Entrevista I Vanessa Bauche fala sobre sua carreira, a importância do trabalho social e seu personagem na série Guerra de Vizinhos

Em entrevista exclusiva, a atriz comentou sobre a série Guerra de vizinhos que conta com um papel protagônico

 

Comemorando 33 anos de carreira, a atriz mexicana Vanessa Bauche possui um grande currículo artístico que lhe rendeu muitas indicações e prêmios ao longo dos anos. Sua carreira começou em agosto de 1987 com a novela Dos Vidas e a partir de aí foram diversos trabalhos no cinema, em teatros, telenovelas, até sua mais nova estreia em Guerra de Vizinhos

A inspiração por trilhar esse caminho já vinha passando desde muitas gerações. Seu pai, precursor da Bossa Nova no México, fez com que Vanessa vivenciasse desde muito cedo a experiência artística:Cresci  em um ambiente lúdico e boêmio, em um ambiente muito atípico, com  muito movimento de turnês o tempo todo. A gente (atriz e o irmão) sabia que de alguma forma nos íamos dedicar a isso, porque já trouxemos no sangue.” Conta Vanessa

Carreira

Vanessa comentou sobre a importância de ser congruente na hora de escolher os papéis que um ator irá interpretar: “Não gosto de aceitar projetos que eu não acho que vão me trazer crescimento, naqueles em que eu não acredito, eu acho antiético”, e completa:  “Você está contando histórias, materializando histórias inspiradas em vidas reais na maior parte do  tempo. Que se você não acredita nelas em 100%, me parece uma falta de respeito por si mesmo,sua profissão e uma perda de tempo. Ainda mais agora que estamos arriscando nossas vidas para sair para trabalhar.” 

Foto: Divulgação

Ao longo dos seus 33 anos de carreira, a atriz passou pela transição do audiovisual quanto às narrativas contadas. Novas histórias, abordadas desde a necessidade de trazer questões sociais latentes na nossa sociedade. Quando questionada, a atriz disse se sentir feliz por fazer parte dessa mudança. “Tenho mais de 20 anos de trabalho social, tenho um compromisso como promotora cultural e pelos nossos direitos como mulheres e como atrizes também, há mais de 20 anos. (…) Meu primeiro papel de protagonista, quando filmamos, filmamos há mais de 20 anos e é um filme que não foi tão bem valorizado porque naquela época ninguém estava falando sobre uma perspectiva de gênero ou empoderamento feminino”, lamenta. Un año perdido, dirigido por Gerardo Lara, conta a história de jovens mulheres nos anos 70, que lutando contra seu entorno machista, decidem estudar. 

Credibiliza a Netflix e às demais plataformas de streaming pela oportunidade de ver a mudança estampada nos novos projetos: “A perspectiva de gênero, ou seja, que já possamos falar sobre isso nas novas narrativas, como é o caso da Guerra de Vizinhos, onde eu tenho uma filha feminista que fala sobre isso, me enche de emoção, de lágrimas, de felicidade. Por que também são questões que devem ser tratadas a partir da criação.” 

Guerra de Vizinhos

A série estreou em julho deste ano na Netflix. Dirigida por Fernando Sariñana e Carolina Rivera, mesmos diretores do sucesso Mãe Só Há Duas, conta a história de Leonor (Vanessa Bauche), que após ganhar uma mansão em um sorteio, precisará lidar com sua nova e não tão simpática vizinha Silvia (Ana Layevska). 

As risadas estão garantidas, mas junto a elas, muitas reflexões. O tradicional “humor ácido” produzido no México, aborda temáticas que estão em pauta na nossa sociedade. “Na realidade, Guerra de Vizinhos é uma batalha contra o preconceito. É uma história que fala de muitas coisas muito importantes, como o amor em família, como o amor comunitário.

Foto: Divulgação Netflix

É uma história que fala da boa educação, de uma educação onde tem que haver uma perspectiva de gênero, novas masculinidades, porque além disso não há homens machistas, embora sejam, mas não sejam homens violentos, são homens machistas sem perceber.” Reflexiona.

 “Há também essa necessidade que os jovens estão tendo de serem influenciadores, acreditando que esta é uma carreira de sucesso e acreditando que o sucesso está no número de seguidores, colocando sua vida em risco (…) A bulimia. A questão de objetificar as mulheres naquela família, onde o pai lhe diz que ela é o acessório mais bonito que eles têm e por isso que ela não pode jogar futebol. São coisas muito difíceis e que devemos prestar atenção porque não percebemos a micro-violência que nós mesmos replicamos todos os dias, tanto na família quanto no resto de nossos relacionamentos”

 

Feminismo e trabalhos sociais

Nunca olhei para projetos que diminuíssem as mulheres latinas, nem a nossa latinidade, embora fosse a tendência nos últimos 10 anos. Eu sempre lutei por valores, pelos direitos humanos, pela igualdade de gênero, então sinto que de alguma forma meu próprio caminho de ser congruente, também fiz a minha parte nessa transformação.” A frase dita pela atriz diz muito sobre a carreira que buscou construir. 

 “Quando comecei minha carreira há 33 anos, era impensável. Era inimaginável pensar que em um conteúdo audiovisual, as mulheres pardas poderiam estar estrelando

 Apenas 3% dos protagonistas no México entre filmes, séries e telenovelas são de pele marrom, em um país que é 80% ou mais de 80% tem tez morena. Não há atores ou atrizes de ascendência africana na tela.” No entanto, Vanessa diz acreditar que as mudanças estão acontecendo: “estamos vivendo um momento muito importante em que todas essas exclusões e discriminações que têm sido perpetradas durante anos por emissoras de televisão aberta estão mudando. Assim como o cinema, Hollywood está mudando. 

Graças ao nascimento, a ascensão da Netflix e de todas as outras plataformas e, claro, também para os movimentos de equidade de gênero e direitos humanos em todo o mundo.” 

“Guerra de Vizinhos é inspirado por mulheres da vida real. Todas as mulheres que interpretei foram escritas por uma mulher da vida real ou por muitas mulheres da vida real e minha intenção é que alguém do espectador da plateia se identifique com essa história a fim de alcançar uma mudança de consciência.(…) Neste caso como Leonor, que é uma mulher com uma extraordinária inteligência emocional como milhões de mulheres latino-americanas da classe trabalhadora que são chefes de família que têm um fluxo de empregos, mas que não perdem o senso de humor.

“Sou muito grata ao público que nos colocou em primeiro lugar desde o dia de sua estreia até 2 semanas e Cacho em primeiro lugar, e ainda estamos no top 10 nacional e no segundo dia entramos no top 10 do mundo e estamos muito felizes e gratos pelos temas que são abordados. (…) são questões muito importantes que têm que ser discutidas, repito como uma família, além de rir, além do fato de que podemos abraçá-los com esse remédio para a alma.“

Confira a entrevista: 

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*Crédito da foto de destaque: Telemundo

 

 

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