Crítica: Galeria Futuro permanece no passado em diversos aspectos

A comédia dirigida por Fernando Sanches e Afonso Poyart se distancia da realidade negativamente

A Galeria Futuro já foi um dos ambientes mais bem frequentados do Rio de Janeiro. Com vitrines e caixas cheios, o local era sinônimo de poder aquisitivo e status. No entanto, assim como em muitos estabelecimentos ao redor do Brasil, a Galeria Futuro começou a perder espaço para shoppings e outros comércios. A partir desse momento, muitas lojas fecharam e os clientes desapareceram. Dirigido por Fernando Sanches e Afonso Poyart, Galeria Futuro estreia dia 18 de novembro nos cinemas.

O trio de protagonistas,  Valentim (Marcelo Serrado)Kodak (Otavio Muller) e Eddie (Ailton Graça) se conheceram na galeria, onde também trabalham até hoje. Diante da iminente falência, os três se recusam a dar o braço a torcer quando um pastor milionário se interessa em comprar a Galeria Futuro e transformá-la em uma igreja evangélica.

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Foto: Divulgação

Ao lado da ex-participante de reality e manicure Paula (Luciana Paes), a saída encontrada pelo grupo é a venda de drogas alucinógenas, encontradas em um baú nos fundos da loja de Kodak. A iniciativa dos “traficantes amadores” os colocam em situações complexas diante dos chefes do tráfico de drogas na região.

Nomeando a droga como pílula da felicidade, o filme relativiza completamente a venda da substância com naturalidade, o que faz parte da construção de humor da obra. Porém, este é o menor dos problemas que o roteiro de Galeria Futuro apresenta.

Relativização do machismo

Diante de todos os elementos que compõem a trama, como, por exemplo, referências aos clássicos do cinema e a forte cumplicidade entre os amigos, se retirarmos a constante sexualização das mulheres na narrativa, ficaríamos com apenas 30% das piadas do filme. Por mais que exista uma crítica à forma como os protagonistas enxergam o mundo, vangloriando o passado e se recusando a avançar para o futuro em muitos aspectos, o filme não penaliza de nenhuma maneira esse comportamento inadequado. Apenas mostra os personagens constantemente fazendo e relativizando piadas machistas, assediando personagens femininas e dando ouvidos à Paula, inicialmente, apenas por atração física.

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Foto: Divulgação/ Fernando Sanches

Particularmente, o desconforto gerado por essas situações me impede de embarcar na narrativa de outra forma, se não observando o tratamento dessas mulheres. Afinal, depois de um certo ponto, Paula se mostra empenhada em fazer parte do grupo e os outros integrantes ouvem suas opiniões. A própria atriz Luciana Paes afirmou, durante coletiva de imprensa, na qual o Entretetizei esteve presente, que sua personagem é participativa e lidera o grupo.

Porém, acho importante destacar que nem todo mundo terá uma visão crítica diante de uma narrativa tão absurda, o que não parece preocupar os idealizadores. Os limites do humor são polêmicos e sempre discutidos, mas a sexualização e a ridicularização das mulheres, tal qual a Galeria Futuro, deveriam permanecer enterradas nos anos 90.

E então, o que você achou de Galeria Futuro? Vai assistir ao filme nos cinemas? Conte pra gente por meio das nossas redes sociais –InstaFace e Twitter –  e nos acompanhe para ficar por dentro de outras novidades do mundo do entretenimento.

 

 

*Crédito da foto de destaque: Divulgação/Fernando Sanches

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