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Ingrid Gaigher Vale Tudo
Foto: divulgação/Globo/Fábio Rocha

Entrevista | Ingrid Gaigher abre o jogo sobre assumir papel de Maria Gladys em Vale Tudo

A atriz já é conhecida por sua atuação em diversos musicais e séries. Em entrevista exclusiva para o Entretetizei, ela comenta sobre sua nova personagem e fala sobre carreira

Ingrid Gaigher é uma carioca de 33 anos que deu vida à Leona – atuando pela primeira vez em uma telenovela – sobrinha de Carmem (Julia Lemmertz), em Quanto Mais Vida, Melhor! (2021). Mas o talento de Ingrid já é reconhecido há anos, seja no palcos, como nas adaptações brasileiras dos musicais da Broadway, Rent (2017) e West Side Story (2022), no streaming ou cinema. Ela conquista todos os formatos e públicos com a sua arte. Atriz, diretora e dramaturga, com bacharelado em artes cênicas na prestigiosa CAL (Casa das Artes de Laranjeiras) e agora dando mais um passo na sua carreira: estreando no horário nobre da segunda maior emissora do mundo. 

Ingrid Gaigher Vale Tudo
Foto: divulgação/Globo/Fábio Rocha

Ingrid interpretará Lucimar – personagem interpretada por Maria Gladys na primeira versão de Vale Tudo (1988). Conheça mais sobre a atriz e saiba o que esperar da nova Lucimar: 

Entretetizei: Olá, Ingrid! Você faz parte do elenco do remake de Vale Tudo, uma das novelas mais icônicas da teledramaturgia brasileira. Como foi o processo de testes para esse projeto? Você estava confiante?

Ingrid Gaigher: Eu estava morando em São Paulo, e meu agente mandou a seguinte pergunta: “Vamos fazer teste de Vale Tudo no Rio de Janeiro? A Patrícia Rache (produtora de elenco) quer te testar para Lucimar”. Eu, na hora, falei: “Óbvio, amanhã?!”. Alguns meses depois, escrevi para a Patrícia com medo de eles já terem encontrado a Lucimar, e de não ser mais necessário ser testada, e ela me respondeu: “Em breve te escrevo, os testes estão parados”. Algumas semanas depois, marcamos a data do teste, fui para o Rio, e tudo o que eu tinha era um texto e algumas informações sobre a personagem. Eu não tinha assistido Vale Tudo até então. No teste, já haviam algumas pessoas da equipe, como o Cris Marques, diretor geral que me dirigiu no teste e me deixou à vontade para experimentar, improvisar um pouco da veia cômica do personagem, para depois voltarmos ao texto e fazermos somente o que estava escrito. Teste em geral, para mim, é uma situação que me deixa ansiosa e nervosa com a exposição e com a falta de intimidade com o texto e com o personagem. Se tratando de Vale Tudo então, era nervosismo e muita vontade de estar no projeto, mas consegui respirar e brincar. Patrícia e Cris me apoiaram sendo muito receptivos, isso ajuda qualquer ator nesse momento.

E: Você dará sua própria assinatura para a Lucimar – interpretada por Maria Gladys na versão original. Inevitavelmente, o público fará comparações. Como você lida com críticas?

IG: Eu confesso que as futuras comparações passam, sim, pela minha cabeça quase todos os dias. Inevitável não pensar que temos referência de outra interpretação que foi icônica! Mas eu tento exercitar um filtro, o que for construtivo para a criação de Lucimar e para mim, enquanto atriz, vou estar aberta e atenta; afinal, críticas dessa forma são fundamentais para a evolução do nosso trabalho. Tento vê-las como um direcionamento, em muitos dos casos.

E: Lucimar é uma explosão, uma personagem aberta, comunicativa, com uma carga dramática e extremamente sincera. O que mais te encantou ao interpretá-la?

IG: Estou amando a sua simplicidade. A sinceridade e a comunicação dela vêm muito desse olhar simples para o mundo. Queria ser mais livre como ela, inclusive! Ela é liberta de uma autocrítica que a faça pensar com quem está falando, ou onde ou quando. Ela apenas fala o que sente, com ética, sempre. Isso faz com que ela não seja inconveniente, faz com que ela represente o que muitas vezes todo mundo está pensando e só ela diz. Acho essa virtude corajosa, acredito que representa muito a mulher brasileira, essa personalidade corajosa, simples e ética.

E: A autora Manuela Dias já adiantou algumas mudanças na trama. Uma delas é que Lucimar ganhará ainda mais destaque, sendo mãe solo de um filho com Vasco (Thiago Martins) e conciliando múltiplos trabalhos. Você estará dando voz a mais de 11 milhões de mulheres brasileiras que criam seus filhos sozinhas. Durante sua preparação, qual relato de mãe solo mais te emocionou?

IG: Sim, os dados me assustaram porque vivemos numa cultura que naturaliza a maternidade solo. Se formos entender os números, é como se tivéssemos um estado do Brasil inteiro só com famílias monoparentais chefiadas por mães. 

Um depoimento de uma mãe me emocionou muito. Ela está sendo processada por danos morais pelo pai da criança por desabafar na internet o que vive sendo mãe solo. Ele se sentiu exposto, mesmo que ela, em nenhum momento, revelasse seu nome e identidade. Isso, por si só, revela a solidão dessa mulher, que ainda assim encontra bom humor e leveza quando fala da filha, mesmo quando o cansaço a consome. 

Ela conta que o pai da bebê só viu a filha por chamada de vídeo duas vezes durante 1 ano, e não ajuda financeiramente em nada. Mesmo assim, posta viagens que ele faz para fora do país. Ou seja, não é um cara sem dinheiro para que justifique não estar presente financeiramente. Isso tudo me atravessou muito, porque é totalmente injusto e a sociedade normaliza esse tipo de atitude.

E: Como é a sua rotina durante as gravações?

IG: Geralmente, em dia de gravação, eu tento ter o mínimo de atividades possíveis fora do trabalho para concentrar minha energia. Quando chego, vou direto para a caracterização, porque Lucimar demanda uma montagem especial, de cabelo à maquiagem. É toda uma engenharia do cabelo dela, que é diferente do meu. É também o momento que uso para me concentrar e ir entrando na personagem. Geralmente, isso dura 1h15. Depois, se tiver tempo, releio o que estudei das cenas que faço no dia enquanto espero para gravar.

Ingrid Gaigher Vale Tudo
Foto: divulgação/Edu Vieira

E: Qual foi o melhor conselho artístico que você já recebeu?

IG: Tenha sempre seu trabalho artístico como forma de expressão. Pense no que você quer dizer com ele. Trabalhar para os outros é incrível e amamos estar contratados, mas quando você escreve, compõe, se expressa de alguma forma com o que você quer dizer, sua carreira e seu dom potencializam. Isso não veio só de uma pessoa, ouvi algumas vezes, e é com o que tento sempre estar em dia. Meus trabalhos autorais que me retomam quem eu sou.

E: Você escreveu e dirigiu, ao lado de Fausto Prieto, o curta Tiranossauro – O Filme. Como surgiu a ideia desse projeto?

IG: Em 2021, Fausto leu um diálogo que ele escreveu em que dois tiranossauros falam sobre a cultura da sociedade contemporânea, nossos costumes e o que a gente não aprendeu com uma espécie anterior à nossa que foi extinta da Terra. Achei esse diálogo genial e pensei em fazermos um curta sobre isso. Mas como fazer dois dinossauros conversando? Fiquei pensando por um tempo, e me veio a ideia de serem dois trabalhadores de lojas de brinquedos infantis, vestidos de tiranossauros filosofando sobre como o ser humano vive hoje. Ganhamos muitas camadas quando os personagens se tornam pessoas comuns que reconhecemos nas ruas, no dia a dia, numa megalópole como São Paulo. Foi incrível fazer!

E: Você estreou na novela Quanto Mais Vida, Melhor (2021), mas já brilhou no cinema e em séries como Carcereiros (2017) e Lov3 (2021). Qual formato você prefere: cinema, teatro, novela ou série?

IG: A novela está me proporcionando praticar muito mais o jogo da cena e gravar muitas por dia. Então, a agilidade, a inteligência cênica junto com as equipes que montam a cena numa novela é uma técnica totalmente diferente do tempo que temos para desenvolver uma obra no teatro. Neste, uma mesma cena é lapidada na sala de ensaio por meses, mas a relação da repetição traz outro domínio sobre o personagem e a passagem. Então, cada linguagem me desafia de uma forma. Posso dizer que o teatro é minha primeira casa, e a novela é uma nova paixão que me ensina diariamente.

E: Para encerrar, quero te desejar muito sucesso nessa nova fase da sua carreira. Qual mensagem você gostaria de deixar para os fãs de carteirinha de “Vale Tudo”?

IG: Muito obrigada, amei as perguntas! Posso afirmar, com toda certeza, que somos tão fãs de Vale Tudo quanto vocês! Estamos trabalhando para guardar a essência dos personagens e do que a obra trouxe na primeira versão. 

 

Você vai assistir Vale Tudo? A novela estreia no dia 31 de março, e acredito que a Ingrid vai conquistar o coração do Brasil com a icônica Lucimar. Compartilhe com o Entretê se você gostou da entrevista – Instagram, Facebook, X – e nos siga para ficar pertinho dos seus artistas favoritos! 

 

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Texto revisado por Layanne Rezende

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