Entrevista | Intolerantia é um alerta ao cenário violento da perseguição a fé no Oriente Médio

Se aprofundando em um assunto necessário e delicado, Intolerantia, de Uander Dias, busca fazer as pessoas saírem de suas bolhas

 

Infelizmente o mundo que vivemos ainda é tomado por muita violência, a perseguição e o preconceito ferem milhares de pessoas todos os dias. Foi pensando nos diversos casos de genocídio, intolerância, extremismo religioso e o terrorismo, que Uander Dias estreou como autor, com Intolerantia, publicado pela editora Viseu no dia 22 de agosto de 2022.

Foto: reprodução/Instagram/@uanderdias

 

Sobre a obra

 

A chave essencial para uma sociedade mais justa e igualitária é a tolerância. Porém, o termo em questão tem um desconhecimento prático, o que leva à complexidade do tema. Abordando as manifestações de ódio sofridas por minorias, a teoria pouco produtiva dos direitos internacionais e a cruel imposição do conceito oposto, a intolerância, o livro tem como objetivo entender as origens da tolerância e sua evolução.

Durante as páginas, o autor discute sobre a intolerância no contexto religioso, tendo como base países sob a influência de grupos extremistas no Oriente Médio, dando enfoque principalmente no caso da Síria.

Foto: divulgação/Amazon

Com um texto explicativo, trazendo dados e muitas outras informações sobre o tema, a obra cumpre com o seu propósito de introduzir o leitor no assunto e aprofundar a cada parágrafo os diversos aspectos importantes que não podem ser deixados de lado.

Durante a leitura, revisitamos vários anos e acontecimentos cruéis que marcaram cada um deles. A obra surge como uma forma de não deixar vítimas da violência da perseguição religiosa serem esquecidas, abrindo os olhos do público para essa realidade.

Intolerantia é, sem dúvidas, uma leitura muito válida, tanto para quem já consome conteúdos sobre o assunto e quer mais, quanto para quem quer ter um primeiro contato com o tema. A luta contra a violência deve ser uma ação diária e esse livro alerta sobre o tamanho da desumanidade vivida em alguns países. As páginas destrincham fato a fato, explicando termos e relatando a história de maneira incisiva e eficaz.

O Entretê se reuniu no dia 15 de dezembro com Uander Dias e seus convidados para o lançamento da obra, onde também aconteceu uma conversa exclusiva e super inspiradora!

 

Entrevista com Uander Dias

 

O Clube do Entretê marcou presença no evento de lançamento de Intolerantia e falou um pouquinho com o autor Uander Dias sobre a importância de uma obra que abre os olhos da população para a crescente violência e ainda tentamos descobrir os planos do autor para futuros projetos. Confira o nosso papo:

 

E: Vivemos em um mundo infelizmente cheio de preconceito e intolerância. Quais as mensagens mais importantes que seu livro pode passar para a sociedade quando as pessoas fizerem essa leitura?

U: Acredito que Intolerantia vai falar sobre a necessidade da gente se permitir conhecer o diferente, conhecer aquilo que está além da nossa realidade, ampliar o nosso olhar e nossa perspectiva, se permitir conhecer uma realidade diferente.

 

E: Você sempre quis ser autor ou a paixão pela escrita é recente na sua vida?

U: Na verdade, a escrita foi algo que sempre me acompanhou, mas nunca pensando “vou ser um escritor, vou lançar um livro”. Foi algo orgânico, sempre gostei de escrever. E Intolerantia foi um trabalho que todos falaram “Porque você não faz dele um livro? Isso dá um livro”. Eu pensei “será que dá mesmo?”, e no final das contas deu. Quando a gente transcreve para um livro as nossas ideias, aquilo que a gente acredita, para que outras pessoas tenham acesso, temos nas mãos uma ferramenta muito poderosa. Estou compartilhando um pouquinho de mim com você, te ajudo a me conhecer e nesse passo também a gente vai caminhar contra a intolerância. As pessoas passam a ser mais tolerantes quando conhecem outros universos que talvez não conheceriam se não fosse por meio da leitura e por meio da escrita.

 

E: Quais os momentos mais marcantes durante o processo de escrita do seu livro, os momentos que mais te impactaram?

U: Os momentos que mais me impactaram foram quando eu me dei conta da profundidade do tema. Quando pensamos sobre o que é intolerância, não poder viver aquilo que você acredita, não poder fazer isso de forma aberta, expressar sua crença, sua fé. Vivemos em um país com liberdade religiosa, temos essa oportunidade. Mas, quando eu me deparei com uma realidade totalmente diferente da minha, de pessoas que são proibidas de expressar sua fé porque podem ser perseguidas e até mesmo mortas por isso, eu falei “a gente precisa falar sobre isso”. A voz delas é abafada, então precisamos fazer com que essa mensagem chegue para mais pessoas.

 

E: Como foi o processo de pesquisa?

U: Eu conheci refugiados sírios e fiquei tocado, porque eu entendi a realidade, o quão complexo é, e o quanto eles estão sendo duramente impactados por conta disso. Saindo de uma realidade de perseguição por causa do extremismo religioso e grupos terroristas. A partir disso eu decidi que queria entender mais. Depois eu conheci uma ONG internacional chamada Portas Abertas, que também trabalha com a questão de perseguidos ao redor do mundo. Conhecer o trabalho deles me fez querer fazer algo a respeito. Além disso, sou negociador internacional de formação, então esse já era um tema que me interessava muito.

 

E: Você pretende continuar escrevendo esse gênero literário?

U: Quero muito continuar escrevendo. Não planejei transformar Intolerantia em um livro. Depois de várias pessoas me falarem, eu falei “por que não?”. Então eu quero produzir mais temas que sejam relevantes. Hoje falamos sobre tanta coisa, mas, muitas vezes, as pessoas não têm acesso a temas assim, é muito restrito, em alguns casos, ficando somente na Academia, nas Universidades e não chega para mais pessoas. Por exemplo, a guerra na Ucrânia continua acontecendo. A Guerra na Síria começou em 2011 e continua até hoje. Então, quero fazer com que as pessoas que não estudam relações internacionais ou não são da área, também tenham acesso a esses temas de uma forma simplificada, mas dando acesso ao público.

 

E: Pode dar um spoiler de projetos futuros, caso já tenha algo em mente?

U: Tenho algo em mente, ainda não passei para o papel. Mas, provavelmente vai ser mais ou menos nessa mesma pegada.

 

E: Vimos que em seu perfil no Instagram você fez um post falando sobre as inseguranças que você teve antes de lançar o seu livro. Que conselhos você dá para as pessoas que querem lançar um livro, mas têm inseguranças assim como você teve?

U: O primeiro passo para a gente vencer a intolerância é vencer a intolerância que a gente tem com nós mesmos. Às vezes a gente não se tolera e isso não permite que a gente expanda os nossos dons, nossos talentos, a nossa criatividade. Temos tantos medos, tantas travas, então temos que também vencer os preconceitos que nós temos de nós mesmos. Não me considero o melhor escritor, mas eu sei que eu tinha algo a falar, que esse algo poderia influenciar alguma pessoa. Então, uma dica que eu posso dar é que as pessoas consigam se tolerar primeiro.

 

Você já leu Intolerantia? Conta para a gente sobre a sua experiência de leitura lá nas redes sociais (Instagram, Twitter, Facebook) do Entretê!

 

*Crédito da foto de destaque: reprodução/Instagram/@uanderdias

plugins premium WordPress

Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Acesse nossa política de privacidade atualizada e nossos termos de uso e qualquer dúvida fique à vontade para nos perguntar!