Foto: divulgação/Entretetizei

Dia do Cinema Brasileiro: entenda a importância de celebrar a data

Existem filmes nacionais incríveis e apoiar o cinema brasileiro é o primeiro passo para que mais obras assim sejam produzidas

 

Hoje (19), é comemorado o Dia do Cinema Brasileiro. A data foi escolhida em homenagem ao que se estima ter sido o primeiro dia de filmagens de uma produção cinematográfica no Brasil, em 1898.

As imagens, que ficaram conhecidas como Os Beijos e capturaram a Baía de Guanabara no Rio de Janeiro, foram gravadas a bordo de um navio pelo italiano Afonso Segreto, que trouxe seus equipamentos para o Brasil. No entanto, alguns historiadores contestam o fato de que Afonso tenha sido o primeiro a fazer imagens cinematográficas no país, já que segundo eles filmetes podem ter sido gravados  em Petrópolis em 1897. 

A chegada ao Brasil

As primeiras máquinas a produzirem imagens em movimento – chamadas de cinematógrafo – que foram usadas no cinema surgiram apenas na segunda metade do século XIX, sendo Thomas Edison e os irmãos Lumière responsáveis pelas máquinas mais famosas daquele momento.

Paschoal Segreto, irmão do já citado Afonso Segreto, foi um grande empresário de entretenimento, que rapidamente se interessou pela sétima arte e foi responsável por criar a primeira produtora de filmes – e a primeira revista especializada no assunto –  no Brasil.

Ainda no início do século XX, os irmãos Segreto produziram diversos filmes e se tornaram pioneiros do ramo cinematográfico no Brasil. Algo que foi acompanhado nos anos seguintes por nomes como Humberto Mauro, que se destacou nos anos 1930 por lançar filmes como Ganga Bruta (1933) e Alô, Alô Carnaval (1936), que se tornaram um sucesso e levaram o gênero chanchada –  musicais que misturavam comédia com elementos de ficção científica e perseguições policiais – a nível popular.

Foto: reprodução/MUBI

Nas décadas seguintes, os primeiros estúdios profissionais foram criados no país. Já entre 1960 e 1970, o cinema brasileiro passou por uma grande evolução criativa com o chamado Cinema Novo, que apontou nomes de cineastas que entraram para a história como: Joaquim Pedro de Andrade, Ruy Guerra, Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha.

Sucessos 

Desde então a indústria cinematográfica brasileira passa por constante evolução, entregando contribuições significativas para o cenário mundial, alguns exemplos de sucesso nacional e internacional são:

  • Cidade de Deus, lançado em 2002 e dirigido por Fernando Meirelles, recebeu quatro indicações ao Oscar: Melhor Direção, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia e Melhor Montagem.
  • Central do Brasil, de 1998, recebeu indicações ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz para Fernanda Montenegro.
  • Tropa de Elite, lançado em 2007, se tornou um sucesso de bilheteria faturando mais de 20 milhões de reais – o que foi incrível para um filme nacional naquela época – além de conquistar no ano seguinte o prêmio Urso de Ouro no Festival de Berlim.
  • A franquia Minha Mãe é uma Peça é uma das produções nacionais de maior sucesso de todos os tempos, arrecadando ao todo mais de 500 milhões de reais em todo Brasil. 
Foto: divulgação/reprodução/O Globo
Falta de incentivo 

A falta de incentivo no Brasil abrange a cultura como um todo, o cinema em específico sofre com a desvalorização e pouca divulgação quando comparado a uma estreia internacional. Exemplo disso ocorre nas salas de cinema, já que um lançamento de Hollywood ocupa mais do que o dobro de horários quando comparado a uma produção nacional, que em média é exibido em dois horários por dia.

Ano após ano a participação de filmes nacionais na indústria e na bilheteria vem diminuindo. Em 2019, a participação de mercado foi de 13.3%, durante e após a pandemia os números caíram para 4,2% em 2022 e 1,4% em 2023, de acordo com a Agência Nacional do Cinema (Ancine).

No entanto, mesmo antes da Covid-19 fechar as salas de cinema, o audiovisual brasileiro já passava por ações de desincentivo, como a extinção do Ministério da Cultura e a não renovação em 2021 da Cota de Tela – lei que determina que as empresas devem exibir obrigatoriamente filmes nacionais em todo Brasil –, mas a iniciativa voltou a ativa em 2024.

Ainda existe a Lei Federal de Incentivo à Cultura, mais conhecida como Lei Rouanet, que funciona com empresas que destinam parte de seus impostos de renda para a cultura. Assim, todos aqueles que desejam contribuir para o setor cultural nacional podem se beneficiar. 

Foto: reprodução/Netflix

O cinema e audiovisual no Brasil não recebem a divulgação que merecem, por isso não alcançam grande parte da população que muitas vezes nem ao menos sabe que aquela obra foi lançada, ou o filme sequer chega às salas de cinema. Então, muitas vezes a produção não atinge nível nacional, se concentrando no eixo Rio – São Paulo.

Obras indispensáveis

O cinema brasileiro é rico e diverso, existem obras que formam opiniões, fazem o espectador pensar, criticar e discutir não só a sociedade mas o papel que cada um exerce dentro dela. Além de abordar gêneros diversos, entregam narrativas bem feitas e histórias que emocionam. Confira algumas produções s que mostram o melhor dos filmes nacionais: 

  • Bacurau (2019)

Dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, o filme se passa na cidade fictícia de Bacurau, no interior do sertão nordestino. A trama mostra a resistência e luta dos moradores da cidade.

O longa se tornou uma das maiores revelações do cinema nacional dos últimos anos, sendo aclamado pelo público e pela crítica, chegando a entrar para a lista de filmes preferidos de 2020 do ex-presidente Barack Obama.

  • Macunaíma (1969)

Baseado no livro de mesmo nome de Mário de Andrade, o filme mistura crítica social com fantasia e comédia. Na história conhecemos Macunaíma, que nasceu um homem negro mas de repente se transforma em um homem branco. 

A obra se tornou um marco no Brasil. Na época de lançamento, recebeu prêmios no Festival de Brasília e no Festival Internacional de Mar Del Plata, na Argentina, além de entrar para a lista de 100 melhores filmes da Abraccine. 

  • Estômago (2007)

No longa conhecemos a história de Nonato, um homem nordestino que se muda em busca de oportunidades melhores de vida. Ele então começa a trabalhar em uma lanchonete e descobre que tem ótimos dons para a culinária. Nonato se apaixona pela garota de programa Iria e a partir de então sua vida toma novos rumos. 

Um dos filmes de maior sucesso do diretor Marcos Jorge, foi elogiado por juntar humor e suspense em uma crítica social. Além disso, uma continuação da história estreia ainda em 2024.

Foto: reprodução/Globoplay
  • Carandiru (2003)

Baseado no livro Estação Carandiru (1999), do médico Drauzio Varella, o filme dirigido por Hector Babenco mostra a difícil realidade enfrentada por aqueles que vivem atrás das grades na Casa de Detenção São Paulo, mais conhecida como Carandiru. Considerada a maior penitenciária da América Latina, foi o lugar onde um massacre que assassinou 111 presos em 1992 aconteceu. 

A narrativa acontece a partir das memórias do Dr. Drauzio, que trabalhou no local como médico voluntário durante muitos anos. O diretor do longa ganhou o Prêmio do Público e o Prêmio Especial do Júri no Festival Internacional de Cinema de Havana.

  • Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964)

Na obra do cineasta Glauber Rocha acompanhamos Manoel e Rosa, um casal que leva uma vida cheia de dificuldades no interior do sertão. Após passar por uma injustiça, Manoel toma atitudes que o obrigam a fugir com Rosa. Os dois passam então a morar com um grupo religioso que luta contra injustiças.

O filme gravado no interior da Bahia é considerado um clássico nacional, tendo representado o país no Festival de Cannes e no Oscar na época de seu lançamento.

 

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Texto revisado por Kalylle Isse

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