Foto: divulgação/Bê Riley

Entrevista | A Jornada de Vicente Valle em Pedaço de Mim e Além

O jovem talento brasileiro está conquistando espaço tanto na televisão quanto nas artes literárias

Conhecido por seu papel como o intrigante Robson em Pedaço de Mim, a primeira novela brasileira da Netflix, Vicente não só cativa como vilão, mas também encanta com sua dedicação ao teatro e à literatura. Além de seu trabalho na série, Valle compartilha conosco seus projetos futuros, incluindo sua incursão no cinema e na criação de conteúdo original em áudio, refletindo sua paixão e compromisso tanto com a arte quanto com a educação. 

Prepare-se para conhecer Vicente Valle

Vicente é um jovem talento que está redefinindo os limites da arte no Brasil. Aos 22 anos, o artista já conquistou o coração dos telespectadores como Robson, o vilão cativante de Pedaço de Mim, a primeira novela brasileira produzida pela Netflix. Mas sua jornada vai muito além das telas.

 

Natural do Rio de Janeiro, Vicente Valle começou sua carreira nas artes cênicas, estrelando peças como O Cálice, uma adaptação vibrante que marcou a reabertura do icônico Teatro Tablado em 2022. Essa performance não só lhe rendeu reconhecimento, mas também uma indicação ao prestigiado prêmio Jovem Talento no Prêmio APTR.

 

Além do teatro, Vicente também é um talento literário em ascensão. Estudante de Letras, ele foi honrado com o Prêmio Literário Paulo Henriques Britto em 2023 pelo seu conto Romance de Gosto Duvidoso. Sua paixão pelas palavras não se limita apenas à escrita ficcional; ele também se aventurou no cinema, cursando um ano nos Estados Unidos e pronto para estrear seu primeiro longa-metragem como roteirista, Todo Mundo (Ainda) Tem Problemas Sexuais, dirigido por Renata Paschoal.

 

Mas Vicente não para por aí. Engajado com questões sociais, dedicou dois anos de sua vida ao voluntariado no PECEP, um pré-vestibular comunitário que oferece educação gratuita para alunos de baixa renda. Além disso, ele está explorando novas formas de contar histórias, com uma áudio-série original de comédia que será lançada na plataforma Storytel, um marco como o primeiro projeto desse tipo no Brasil.

 

Em nossa entrevista exclusiva, Vicente Valle compartilha conosco sua jornada inspiradora, suas experiências nos bastidores de Pedaço de Mim, suas aspirações futuras na literatura e no cinema, e como ele equilibra sua carreira artística com seu compromisso social. Prepare-se para se encantar com a energia e a paixão de Vicente Valle pelo mundo das artes e além.

Confira a entrevista exclusiva do ator para o Entretê
Sobre atuação

Entretetizei: Como foi a experiência de interpretar um vilão em uma novela voltada para o público jovem?

 

Vicente Valle: Deliciosa. Do elenco jovem, eu, Zé Beltrão (Marcos), Ágatha Marinho (Júlia), Bia Linhales (Pâmela), todos fizemos a peça O Cálice juntos. Estávamos trabalhando entre amigos num certo sentido. Isso pra mim fez com que eu me sentisse com muito mais liberdade pra ser o “babaca” (como é muitas vezes adjetivado meu personagem na série hahaha) que eu precisava ser.

 

E: Quais foram os maiores desafios e como você se preparou para o papel em Pedaço de Mim da Netflix?

 

VV: Apesar de o Robson ter a função dramatúrgica de vilão do núcleo jovem, durante a preparação com a Ana Kutner, nunca pensamos nele como um vilão. O caminho que tomamos foi encontrar a vulnerabilidade do Robson. De onde vem essa raiva toda que ele sente? Do que ele está com medo? Que espaço ele está disputando com os gêmeos? 

De certa forma, é encontrar em mim o que é Robson, e no Robson o que é Vicente, e expandir em cima dessa ponte. Assim, eu acredito que entreguei um personagem que é “vilão”, mas é de verdade. Acho que por isso os retornos têm sido tão bacanas, mas também tão raivosos ao personagem. O espectador sente raiva quando sabe que existe gente assim de verdade.

 

E: Você participou da reabertura do Teatro Tablado com O Cálice. Como foi trazer uma peça clássica do Monty Python de volta aos palcos, especialmente após o período de pandemia?

 

VV: Protagonizar o elenco de O Cálice foi sem dúvida uma das grandes alegrias da minha vida, especialmente pelo período em que estivemos em cartaz. Eu sempre acreditei profundamente no poder de cura do riso. Nesse sentido, eu sabia que O Cálice era uma peça extremamente necessária e atual para aquele momento pós-pandêmico, não porque ela falava dos assuntos da atualidade e trazia críticas sociais, outros espetáculos maravilhosos estavam fazendo isso com muita excelência e perspicácia. 

A nossa peça tinha uma outra, e única intenção: divertir. O Cálice abrasileirou a genialidade do Monty Python pra criar um espetáculo alegre, apaixonante e cheio de vitalidade. Os feedbacks de quem assistiu cinco, seis, dez vezes; do público infantil que voltava todo final de semana sem falta; de quem havia passado anos sem ir ao teatro e voltou à plateia para assistir à gente, e chorou de rir durante a peça. Isso é o nosso por quê.

Sobre a Literatura

E: Além de atuar, você também é escritor. Como a experiência de ganhar o Prêmio Literário Paulo Henriques Britto influenciou sua carreira e seu trabalho como roteirista?

 

VV: O Prêmio Literário Paulo Henriques Britto foi uma surpresa muito positiva. Eu sempre escrevi literatura, mas nunca com pensamento profissional. Roteiros e dramaturgia, esses sim. Então, quando soube da notícia do prêmio pro meu texto, me deu vontade de olhar para os meus contos, ensaios, escritos com outro tipo de olhar. 

Além do prêmio, tenho contos publicados em revistas e antologias aqui e também nos EUA. No momento, estou organizando esse material todo. Vamos ver no que dá.

 

E: Como a sua formação em Letras influencia suas escolhas de papéis e seu trabalho como escritor?

 

VV: O meu professor Eduardo Milewicz diz que todos os grandes atores, diretores e roteiristas são também grandes leitores. Especialmente hoje em dia, em que o foco está espatifado, e é uma das principais habilidades de um ator. Para se fazer presente e verdadeiro em cena, é preciso treinar o foco — isso se faz de forma prazerosa com a leitura. 

Além disso, a leitura estimula a imaginação e amplia repertório, acredito que seja a forma de arte que permite a mais profunda alteridade, ou seja, o sentimento de ser/estar outro, diferente. Tudo isso que citei é essencial pro ator e pro autor. Vejo minha formação em Letras como muito complementar ao meu trabalho, me sinto expandindo horizontes com ela, e faço uma formação paralela como ator e roteirista.

Foto: divulgação/Bê Riley
E a jornada continua!

E: Seu primeiro longa como escritor será lançado em breve. O que os espectadores podem esperar de Todo Mundo (Ainda) Tem Problemas Sexuais? Como foi trabalhar nessa comédia romântica inspirada na obra de Domingos Oliveira?

 

VV: É outra alegria e honra enorme estrear um longa como roteirista na minha idade. Mas também foi uma grande responsabilidade, afinal, estávamos trabalhando com a obra de Domingos Oliveira, mestre do humor e dos diálogos, referência obrigatória para quem quer fazer cinema, teatro e televisão no Brasil. A isso, tenho que agradecer aos parceiros de escrita, e a Renata Paschoal, diretora do filme e que honra o legado do Domingos

Do longa, acredito que podem esperar um filme leve, engraçado e apaixonante. Um olhar honesto, íntimo e sem julgamentos sobre problemas sexuais e amorosos que podem acometer qualquer casal, em qualquer idade. Acho também que o filme mantém a essência “dominguiana” enquanto abre espaço para a consolidação de novas vozes no nosso cinema, como a Renata, e nós, roteiristas.

 

E: Além dos projetos mencionados, você tem algum outro projeto pessoal ou sonho artístico que gostaria de realizar no futuro?

 

VV: Muitos. Sonhar infelizmente é um privilégio no Brasil. Mas se é pra sonhar, tem que sonhar grande. Se não tá sonhando errado. Fazer o Robson esquentou o sonho de fazer um vilão de novela. Me interesso muito pelo caráter longo e obra-aberta que as novelas oferecem. Antes disso, sempre (fui) um ator identificado com a comédia, sempre tive o sonho de fazer parte de uma sitcom icônica, como Os Normais, Tapas & Beijos ou The Office. 

Quem sabe atuando e escrevendo? Nos EUA essa configuração é bastante comum em seriados de comédia. Aqui, ainda não. Mas acabei de voltar de um ano de intercâmbio, curtindo o sucesso internacional da série. A gente tem plano de carreira, tudo certinho. Mas, nesse momento, estou pensando mais nos próximos seis meses do que nos (próximos) seis anos. Escrevi uma peça durante o intercâmbio, e quero realizar o sonho de trazer pro palco algo que saiu da minha cachola. Seguir criando, escrevendo e trabalhando.

 

E: Baseado em sua própria jornada, que conselho você daria para jovens que estão buscando seguir uma carreira nas artes?

 

VV: Acho que ainda estou léguas de distância de poder dar conselho pra alguém. Seja por estar no começo da minha caminhada, seja por também ser uma pessoa muito privilegiada. Acho que uma coisa muito importante hoje em dia é olhar profundamente pra dentro de si e entender qual é a sua motivação para seguir nessa carreira. Se é porque você acha que é um trabalho fácil, ou porque quer ser famoso… de novo, não sou ninguém para dar conselho, mas de repente vale repensar.

Ainda mais com o mercado acirrado de hoje em dia. Outra coisa que a experiência de Pedaço de Mim me mostrou é a importância de semear nessa carreira. Às vezes sementes, amizades, relações de cinco anos atrás vão dar frutos e gerar oportunidades anos depois. 

 

Quem ai irá acompanhar o Vicente? E não deixem de acompanhar o Entretê nas redes sociais — Face, Insta e Twitter — para ficar por dentro das notícias dos mundos da Cultura Latina, Pop, Turca e Asiática!

 

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Texto revisado por Karollyne de Lima

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