banjo, por exemplo, instrumento amplamente utilizado em músicas do gênero, tem origem africana. Artistas como DeFord Bailey e Linda Martell foram exemplos de talentos da música country que tiveram de lutar por suas carreiras em um cenário que acabou sendo tomado por brancos.
O trabalho de Beyoncé coloca uma pessoa preta novamente em destaque no cenário country, já que, com o lançamento de Texas Hold ‘Em, a cantora atingiu o primeiro lugar na Hot Country Songs, revista da Billboard, se tornando a primeira mulher negra a liderar o ranking nesse gênero.
Nos anos 1920, as gravadoras e a indústria musical no geral colocavam muitos obstáculos para os artistas negros que queriam lançar músicas do gênero. O racismo está presente até hoje, já que, apesar da nova canção da Beyoncé debutar no topo das paradas, algumas rádios de música country se recusaram a tocar a faixa quando solicitada, alegando não se tratar do gênero, sendo que a canção é claramente uma música country.
Na publicação do anúncio do Cowboy Carter, Beyoncé fala sobre seus desejos de ver uma sociedade mais igualitária: “Minha esperança é que daqui alguns anos, a menção da raça de um artista, no que diz respeito aos gêneros musicais lançados, seja irrelevante”.
O apoio ao Cowboy Carter
Com o anúncio do álbum e o sucesso das faixas já lançadas, Beyoncé foi celebrada por sua mais nova era e por suas conquistas, por diversas artistas negras do country, como Rissi Palmer, Denitia, Tiera Kennedy, Sacha, Madeline Edwards e Miko Marks.
À BBC, a cantora Rissi Palmer comentou: “Estou feliz que uma mulher negra tenha finalmente alcançado o primeiro lugar. Acho absolutamente ridículo que, na história dessa parada toda, só tenha havido oito de nós. Isso não é uma coisa boa, não é uma coisa feliz.”.
Após os lançamentos recentes de Beyoncé, os veículos The Tennessean e USA TODAY Network, fizeram uma roda de conversa com cantoras negras do country no Grand Ole Opry, e Palmer comentou sobre a visibilidade que Beyoncé traz: “Há uma vasta comunidade de mulheres negras que estão fazendo música country. Estou feliz que ela esteja aproveitando a oportunidade, como deveria”.
O álbum, que chega em breve, contará com algumas colaborações de artistas admirados por Beyoncé. Os nomes dos feats ainda não foram divulgados, mas a nova era promete muita música boa.
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Texto revisado por Michelle Morikawa