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Foto: reprodução/Gabriela Kulaif

Entrevista | Gabriela Kulaif fala sobre unir arte e propósito no cinema

Atriz e produtora comenta sobre seu novo filme, BitterSweet, onde aborda autismo e representatividade

 

Atriz, produtora e à frente de sua própria história, Gabriela Kulaif tem conquistado espaço no cenário internacional com um projeto tão pessoal quanto potente. Em BitterSweet, filme inspirado em sua vivência com o marido, o ator e diretor Steven Martini, diagnosticado com autismo na vida adulta, Gabriela entra em cena ao lado de nomes como Erik Marmo e William Baldwin. Mais do que atuar, ela também assina a produção da obra, que já circula por festivais e teve três exibições no prestigiado Marché du Film, em Cannes. O longa se aprofunda nas complexidades emocionais e sociais de uma família autista e mostra como a arte pode se tornar uma ferramenta de cura.

Nascida em São Paulo e há mais de duas décadas vivendo em Los Angeles, Gabriela tem uma trajetória de coragem e paixão pelas artes. Subiu ao palco pela primeira vez aos 17 anos e conciliou a formação em Teatro com a de Publicidade. Mãe aos 18, a atriz atravessou fronteiras — literalmente — ao se mudar sozinha para os Estados Unidos com o filho pequeno, onde trabalhou como publicitária, jornalista, professora de Reiki e Yoga, e fotógrafa, até reencontrar sua vocação como atriz. Hoje, além de BitterSweet, ela acumula no currículo o longa Fourth Grade (2021), de Marcelo Galvão, e o terror Holistay (2022), em que também atua ao lado do marido.

Ao Entretê a atriz fala sobre o processo emocional de transformar sua história em cinema e comenta os desafios e conquistas de ser uma artista brasileira em Hollywood, confira:

 

Entretetizei: Como foi para você reviver momentos tão intensos da sua vida em BitterSweet? Houve alguma cena que foi especialmente difícil de filmar?

Gabriela Kulaif: A energia no set de filmagem de BitterSweet foi muito positiva, e apesar de a história ter sido baseada em um acontecimento triste e dramático, o roteiro transformou a história mais em uma comédia romântica do que drama, então, atuar foi na maior parte super divertido e leve. Apenas senti o baque quando assisti o filme editado pela primeira vez e realizei que aquilo tinha acontecido comigo.

E: Você já declarou que o diagnóstico de Steven fez tudo se encaixar na sua vida. Como foi esse processo emocional para você, tanto como esposa quanto como mãe?

GK: O diagnóstico do Steven foi um divisor de águas na nossa relação e na vida dele pessoal também. Nosso relacionamento mudou totalmente, eu comecei a entender ele melhor e ele também a entender a si próprio. Fora as ferramentas que são dadas quando começamos a ler e estudar e ajudam demais. A mesma coisa quando meu filho foi diagnosticado no espectro autista, com 4 anos, os meltdowns dele melhoraram, e eu aprendi ferramentas de como lidar melhor com o comportamento dele.

E: Sair do Brasil aos 27 anos com um filho pequeno e sem garantias na carreira artística, não é fácil. Olhando para trás, qual foi o momento mais desafiador dessa mudança? E quando começou a sentir que realmente estava conquistando seu espaço?

GK: Quando mudei para os Estados Unidos nem me passava na cabeça voltar a atuar, na época eu trabalhava como publicitária e fui direto trabalhar em uma agência de propaganda em Miami. Depois descobri o Reiki e Yoga e passei anos estudando e trabalhando nessa área de autoconhecimento e cura. Cheguei a fazer alguns cursos de atuação quando mudei para Los Angeles, mas, por divertimento, por que sempre amei atuar. Foi só quando o Steven escreveu esse roteiro e me disse que queria que eu atuasse nele, que reacendeu a atriz em mim, e eu obviamente amei o convite e entrei de cabeça no meu primeiro longa. Antes disso eu só tinha atuado em peças de teatro e comerciais no Brasil, anos atrás, então peguei um coach maravilhoso que me preparou para o papel.

Foto: reprodução/Gabriela Kulaif

E: Você já foi publicitária, jornalista, professora de Reiki e de Yoga. Essas experiências influenciam sua forma de contar histórias no cinema?⁠ De que forma? 

GK: Influenciam completamente, o cinema, a atuação é pura expressão de quem somos, então, organicamente, isso já transparece na história e na atuação, especialmente na personagem da Gigi em BitterSweet, que foi inspirada em mim. Ela é super esotérica, defuma a casa, cheia de cristais, medita, faz Yoga, fala de Astrologia. Mas também depende, já outro filme que atuei, de terror, minha personagem Gia não tinha nada disso, ela é mais uma vilã.

E: Atuar no Brasil é um desejo seu. Existe algum diretor ou projeto brasileiro com o qual sonha em trabalhar? O que te atrai no cinema nacional?

GK: Honestamente não tenho um projeto ou diretor específico em mente, minha vontade de atuar no Brasil é mais para ter uma desculpa boa para ficar mais perto da minha família e amigos.

 

E: Depois de BitterSweet, qual história você ainda deseja contar, seja atuando ou produzindo? O que podemos esperar de sua marca na indústria do cinema?

GK: Minha marca no cinema ou qualquer projeto que eu criar vai ser sempre ligada a uma causa ou uma mensagem que faça a vida da humanidade melhor. Eu sei que minha missão na terra é essa e vou cumpri-la através de qualquer trabalho que eu fizer.

 

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Texto revisado por Laura Maria Fernandes de Carvalho

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