Entrevista Exclusiva | Adriana Llabrés conta sobre suas experiências como atriz e produtora

A atriz de Todo o Silêncio conversou com o Entretetizei sobre seu novo filme

Adriana Llabrés, protagonista e produtora de Todo o Silêncio, já trabalhou no teatro, televisão e cinema. A atriz interpretou Ruth em Narcos: México, estrelou peças como Vanya“, “La Gaviota” e “El Zoológico de Cristal“, viveu e produziu Sandra em Consentimento e estudou em academias renomadas de Londres e Nova York. 

Em Todo o Silêncio, dirigido por Diego del Río, Adriana interpreta Miriam. Professora de língua de sinais e atriz, Miriam sempre foi cercada por pessoas surdas em sua vida – incluindo sua mãe e Lola, sua parceira – e agora precisa enfrentar o conflito de perder a sua própria audição. O filme foi exibido no 25º Festival Internacional de Filme do Rio de Janeiro em outubro deste ano.

Foto: reprodução/Festival do Rio

O Entretê conversou com exclusividade com a atriz, que falou sobre sua experiência atuando e produzindo em diversos formatos e seu novo filme Todo o Silêncio. Confira:

Entretetizei: Você estudou e construiu a sua carreira em diferentes lugares que possuem suas diferenças culturais e cinematográficas. Como você sente que isso te impactou? 

Adriana Llabrés: Acredito que me impactou de tal forma que posso ver diferentes estilos de atuação que funcionam e/ou me agradam, costumes e até como se conectar com as pessoas a partir do entendimento de suas idiossincrasias, mas sobretudo, me fez perceber que somos mais parecidos do que pensamos. Por trás das idiossincrasias e diferenças está o mais fundamental e isso é a sobrevivência, a alegria, o desejo de amar, ser amado, estar a salvo… 

Isso me impactou para criar personagens a partir do mais puro que tem o ser humano. Aí, por trás de muitas camadas, nossos instintos são animais, então trabalho sempre incorporando isso e noto que o meu melhor desempenho é quando ele sai de um lugar amoroso.

De maneira mais técnica, aprendi várias maneiras de abordar os textos, estilos e maneiras de se aproximar de uma personagem. E sigo aprendendo e explorando. Suponho que onde isso mais me ajudou foi em encontrar diversidade no campo de jogo para ser mais seletivo quando chega a uma personagem. Não só encarar as minhas personagens da mesma maneira. A minha intuição me diz que técnicas usar, mas sim, conheço muitas que me diferenciam e que sei usar. 

Foto: reprodução/IMDb

E: Como funciona a junção de lugares, culturas e técnicas para você como atriz? Saberia dizer algo de cada lugar que passou, como Londres, Nova York, México e até mesmo outros lugares que, de alguma forma, participaram na construção de Adriana como atriz?

A: Mmmh… em Londres, teve uma audição que eu fiz, o diretor começou a me fazer perguntas como se eu fosse uma bailarina, e eu o respondi como se fosse. Tive um momento de confusão onde duvidei se estávamos jogando um jogo ou não. Ele me perguntou “há quanto tempo você estuda dança?”, eu disse que desde pequena era a minha paixão. Enquanto ficava na ponta dos pés, caía de novo e de novo, porque não sou realmente bailarina. 

Foi um momento muito cômico em que nós dois estávamos muito sérios. Acredito que naquele dia aprendi a magia do consentimento e levar a comédia ao sério. Tento sempre levar isso às minhas personagens. O involuntariamente cômico. 

Em Nova York, em algum momento me disseram “porque não é mais latina?”. Quando pedi que me explicassem, me disseram que queriam que eu fosse mais barulhenta, maior… foi uma pena que a forma como disseram isso tenha sido tão grosseira. 

Entendo o que queriam dizer a respeito da minha corporalidade e expressividade, e posso absorver alguma informação útil desse comentário, mas também a ideia de ter que caber numa ideia de como somos nós, latinos, fez eu me questionar que talvez, o único lugar em que era possível trabalhar nos EUA, era amplificando a minha latinidade a expectativa estrangeira. 

Procuro justamente não ter que representar o estereótipo. Não acredito que irei vencer o sistema, mas pelo menos por agora quero focar em contar histórias de personagens que existem, sem ter que adicionar folclore a eles. Espero que logo possamos ver latinos protagonizando projetos nos Estados Unidos sem ter que dar explicações de porque estamos assistindo a história de um latino. Simplesmente a história de uma pessoa, e pronto.

E no México, encontro a oportunidade de fazer personagens de todos os tipos. Laura de “El zoológico de cristal”, Masha em “La Gaviota”, tenho a oportunidade de interpretar personagens de todo lugar e isso tem sido uma grande forma de experimentar e crescer como atriz. Aplico as “antíteses” que aprendi em Londres, a corporalidade que aprendi em Nova York e sigo aprendendo.

E: Tem alguma coisa ou inspiração que aprendeu com o Brasil?

A: Me inspira muito a similaridade dos nossos idiomas e que podemos entender uns aos outros, inclusive falando cada um espanhol e português. No Festival do Rio achei fascinante a cordialidade e a boa vibração. É possível sentir o calor latino. Gosto do cinema daqui e espero um dia poder trabalhar nesse país. 

Foto: reprodução/Paloma&Nacho

E: Claramente, você se deslocou entre diferentes formas de interpretação, seja teatro, cinema ou televisão. E agora, está presente também nos bastidores, como produtora. O que você mais gosta como produtora e como é conhecer mais um segmento no audiovisual? 

A: Quero conhecer mais a produção no teatro e continuar no cinema. Gostaria de explorar as relações de amizade entre mulheres e o conceito de diversidade em relação à idade. Comecei a produzir porque não estava vendo os projetos que queria ver nas telas. Quero trabalhar a partir disso! De ver projetos que gostaria que existissem. 

E: Onde se encontra Miriam, personagem principal de Todo o Silêncio, entre a sua lista tão extensa de personagens? Foi um desafio para você interpretá-la com toda a sensibilidade de sua história? Você já tinha alguma relação prévia com o tópico ou a linguagem de sinais e a surdez foi mais um desafio para interpretar a personagem? 

A: Miriam é um desafio sobretudo porque sinto que ela me transporta para o cinema. Foi muito desafiador fazer uma personagem que se expressa através dos sinais em momentos muito emocionais e ainda fazê-lo como se fosse a sua língua materna. 

Há algum tempo fiz uma peça de teatro onde aprendi alguns sinais, desta vez me preparei por um ano e meio antes do início das filmagens do filme para conseguir essa naturalidade. A surdez é um tema importante para mim porque, na minha vida, conheci vários surdos e me chama a atenção como que não é um grupo que vemos integrado a outros grupos. Me parece importante questionar isso. Mas, sim. Miriam foi uma das personagens mais desafiadoras da minha vida. 

E: O que você aprendeu com Miriam? Qual a mensagem que você gostaria de passar ao público com ela que não está tão explícita no filme? 

A: Algo que eu gosto muito no filme é a temática LGBTQI+, não se explica, estamos vendo um casal que se ama. Não explicamos porque Miriam e Lola são namoradas, ou porque vamos assistir a sua história. Simplesmente é. Creio que fala sobre paciência, amizade e empatia. 

Foto: reprodução/IMDb

E: Como descreveria Todo o Silêncio para convencer alguém a assistir ao filme?

A: É um filme inteligente sobre um casal cuja forma de se comunicar muda. E é a trajetória de uma mulher em que a sua identidade se transforma. É um filme amoroso e doloroso que você vai gostar muito.

 

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*Crédito da foto de destaque: reprodução/ IMDb

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