A Morgana de Malhação cresceu e se tornou assistente de produção da Tomorrow
O tempo voou, amor. Cacá Ottoni ficou conhecida nacionalmente como Morgana, em Malhação (2012), quando era apenas uma jovem adulta de 21 anos. A carioca hoje em dia tem 32 anos de muita trajetória artística – e ela brilha! Formada em Artes Cênicas na UNIRIO (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro), já estrelou várias peças e séries como: Vizinhos (2015), Sob Pressão (2017) e Histórias Quase Verdadeiras (2023) – todas disponíveis no Globoplay.
Ela é vencedora do prêmio de Melhor Atriz do FestCine Maracanaú, por sua performance no filme Os Caubóis do Apocalipse (2017), e ganhou indicação de Melhor Atriz no LABRFF (Los Angeles Brazilian Film Festival).

Cacá está dando vida à Marieta, assistente de produção e secretária de Renato (João Vicente de Castro) na agência de conteúdo Tomorrow – essa personagem era interpretada por Rita Malot na primeira versão de Vale Tudo (1988). Saiba mais sobre a atriz e conheça seu trabalho:
Entretetizei: Olá, Cacá! Como foi a fase de testes para viver Marieta, secretária e assistente de produção na Tomorrow, em Vale Tudo?
Cacá Ottoni: Não fiz teste especificamente para viver Marieta. Trabalhei com a Manuela Dias e com parte da equipe de direção e produção da nova versão de Vale Tudo em Amor de Mãe (2019). Na sequência, fiz teste para Justiça 2 (2024) e bati na trave, mas lembraram de mim durante a escalação do remake! Durmo e acordo agradecendo por esse momento, inclusive.
E: Você teve a oportunidade de conversar com Rita Malot, a atriz que fez a sua personagem na primeira versão?
CO: Não tive ainda, adoraria encontrá-la! Comecei a acompanhar sua trajetória via Instagram. Vou tomar coragem e mandar um direct pra gente tomar um café e conto pra vocês na próxima como foi.
E: Qual método de atuação você está utilizando para dar o seu toque pessoal a uma personagem que já existia?
CO: Eu não utilizo um método específico. Ao longo da minha trajetória como atriz experimentei muitas ferramentas, oriundas de escolas absolutamente distintas. Gosto de muitas ferramentas da Ivana Chubbuck, como a substituição e a personalização, e amo uma sala de ensaio com exercícios corporais e dinâmicas que trabalhem mais a subjetividade das personagens. Em Vale Tudo tivemos o luxo de nos prepararmos com a Cris Moura e a Marcia Rubin. Os encontros com elas nos ajudaram a nos formar como um grupo e, para mim, isso fica nítido na tela. Em todos os meus últimos trabalhos me preparei também com um amigo, Guilhermo Marcondes – que tem um centro de treinamento de atores e é obcecado pelo que faz. Adoro construir personagem com ele, por ser altamente detalhista. Sabe aquela pessoa que esquece de almoçar quando está trabalhando? Guilhermo é desses.
E: Você e Alice Wegmann atuaram juntas em Malhação (2012). Como é dividir cenas novamente com uma ex-colega de elenco?
CO: Alice é uma das pessoas mais maravilhosas do mundo! Ela protagonizou a Malhação: Intensa como a Vida quando tinha 16 anos, então na época a idade fazia uma diferença. Eu não saía tanto com a Alice, até porque ela era menor de idade, mas já a admirava à beça. Agora que a gente se reencontrou em outra fase, não sei o que dizer. Além de excelente atriz, ela é divertida, animadíssima, agregadora, inteligente, leitora, boa de papo… Desconfio ser impossível não amar a Alice.

E: Você nasceu no Rio, mas morou por muitos anos em Nova Friburgo – cidade natal da entrevistadora. Como foi sair de uma cidade pequena na região serrana e ir atrás dos seus sonhos no Rio, com apenas 17 anos?
CO: Morei em Friburgo durante dois períodos da minha vida: a primeira vez, com dois anos de idade, quando meus irmãos nasceram, eles são friburguenses. Mas aos quatro já estava de volta ao Rio. Depois morei em Friburgo dos 13 aos 17. Uma fase muito marcante da vida, né? Então tenho uma relação muito grande com a cidade, com amigos que fiz por lá e que levarei pra sempre comigo.
Minha melhor amiga é de Nova Friburgo. Beijo, Júlia Pimenta! Te amo! (risos). Mas aos 17 fui convidada através de um curso a entrar em cartaz com a Cia de Teatro do Nada, no Sérgio Porto. Lembro de falar desesperada para o meu pai que não podia perder essa oportunidade e ele me apoiar com um: bora dar um jeito! O jeito foi dividir apartamento com um amigo da minha idade e a irmã dele, recuperar a bolsa que eu tinha na escola, aprender a cozinhar e a cuidar de uma casa. Foi uma das melhores fases da minha vida! Todas as festas da minha turma do colégio aconteciam na minha casa. Ao mesmo tempo vejo o quanto eu era responsável: não faltava aula na escola, nem ensaio, ia direto da aula à noite para o teatro na quinta-feira, então assistia a aula já de figurino (risos). Acredito que tenha sido o momento de maior aprendizado da minha vida.
E: Em Amor de Mãe, também escrita por Manuela Dias, você viveu Joana, uma jovem que precisava convencer o pai a deixá-la estudar. Você já conheceu alguém que enfrentou esse tipo de desafio? Como foi interpretar a personagem?
CO: É muito absurdo que a educação seja tratada como privilégio no Brasil. Estudar deveria ser considerado direito básico, mas a necessidade faz com que muitas famílias precisem da ajuda dos filhos para complementar a renda em casa e colocar comida na mesa. Dei aula de teatro no Complexo da Maré, através da Redes, uma ONG super comprometida e atuante na Nova Holanda – onde trabalhei. E me surpreendi ao me deparar com a priorização total do estudo pelas famílias com as quais eu lidava. Para fazer a Joana, em Amor de Mãe, estudei a primavera secundarista, mobilização estudantil que acarretou na ocupação de diversas escolas em 2016 e, sem dúvida, o movimento que mais me emocionou nos últimos anos. Foi impressionante acompanhar o empoderamento que a autonomia proporcionou aos estudantes. As escolas se tornaram vivas na medida em que os alunos se apropriaram daquele espaço. Foi maravilhoso viver a Joana e trazer para o horário nobre um assunto tão essencial que é a educação no Brasil.
E: Você foi indicada ao prêmio de Melhor Atriz no LABRFF por Canastra Suja (2016), ao lado de grandes nomes como Adriana Esteves e Bianca Bin. Como recebeu essa indicação e o que significou para você?
CO: Eu tinha acabado de parir quando soube da indicação (risos), por isso acho que a ficha caiu só depois. Trabalhar com a Adriana é uma das melhores coisas que pode acontecer na vida de uma atriz ou de um ator – ela dá aulas sem perceber, e de graça. E a Bianca é fantástica também, generosa, madura, acessa qualquer emoção com uma velocidade impressionante. O que mais gosto dessa história é que, anos mais tarde, meu amigo ator e companheiro de cena no Canastra, João Vancini, me disse que uma jurada do festival falou para o diretor que não fui a vencedora por acreditarem que eu era de fato autista – achei o maior elogio que eu poderia receber!
E: Cacá, desejo muito sucesso nessa nova fase! Para encerrar, o que o público pode aprender com Marieta?
CO: Muito obrigada! A Marieta é gentil, sem perder a personalidade. Além disso, é dedicada e trabalha com amor, que pra quem ainda não sabe: é o verdadeiro segredo do sucesso.
Está gostando das entrevistas com os atores de Vale Tudo? Quem deve ser o próximo entrevistado? Confesso que me diverti muito com as respostas bem-humoradas da Cacá! Compartilhe com o Entretê suas respostas – Instagram, Facebook, X – e nos siga para ficar pertinho dos seus artistas favoritos!
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Texto revisado por Larissa Suellen