Foto: reprodução/Amanda Linhares/Sérgio Santoian

Entrevista | Amanda Linhares fala sobre participação em De Volta aos 15

Atriz também conta sobre seus próximos projetos e seu processo de aceitação em meio à gordofobia

A série De Volta aos 15 (2022-2024), que conquistou o público desde os livros de Bruna Vieira, encerrou sua jornada este ano com o lançamento da terceira e última temporada,  que se tornou um sucesso. Além do enredo nostálgico e personagens já queridos, a série traz novos rostos para o desfecho, e entre eles está Amanda Linhares, uma talentosa atriz paraense que estreia no audiovisual interpretando Rafa, a líder divertida da república das imperatrizes.

Embora essa seja sua primeira experiência em frente às câmeras, Amanda já conhece bem o universo da atuação. Filha de atriz e com uma carreira que começou aos 14 anos, ela acumula uma sólida formação em teatro, é mestre em atuação e já atuou em produções de destaque, como os musicais Lisbela e o Prisioneiro e Se Eu Perder Esse Trem, sendo o último baseado nas canções de Adoniran Barbosa, além de lecionar.

Na série, onde contracenou com nomes como Maisa, Larissa Manoela e João Guilherme,  Amanda mostra sua autenticidade com a personagem Rafa, que traz energia, liderança e momentos de diversão à trama. Fora das telas, ela é também uma voz ativa na luta contra a gordofobia, inspirando mulheres com seu exemplo de empoderamento e aceitação do próprio corpo.

Com planos para o cinema, o teatro e até o terror, Amanda Linhares está apenas começando sua trajetória no mundo audiovisual, e agora você pode conferir a entrevista completa que a atriz concedeu ao Entretê:

Entretetizei: Como foi a experiência de estrear no audiovisual com uma série tão popular como De Volta aos 15? O que mais te surpreendeu nesse universo em comparação com o teatro?

Amanda Linhares: Foi uma experiência muito nova, mas ao mesmo tempo muito pertencente. Admito que tinha muito medo da falta de experiência ser um fator determinante, mas percebi que era um lugar já de pertencimento por toda a carga de interpretação do teatro. Acredito que a maior diferença, foi perceber que toda aquela história não seria gravada de forma linear, e ter que entender as movimentações um pouco menores para câmera.

E: A Rafa traz uma energia diferente ao grupo na série, sendo uma líder e organizando as coisas para as meninas. Como foi o processo de construção da sua personagem Rafa? Você se identificou com algum traço da personalidade dela?

AL: Foi um processo longo! Admito que de primeira fiquei com algumas questões na cabeça justamente por percebê-la diferente, sempre achava que a Rafa tava over da galera. O acolhimento do restante do elenco foi muito importante nesse quesito! Todos eles estavam super interessados no que a Rafa fazia, o que pensava, como agiria. Isso me ajudou muito a construir e perceber como uma personagem potente. Meu maior traço parecido com ela acredito que seja pensar alto! Não economizo nisso, além de ser algo verdadeiramente espontâneo.

Foto: divulgação/Netflix
E: Você usa seu espaço para falar sobre a liberdade do corpo e tem se tornado referência para mulheres gordas. O que contribuiu para seu processo de aceitação e amor próprio? 

AL: Perceber que eu sou muito mais do que meu corpo físico. Acredito que durante muitos anos da minha vida, a primeira coisa que eu olhava em mim, era o meu corpo. Estar no teatro, foi perceber que para muito além do físico, existe o carisma, a personalidade, as ações. Quando comecei a dar o lugar devido de importância para isso, comecei a me achar também bonita. Entender que um corpo grande é sim merecedor dos espaços, dos papéis, da voz.

Hoje acredito que lido com isso de um jeito muito natural e sem escrúpulos, e, de verdade, não tenho o objetivo de justificar cada passo do meu corpo, porque enxergo tudo de forma efêmera; inclusive nossa forma física. Ver mulheres com corpos parecidos com o meu também levantando o movimento corpo livre me ajuda diariamente.

E: Lidar com a gordofobia não deve ter sido fácil, como foi para você enfrentar e superar essas situações tanto no ambiente profissional quanto pessoal? 

AL: Lidar com a gordofobia segue sendo um desafio. A pauta não é de interesse social, não a fundo. As pessoas realmente só se preocupam quando ofendem alguém. Então, estar num lugar de responsabilidade, me fez não mais calar para caber nos lugares. Ao gesto mais sútil de gordofobia, demonstro não estar à vontade e aponto o erro. Finalmente entendo que, hoje, estar num lugar de pessoa pública é estar em movimento recorrente de “explicar” o que é gordofobia, mas sinceramente me recuso a explicar o óbvio. Meu jeito de lidar com isso é usando de fato o meu lugar de fala para conscientizar outras pessoas. Não num lugar de explicar nada, mas sim de experiências pessoais.

E: Trabalhar com nomes muito conhecidos como Maísa e Larissa Manoela deve ter sido uma experiência interessante. Pode nos contar mais sobre a dinâmica entre o elenco no set de filmagens?

AL: Trabalhar com elas foi um grande privilégio! As meninas são super receptivas, acolhedoras e espontâneas. Abriram um espaço incrível pra mim nos bastidores, em que conversávamos sobre várias coisas fora de cena, o que nos ajudava a contracenar de forma mais natural e espontânea. Recebi muito apoio de todo elenco, fui muito bem recebida! Todos ali tínhamos um respeito imenso pelo trabalho de cada um, além da construção de uma confiança única. 

E: Você está envolvida em novos projetos como um curta de terror e uma peça solo. Pode nos dar um spoiler do que vem por aí? 

AL: Brutalista, o curta que gravei, com certeza traz outra face do meu perfil no audiovisual. Isso pra mim foi interessante! Poder trazer esse lado numa temática tão importante quanto a apatia. A minha peça solo, Cadê a Outra? Cantos Cênicos de Um Corpo Duplo, é uma grande junção de vários pensamentos meus sobre minha irmã gêmea que não nasceu, e sua relação comigo, no lugar do “e se?”. Essa peça é como se fosse camadas experimentais daquilo que não só sei quem sou, mas que quero descobrir. 

E: Para finalizar, você já brilha no teatro e está conquistando seu espaço no audiovisual. Qual o próximo grande desafio que deseja enfrentar na sua carreira?

AL: Quero muito fazer uma novela e conhecer mais parceiros de teatro aqui em São Paulo. Sinto que ainda conheço poucas pessoas, então gostaria de mergulhar cada vez mais fundo nesse universo. Além disso, tô muito pronta pra tudo que o audiovisual possa me abraçar, desvendando esse universo cada vez mais.

 

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Texto revisado por Alexia Friedmann

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