Foto: divulgação/Hello Fotoarte/Carolina Romano

Entrevista | Carolina Romano fala sobre sua nova peça Exausta, em Cena

Em seu monólogo, a atriz aborda problemáticas do uso das redes sociais

 

A atriz e roteirista Carolina Romano apresenta o monólogo Exausta, em Cena, onde aborda a influência das redes sociais na vida de todos que a usam, além de debater sobre a falsa sensação de aceitação que a internet é capaz de proporcionar. 

A produção – criada, escrita e protagonizada pela atriz que ainda participa como produtora executiva – surgiu durante a pandemia, quando Carolina publicou um vídeo nas redes sociais sobre estar exausta e o filme viralizou. Ela então produziu outros curtas-metragens com a personagem, os quais também foram bem recebidos pelo público, que se identificava com a narrativa.

Carolina celebra sete anos de carreira, com dezenas de peças de teatro no currículo, mas foi a peça Caso Cabaré Prive que a fez alçar voos maiores. A produção, que foi exibida virtualmente entre os anos de 2020 e 2021, apresentava uma peça imersiva através do zoom, onde os atores usavam suas próprias casas como cenário e interagiam com o público que os assistia ao vivo. A obra ainda conquistou diversos prêmios, como Melhor Peça Jovem e Melhor Peça Online pelo APCA 2021.

A atriz consegue explorar as possibilidades que a internet pode oferecer para sua arte, e foi através dela que Carolina também protagonizou a série independente MANU, que contou com duas temporadas lançadas no Youtube, e Só Queria que Você Soubesse, uma série feita exclusivamente para o Instagram e Tiktok.

Em entrevista ao Entretê, a atriz conta sobre sua temporada com a nova peça, como é trabalhar com artes e audiovisual na internet e seus próximos projetos. Confira: 

Entretetizei: Seus sete anos de carreira estão sendo comemorados em grande estilo com a estreia do monólogo Exausta, em Cena, que aborda temas importantes a respeito das redes sociais. Como atriz, como você vê a importância de trabalhar e falar sobre o tema?

Carolina Romano: Eu acredito que é um tema muito relevante para a nova geração de artistas. Sempre existe uma relação com as redes sociais – seja ela positiva ou negativa. Precisamos delas, precisamos nos divulgar, ser vistos, existir, contar que estamos trabalhando, que estamos em um projeto novo ou algo do tipo. Ao mesmo tempo que existe essa projeção de número de seguidores, de viralizar, de engajar. Existe aquele lugar cruel para o qual a internet nos joga, de precisar produzir constantemente, ou mesmo que você poste algo super relevante isso não vai chegar em ninguém.

Acredito que seja importante aprender a usar de maneira saudável, mas precisamos falar sobre isso, não adianta simplesmente achar ruim e continuar ali, entende? Eu acho que as redes sociais podem ser grandes aliadas das artes, contanto que a gente construa uma relação mais saudável com elas.

E: Ainda sobre Exausta, em Cena, como foi o processo de desenvolvimento da produção, já que você além de protagonizar ainda é responsável pela criação e roteiro?

CR: Eu queria fazer isso acontecer de qualquer jeito! Eu não tinha grana, mas tinha uma ideia, muita vontade de realizar e grandes parceiros. A peça se desenvolveu dentro do Pequeno Ato – um teatro aqui de São Paulo em que eu trabalho faz quase três anos já. E o diretor e dono do espaço, Pedro Granato, acreditou nesse projeto desde o início, me dando o apoio para eu poder ensaiar lá. A diretora entrou na mesma onda, ela acreditou muito no projeto e estava numa época que a grana não era o mais importante, e aí juntas, embarcamos nesse processo.

Eu fiz literalmente tudo para que essa peça acontecesse, fui de pessoa em pessoa apresentar o projeto, escolhi a equipe de produção, a equipe técnica, fiz a divulgação, chamei conhecido por conhecido para ir assistir, insisti mesmo para o negócio acontecer.

Eu não sou produtora, sou atriz, mas percebi que todo o projeto estava dentro de mim, da minha cabeça, ninguém sabia mais sobre ele do que eu. Portanto, ninguém tomava nenhuma decisão sem que isso passasse por mim, então assumi essa função pra mim e o que eu não sabia, eu aprendi! E aí, fui na fúria divulgar a temporada para poder dividir a bilheteria com todos os envolvidos. Eu trabalhei muito mesmo para que essa peça fosse realizada.

E: Sua história com as artes se iniciou ainda na infância, seu sonho sempre foi ser atriz?

CR: Sempre! Desde que eu tinha quatro ou seis anos de idade e minha mãe me levou para assistir uma peça do Castelo Rá-Tim-Bum. Eu nunca mais quis fazer outra coisa da minha vida que não fosse isso.

E: As redes sociais foram os veículos em que alguns de seus trabalhos ganharam vida, como MANU e Só Queria que Você Soubesse. Como é enquanto profissional levar sua arte através da internet e viralizar com ela?

CR: Eu amo a internet! Acho democrática, dinâmica. Chega em gente que eu nunca atingiria a não ser que eu fosse uma grande estrela e isso me encanta. Até porque é o lugar que você percebe que tem gente te acompanhando desde o comecinho, isso é muito legal!

Foto: divulgação/Hello Fotoarte/Carolina Romano
E: Como foi participar do musical Caso Cabaré Prive que era apresentado de forma online? Existe algum plano de levar o espetáculo para o presencial?

CR: Foi muito divertido! É um dos espetáculos pelos quais eu mais tenho carinho na minha jornada. Como muitos, começamos no presencial, mas depois, não apenas adaptamos para o online, como montamos o roteiro em cima da plataforma do zoom. Ou seja, virou um espetáculo fruto do seu tempo, virou algo diferente, gosto até de chamar de vanguardista (risos). 

Não é à toa que perdurou bastante durante a pandemia e que ainda ganhamos prêmios com ele e participamos de festivais ao lado de estrelas gigantes do nosso teatro. Não existe nada no horizonte para transformá-lo num espetáculo presencial, mas admito que eu ficaria muito feliz se a gente fizesse isso.

E: Quais objetivos você sonha em conquistar profissionalmente?

CR: O audiovisual. Acho que, com certeza, é meu sonho mais latente como atriz. Estar na tv, nos streamings, no cinema. Eu sempre quis pelo formato, mas hoje vai para além disso, o Brasil vem contando histórias maravilhosas das quais eu gostaria muito de fazer parte. E acredito que novas personagens, menos tradicionais, estão surgindo nessas histórias e que meu perfil rima muito com isso.

Quero também me manter no teatro, criar novas coisas, estar sempre em cena, trabalhar com gente nova, fazer coisas autorais e coisas não-autorais. Meu barato é estar no palco!

E: Por fim, quais seus projetos após finalizar as sessões de Exausta, em Cena? 

CR: Para o segundo semestre, vou ensaiar um novo espetáculo chamado Peça Plástica. É uma personagem bem diferente do que tenho feito, e isso me anima bastante. Estou animada para esse projeto ganhar vida. Em termos autorais, comecei esse mês a escrever mais um espetáculo, não há nada muito concreto, mas posso dizer que envolve uma relação de mãe e filha e que já tenho a atriz que fará minha mãe.

 

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Texto revisado por Kalylle Isse

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