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Foto: reprodução/MAX

Crítica | Beleza Fatal, a novela que não sabíamos mas precisávamos

Drama, suspense, vingança e muitas reviravoltas? A primeira novela de Raphael Montes teve isso e muito mais! 

Beleza Fatal chegou ao fim, my loves! Após 40 capítulos, a primeira novela de Raphael Montes terminou na última sexta (21), sendo sucesso no streaming e entregando um final feliz para alguns e nem tanto para outros, o que acabou gerando discussões acaloradas nas redes sociais, algo com que o autor já está familiarizado. 

Raphael lançou diversos livros de suspense/terror ao longo dos anos, como: Suicidas (2012), Dias perfeitos (2014), Uma mulher no escuro (2019) e Uma família feliz (2024), além de Bom dia, Verônica (2022), ao lado de Ilana Casoy – que foi adaptado pela Netflix e se tornou um sucesso –. O autor já teve experiências anteriores com adaptações de suas obras para o audiovisual, mas esta foi a primeira vez que pensou em uma obra sua especialmente para as telas,resultando em grande acerto. 

Uma história sobre vingança

A novela nos apresenta a história de Lola (Camila Pitanga) e Sofia (Camila Queiroz), parentes que têm seus destinos cruzados para sempre, quer gostem ou não. 

Sofia e sua mãe Cleo (Vanessa Giácomo) passam por grandes dificuldades, e são amparadas pela prima de Cleo, Lola, que as abriga em troca de alguns favores. No entanto, ao desenrolar dos episódios, Lola demonstra onde quer chegar, e passa por cima de tudo e todos para conquistar sua tão sonhada Lolaland. Após injustiças e mortes, Sofia, que foi uma das grandes prejudicadas pelos planos da prima de sua mãe, decide se infiltrar na vida da então milionária para se vingar de todos que a fizeram sofrer. 

É então que percebemos que a trama que já se tornava envolvente com os acontecimentos da vida de Sofia na infância, está apenas começando. Aqui, Raphael Montes entrega um dos seus grandes feitos como autor: prender o telespectador a suas histórias. A forma como o drama é desenvolvido causa cada vez mais curiosidade em quem acompanha e, além disso, cada nova descoberta não serve para finalizar a história, mas sim para deixá-la ainda mais intrigante. 

A vingança de Sofia, que tem ao seu lado sua família de criação, Elvira, Lino e Alec Paixão (Giovanna Antonelli, Augusto Madeira e Breno Ferreira), apresenta muitas camadas. Diversos envolvidos que cometeram crimes e saíram impunes devem pagar pelo que fizeram, e todos os alvos apontam para um único lugar: a família Argento.

Foto: reprodução/MAX

Aquela família classe alta típica de novelas, cheia de segredos e chantagens, foi construída de uma forma incrível, a começar pelos integrantes que tornam difícil escolher qual detestamos mais. Benjamin (Caio Blat), Átila (Herson Capri) e Rog (Marcelo Serrado) disputam a cada episódio o título de atitude mais desaprovável.

O momento é da Lola

É indiscutível que Lola é a vilã que amamos odiar. Ela tem atitudes desaprovaveis e criminosas? Sim! Mas ela entrega carisma e momentos icônicos, algo que os noveleiros não viam há um bom tempo. 

Uma boa vilã dá um novo contexto a uma história, e odiar tal personagem é uma consequência inevitável, mas, quando ela se parece com a Lola, fica um pouco mais difícil. Ao longo dos 40 episódios, a personagem rendeu momentos que viralizaram na internet, seja nas lives da Lolaland, nas brigas com os Argento, ou chamando Sofia de “Capirota!”, se tornando muitas vezes o alívio cômico dos episódios. 

Camila Pitanga entrega uma de suas melhores atuações nos últimos tempos, e talvez sua melhor vilã até aqui. Lola faz com que tenhamos empatia por ela em muitos momentos, mesmo sabendo de todas as atrocidades que já fez e ainda faz, demonstrando como a personagens não apenas foi bem construída em roteiro, mas também bem interpretada em cena. E com tudo isso, o que temos? Uma das melhores vilãs de novela dos últimos tempos. 

Foto: reprodução/MAX

Mais um exemplo claro do ótimo desenvolvimento de cada um dos personagens é o desenrolar da amizade entre Benjamin e Rog, cirurgiões plásticos sem nenhuma ética, muito bem interpretados por Caio Blat e Marcelo Serrado. Ambos os atores foram as escolhas perfeitas para os personagens, assim como todo o elenco.

Uma novela que se deixa ser novela

Como o próprio autor disse em uma entrevista, “Beleza Fatal não é apenas sobre vingança, mas sobre o que acontece após a vingança”. Essa não era só uma história de vingança, e é isso que percebemos a cada capítulo. Sofia consegue rapidamente entrar na vida de Lola como Julia, e virar tudo de cabeça para baixo. Mas, o que vem depois de conseguir, é o que move a trama, e o que era para ser uma legítima vingança passa a ser uma obsessão que mais prejudica a vida de todos do que resolve o que deveria. 

Raphael se propôs e conseguiu entregar uma novela envolvente, abordando temas importantes e que precisam de espaço para debate, como ética e padrões de beleza, além de dar espaço para que histórias de amor fora da bolha fossem vistas. Graças a isso, conhecemos Andrea (Kiara Felippe) e sua trajetória com Tomás (Murilo Rosa).

Para além disso, Beleza Fatal se permite ser e ter todos os clichês do gênero, cheia de reviravoltas, romance e segredos bem construídos, tudo tendo um motivo e tudo (ou quase) tendo um desfecho. A história consegue amarrar praticamente todas as pontas que solta ao longo do caminho, sem deixar de entreter o público com uma história que desperta a curiosidade e instiga a pergunta: “o que vai acontecer no próximo capítulo?”.

Mas, e Roma? 

[Contém spoiler]

A novela termina de um jeito ousado, bem Raphael Montes, que sempre diz para não esperarem o óbvio de suas histórias. Muitos finais felizes acontecem, incluindo  a família Paixão, Gisela (Julia Stockler) e Carol (Manu Morelli), mostrando momentos de superação, porém, aqui a mocinha não teve seu final feliz. 

Talvez uma das principais mensagens que a trama queira passar seja a de que atitudes geram consequências, e sim, Sofia tinha direito de querer vingança e justiça, e conseguiu, mas a que custo? Como a própria Lola diz ao final de tudo “você conseguiu o que queria, mas você está feliz?”

Ao lado de Maria de Médicis, diretora da novela, e do streaming MAX, Raphael – que é fã de novelas – conseguiu cativar um público que precisava de uma produção assim,  entregando uma trama envolvente e bem elaborada, com um final que deixa margem para uma possível segunda temporada – afinal, o que aquele pessoal foi fazer em Roma? –  e um sucesso no streaming e nas redes sociais.

 

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Texto revisado por Laura Maria Fernandes de Carvalho

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