Cantora Agatha fala mais sobre o álbum Passatempo, primeiro projeto solo

Entrevista | Agatha conta mais sobre Passatempo, seu primeiro álbum solo

O álbum Passatempo conta sobre as experiências pessoais de Agatha e sobre os altos e baixos da vida

Agatha, que era integrante do trio MTK, deu início a sua carreira solo e lançou o seu primeiro álbum denominado Passatempo. A cantora e compositora carioca acaba de estrear esse trabalho autoral, que vem acompanhado de um projeto visual, composto por diversos clipes com narrativas diferentes. 

Distribuído pela Tunecore, Passatempo já está disponível em todas as plataformas digitais. O álbum contém sete faixas, sendo uma intro e seis músicas. As músicas mostram os altos e baixos da vida e apresentam Agatha conversando com sua própria consciência, que se torna um personagem próprio dentro da narrativa das letras e dos clipes. 

Com a ajuda do produtor musical Mati, de Porto Alegre, e após uma viagem da artista até a cidade do Rio Grande do Sul para uma semana intensa de criação, Agatha volta às suas raízes bedroom pop, alt, folk e indie e busca trazer uma nova cara para o pop com o disco. Confira mais nessa entrevista exclusiva sobre a trajetória de Agatha e o processo de criação do álbum. 

Entretetizei: Você já integrava o grupo MTK, como surgiu a vontade de seguir no ramo da música? Sempre foi uma vontade sua?

Agatha: Sempre foi uma vontade minha desde pequena, sempre tive uma coisa intuitiva com a música. Sempre cantei, toquei e gostei de ouvir música. Sou uma ouvinte muito assídua também, ouço todo tipo de música. A MTK foi um projeto, uma fase da minha vida e como toda banda, tinha uma data de validade e eu já tinha um sonho de seguir na música antes da MTK e ter uma carreira consolidada.

A MTK surgiu e eu nunca imaginava que estaria em uma banda, mas a banda foi fundamental para eu estar onde estou hoje. Eu faço outras coisas além da música, trabalho com cinema também, mas a música é aquele fogo e paixão que me acompanha desde sempre.

E: Como foi o processo de criação e composição do álbum Passatempo? As músicas falam das suas experiências pessoais? Como foi o processo criativo do álbum?

A: Então, a MTK acabou no meio do ano passado, mas eu sempre escrevia as minhas músicas e nunca tive a oportunidade de lançá-las. O álbum começou totalmente despretensioso, sem a ideia de ser um álbum, ele começou com a MTK ainda existindo e sem saber que um dia elas seriam lançadas. As duas últimas faixas do álbum, que é Se Passar das 3 e Efeito Dominó, foram as duas primeiras que escrevi e vi que as duas se complementavam, a história de ambas era o que eu estava vivendo no momento. A ideia da história é você sair para um lugar, procurar um rosto familiar no meio da multidão e encontrar em um momento que você menos espera, e essas duas músicas têm essa narrativa em comum.

A banda acabou chegando ao fim e surgiu a oportunidade de seguir em frente com as músicas. Eu pensei: ‘se eu for começar minha carreira solo depois de tanto tempo, por que não começar logo com uma obra e um projeto legal?’. Obra, álbum, ep é compromisso e isso traz uma credibilidade para o artista. A partir disso, pensei que seria legal começar essa caminhada com um álbum e devagarzinho foram surgindo outras canções.

São sete faixas no total, seis músicas e uma intro. Todas as músicas surgiram num período de sete meses, desde o meio do ano passado até janeiro desse ano, quando eu escrevi a última música. O meu processo de criação é eu pegando o violão e escrevendo uma música inteira em 20 minutos ou eu recebia o beat do produtor, procurava um instrumental que combinava comigo e começava a escrever em cima disso tudo que eu achava que encaixava bem no meu home estúdio. 

Até por isso esse álbum tem uma pegada do bedroom pop, que é o “pop do quarto”, essa sonoridade muito rústica e feita em casa. Fui colocando algumas narrativas nas músicas e fevereiro desse ano eu fui a Porto Alegre, porque o meu produtor é de lá e ficamos uma semana inteira em uma imersão para produzir essas sete músicas. Foi tudo muito rápido e assim surgiu o álbum.

E: Você falou que o álbum é um estilo bedroom pop, mas você pensa em se arriscar em algum outro estilo e gênero? Ou você pretende continuar mais nessa linha indie, folk?

A: Então, a banda MTK começou em um estilo rap acústico e eu gosto de rap, ouvi bastante durante a minha adolescência, mas o estilo que eu gosto está no estilo dessas músicas do álbum Passatempo, que é essa pegada do indie. Tem um elemento pop, mas não é aquele pop tão chiclete. É um pop que tem uma melancolia, que tem uma profundidade, principalmente nas letras e composições.

Eu gosto muito de aprofundar isso, eu consegui aprofundar isso na banda, mas não 100% porque a gente já tinha uma narrativa previamente determinada para seguir. Então, foi a primeira vez que eu me vi fazendo música de um gênero que eu realmente consumo, que eu gosto e pela repercussão acredito que sou boa. Então, eu adoraria me arriscar em outros gêneros, talvez indo em uma pegada para o pop rock. Eu fui muito emo na minha adolescência, então tem um lugar aí no meio do caminho que eu acho que me arriscaria. 

Eu tenho dois covers na minha setlist, um do Paramore e um da Miley. E eu gosto da Olivia Rodrigo, Avril Lavigne, que é mais essa pegada do pop rock. É um lugar totalmente diferente do bedroom pop, mas por enquanto eu vou ficar mais no violão, no acústico porque eu sinto que a galera gosta muito disso vindo de mim.

E: Das sete faixas que você produziu, tem alguma que você gosta mais e tem algum diferencial?

A: Tem sim, eu particularmente gosto muito da última, que é Efeito Dominó, e por acaso foi a primeira que eu fiz. Eu criei a primeira versão da música, que estava muito crua e não tinha nem letra direito. Essa música é muito especial, porque com ela eu iria começar algo muito significativo, meu primeiro álbum solo e de lançamento da minha carreira, que envolve tanta gente, tantos sentimentos e que pode vir a ser o álbum mais importante da minha vida. E essa música é só violão, foi a única música do álbum que a gente manteve na essência.

E: O seu produtor te ajudou na parte de criação do álbum, e em relação à parte audiovisual? Como foi para fazer os videoclipes? Os vídeos são divididos em capítulos, tem um motivo por trás disso e devem ser assistidos na ordem?

A: É um álbum para você ouvir no momento que você quiser. Quando você passar por todas as músicas, vai perceber que tem uma música para cada mood. Então, não é aquele álbum que você vai voltar para ouvir ele inteiro na ordem, mas é um álbum gostoso de se ouvir lavando uma louça em casa ou fazendo alguma atividade. Porém, se você prestar atenção e ouvir ele na ordem acompanhando o audiovisual, vai ver que tem muita coisa interligada.

Eu sou formada em cinema, trabalho e estudo com videoclipes há mais de sete anos. Então, eu jamais faria esse álbum sem alguma ideia com o audiovisual. Pensei que algo eu teria que fazer, para acompanhar a parte sonora do álbum. Passatempo conta uma história sonora de todos os altos e baixos que eu vivi no meu ano passado, que foi o ano que eu fiz 25 anos, em 2022. Muitas coisas aconteceram, foi um ano de muitas crises existenciais, apaixonei e desapaixonei, as coisas deram certo e depois deram errado.

O álbum fala disso, e eu tenho uma sócia e somos um duo de diretoras criativas, nós já trabalhamos em vários videoclipes juntas e eu falei para ela que estava com o escopo do roteiro e a tracklist e quero fazer um curta-metragem sobre esse álbum.

Meu TCC na faculdade foi sobre obras audiovisuais, filmes musicais e como esses formatos estão cada vez mais importantes no ramo da música e do cinema, e como é legal trazer uma linguagem cinematográfica para dentro do videoclipe. Hoje, a gente tem várias premiações só para videoclipes. Então, isso é muito legal e eu sinto que de forma indireta eu consegui plantar uma sementinha através desse visual.

Conversei com minha sócia e falei para ela pra gente tentar roteirizar um curta-metragem e aí em duas semanas a gente completou o roteiro e os videoclipes estão dentro desse curta-metragem; e o curta é a mesma ideia do álbum, só que ao invés de ser durante um ano da minha vida, se passa em uma semana e é a semana do meu aniversário. 

E para apimentar mais, decidimos colocar um personagem, algo que instigue as pessoas. Acho que nunca contei isso que vou contar, então fica como um spoiler inédito para vocês, mas esse personagem é um diálogo meu comigo mesma, com a minha própria consciência e essa consciência é um personagem físico, que aparece no filme completo. Quando eu soltar esse curta na íntegra, vocês vão ver que esse personagem existe. Cada capítulo é um recorte cronológico do que aconteceu na minha vida durante a semana do meu aniversário. 

Então, se você for acompanhando Juízo é o primeiro contato com esse personagem, quando eu vou ao bar encontrar com meus amigos. Derretida sou eu fazendo o bolo do meu aniversário, e dá para captar esses spoilers ao longo do caminho, mas vai ter o filme completo para quem não captou tudo e eu não poderia chegar com um álbum sem fazer a parte visual e tive uma equipe ótima, que abraçou esse projeto. Gravamos tudo esse ano, em uma locação muito maneira e estou muito ansiosa para o filme completo.

E: E falando sobre clipes, percebi que Derretida é um clipe mais claro e com cores mais vibrantes. Então, queria saber se sua ideia para esse clipe teve um intuito diferente.

A: Sim, até porque de todas as músicas do álbum, essa é a mais alegre e feliz. Então, até mesmo dentro do contexto do filme, é o momento que eu estou mais feliz e fazendo o bolo do meu aniversário. E a gente foi usando as narrativas do álbum para mostrar os altos e baixos, tem dias que você vai querer ouvir Derretida e o dia vai estar mais saturado, o céu vai estar mais azul e você vai estar num astral muito melhor e tem dias que são mais Efeito Dominó, mais introspectiva e melancólica. Então, Derretida é o ápice de alto astral do álbum, tudo vai estar mais quente, mais colorido e com sorriso no rosto.

E: Você comentou que Efeito Dominó é a música que você tem um carinho mais especial e os videoclipes? Teve algum que você gostou mais de fazer?

A: Então, o videoclipe de Se Passar das 3, que fala sobre procurar um rosto familiar no meio da multidão e não encontrar. E esse conceito dentro do filme sou eu dando uma festa de aniversário para várias pessoas, a galera está curtindo a festa, mas ninguém está ligando para mim e mostra que eu não estou curtindo a minha própria festa, mas com as interferências desse personagem que é a minha própria consciência. 

E esse clipe se tornou o meu favorito porque minha sócia falou que eu tenho muita facilidade na frente e atrás das câmeras e todo mundo que estava participando ficou muito emocionado. Enquanto todo mundo estava curtindo, eu estava olhando para câmera e foi uma cena muito linda de se fazer. É um clipe muito simples, não tem vários cortes, mas carrega um momento muito especial que é capaz de emocionar as pessoas.

E: Você tem referências de artistas brasileiros que te influenciaram a ser a cantora que você é hoje?

A: Com certeza! Ainda mais quando se mistura música e conceito, cada vez mais os artistas estão percebendo a importância de ser um bom diretor criativo, que é a pessoa que une toda uma estética em volta do álbum e isso é fundamental para entregar um bom trabalho. Dito isso, meus artistas nacionais que eu venho deslumbrando e entregam conceito, em primeiro lugar talvez seja o Jão, eu acho que ele tem bom gosto e tudo é muito bem dirigido. Não é à toa que ele é o fenômeno que é hoje. Um nome talvez meio engraçado, mas que eu ouço muito e amarra muito bem essa questão do conceito é o Matuê. Ele é um dos maiores do rap e trap. Mesmo fora do meu gênero, eu vejo quão importante é você ter alguém por trás fazendo toda essa estética e você entrega um produto muito mais verdadeiro. Não sou muito fã, mas a Taylor Swift faz muito isso e esse é o tipo de coisa que eu gosto de fazer. Eu acabei sendo tendenciosa a consumir artistas que entregam mais do que só música.

E: Quais artistas internacionais também te inspiram? E quem atualmente está na sua playlist?

A: Eu gosto muito de indie e folk, sempre gostei mais desse timbre. Tem dois artistas internacionais que influenciaram muito no meu álbum, que são a Lizzy McAlpine, que virou um fenômeno no TikTok e ela tem uma sonoridade que é mais para o vilão e o Noah. O 1975 é uma banda que sou muito fã também e eles já trazem uma pegada mais do pop indie, que também tem no meu álbum. Mais para esse lugar do Paramore, a Miley sempre foi uma referência para mim. A Billie Eilish é uma cantora que vem revolucionando, falando sobre saúde mental e também gosto muito.

E: Tem algum evento ou festival que você gostaria de se apresentar?

A: Tem! Acho que para todos os artistas indie, eu diria o Lollapalooza. Eu vou ao Lolla desde 2014, e conheci minhas bandas favoritas pela primeira vez nesse festival, e eu diria também o festival Rock The Mountain, porque tem vários artistas indie e underground.

O que acharam do álbum solo de Agatha? Contem pra gente e acompanhem o Entretetizei nas redes sociais – Twitter, Insta e Face – para mais entrevistas como essa!

 

 

*Crédito da imagem de destaque: reprodução/Poptivo 

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