Entrevista | Ator, roteirista e diretor: Junior Vieira celebra sucesso explorando diferentes facetas

“Importante é ter autonomia!”. Em entrevista ao Entretetizei, o artista falou sobre a sua trajetória, conquistas profissionais, importância de seus projetos de inclusão e planos futuros

Uma pessoa resiliente, pé no chão. É como Junior Vieira se define. Aos 36 anos, prestes a estrear o longa O Último o Animal no circuito de Portugal, onde interpreta seu primeiro protagonista internacional, o artista, colhe os frutos de uma carreira de 20 anos dedicados à arte e a criar narrativas que representam grupos periféricos, que potencializem a promoção de igualdade.

Multifacetado, atuando como roteirista, diretor e ator e conseguindo transitar entre diferentes gêneros. Assim, é como Junior Vieira é conhecido.

É só conferir alguns dos diversos trabalhos de peso no currículo do nordestino, que veio morar no Rio de Janeiro ainda jovem, para confirmar a sua versatilidade.

Protagonista de um longa internacional, O Último Animal; diretor de uma peça de comédia policial, que vem atraindo um grande público para o Teatro, chamada Abismo de Rosas; e roteirista colaborador na série A Toca, que está no catálogo da Netflix; diretor de segunda unidade, roteirista e diretor assistente do filme Nosso Sonho, que é um sucesso de bilheteria no Brasil. Essas são apenas algumas das facetas do talentoso Junior Vieira.

Foto: Divulgação/ Roney Lucio

Ele ainda pode ser visto atuando na novela Nos Tempos Do Imperador, disponível no  Globoplay; na série Tô de Graça, do Multishow; em Galera FC, da HBOmax; e na Warner,  em Era Uma Vez Uma História, dirigida pelo vencedor do Oscar, Juan Campanella. Também está no longa sucesso de bilheteria, É Fada, disponível na Netflix; nas séries Impuros, O jogo e no filme musical Maré, Nossa História de Amor. No teatro, interpretou Martinho da Vila no espetáculo musical que retratou sua vida.

Em entrevista ao Entretetizei, Junior falou um pouco mais sobre sua trajetória, sua carreira, suas conquistas, além de dar uns spoilers sobre seus projetos futuros. Confira:

 

Entretetizei: Com mais de 20 anos de carreira e 36 de idade, você tem diversos trabalhos no currículo. Como surgiu o artista Junior Vieira?

Junior Vieira: O artista surgiu com tempo, maturidade, decepções, alegrias e muito estudo. Tive diversas pessoas me incentivando, investindo. Mas o não desistir me trouxe até aqui. E tenho muito a aprender ainda.

E: Você é um artista multifacetado. Como é permear em vários lados da arte, atuando como roteirista, diretor e ator?

J: Importante ter autonomia! Como ator, me via limitado a esperar alguém me convidar ou fazer diversos testes (ainda faço testes), sem respeitar minha trajetória. Criar narrativas que representem grupos periféricos, que potencializem a promoção de igualdade é o que busco. Assim como foi em Nosso Sonho, como será em Morro Junto e no Quero Ser Feliz. Sinto que escrevendo e dirigindo, o meu ator ficou muito mais potente e mais respeitado! Sinto que tudo tem fluido bem, quando estou atuando muito, aparece algo pra eu escrever, quando estou escrevendo muito, aparece algo pra dirigir e assim vão surgindo bons projetos.

E: Você tem uma longa relação com a comédia. Começou a dirigir e escrever no Parafernalha, roteirizou, dirigiu e atuou em diversos projetos, e recentemente voltou para a comédia, agora como diretor da peça Abismo de Rosas. Como se despertou para o gênero e o que mais te atrai nele?

J: Acredito que a rua me trouxe muito isso. Sou cria de favela e o jogo rápido de improviso, com brincadeiras me deu alicerce pra construir algumas esquetes que, até hoje, comentam nas ruas, mesmo depois de 10 anos de alguns vídeos que viralizaram. Estar dirigindo um espetáculo com o Emiliano é ótimo, pois temos o mesmo tipo de humor, e ver o público rindo com algo que você criou é fenomenal. Faço outros gêneros e consigo transitar entre eles. Mas a comédia bem-feita, do riso na hora, essa é a que me pega.

E: Como está sendo dirigir, juntamente com Emiliano D’Avila a peça Abismo de Rosas? Qual é o seu momento preferido do espetáculo?

J: Emiliano é um sacana. Um grande parceiro e super generoso. Ele está lutando por esse espaço há anos, se mostrando um artista potente, tanto como diretor e roteirista, tanto como ator. E feliz de ele poder ser um ator independente e generoso focado na promoção de igualdade. Amo o momento em que o personagem de Zé (feito por Emiliano) se declara pra Lucinha (Vitória Strada). Um misto de riso e choro, toma o público.

E: O filme Nosso Sonho e a peça Abismo de Rosas nos fazem refletir sobre afeto. A narrativa de ambas, em contextos diferentes, faz o público refletir até onde o ser humano pode chegar por amor ou com ausência dele. Como tudo isso afeta/reverbera em você como pessoa?

J: Tive a honra de contribuir no roteiro de Nosso Sonho, o filme recorde de bilheteria do ano. Eu sempre falei de afeto e sobre a falta dele. Acho que a ligação entre o filme e o espetáculo é entender que a escuta e o carinho ao próximo são necessários. Sou nordestino, vim pro RJ jovem. Minha mãe, tios e vó que me criaram. Meu pai abandonou minha mãe quando eu tinha uns 8 anos e ela foi esse Porto Seguro. Os dois projetos têm muito de mim. Não seria diferente. Trato todos com muito carinho e atenção e acredito que o amor pode mover o mundo. A colheita é obrigatória, o plantio opcional.

E: No filme O Último Animal você interpretou seu primeiro protagonista internacional. Qual a importância deste filme para você como ator e para a sua vida pessoal?

J: Agradeço ao Felipe Bretas por essa ponte. Foi difícil esse papel. Liguei para o Raphael Logam, que estava cotado pra ser o Didi. E Logam estava indicado ao Emmy e com mais 93632 projetos pra fazer. E eu trabalhando como motorista de Aplicativo e precisando de uma oportunidade pra mostrar minha capacidade. Expliquei a ele a importância desse papel e o quão significativo seria pra mim. Ele disse: “Se eu não tiver, vai ser você mesmo?!” Quando disse que sim, ele não pensou duas vezes e deixou que eu pudesse viver o que estou vivendo agora. Leonel (o diretor) me ouviu e ele mesmo disse : “O Didi é você! Sem o final, mas é você!” 

Esse papel tem muito de mim. Por ser uma pessoa resiliente, pé no chão. Meu irmão que foi assassinado há alguns anos era do tráfico, mesmo eu mostrando pra ele que a vida poderia ser melhor. Mas não teve tempo pra isso. Estar hoje, escrevendo e protagonizando, faz eu ver o quão difícil é nossa carreira, mas eu não faria nada diferente. Hoje vejo o quão representativo eu sou. Vou pra Portugal, vou lançar o filme lá. Nunca imaginei viver o que tenho vivido e ser grato a todos que me ajudaram e estão comigo. Se eu pudesse me resumir em uma palavra seria gratidão.

E: Em O Último Animal você interpreta um personagem e atua falando em outra língua, o inglês, que não é sua língua materna. Como foi essa experiência? Como foi a preparação para o papel?

J: Sim, nunca estudei de fato inglês em cursos ou em alguma escola específica. Aprendi sozinho, na labuta e no trabalho como modelo por conhecer pessoas de diferentes países no começo da carreira. Tive a ajuda de amigos, do preparador de elenco que teve um carinho gigante e dos meus colegas de elenco que me escutavam e trocavam com muito carinho.

E: Além de brilhar em diversos projetos como ator, você já trabalhou com grandes diretores, como Lionel Vieira e Fernando Meireles. O que fica de cada um deles na hora que você dirige?

J: A técnica e o olhar são muito individuais. Fico feliz de poder trabalhar com referências e ter muito deles em meus trabalhos futuros e presentes.

E: O filme Nosso Sonho é um sucesso de bilheteria no Brasil. Como foi a sensação de poder ajudar a contar essa história tão aguardada pelos fãs? Poderia nos contar mais sobre como foi trabalhar como no longa?

J: Foi uma grata surpresa. Eu colaborei no desenvolvimento de roteiro e fui o diretor de segunda unidade e diretor assistente. Eduardo (o diretor principal) me convidou juntamente com o Léo Edde, para somar com eles em uma história negra, periférica e que tem muito de mim. Trocamos muito durante as filmagens e Eduardo sempre me escutou quando sugeria alguma mudança ou repetição, conversava muito com o elenco nas escolhas de que caminho seguir. Eduardo trocava e me perguntava o que eu achava e se deveríamos fazer ou não mais um take. Além de cenas que fiz sozinho ou a partir do meu olhar. Sempre foi uma troca muito justa e que sei o quão importante foi minha contribuição pra esse filme. Ver ele brilhando e emocionando milhares de pessoas me deixa feliz e realizado.

E: Em 2019, você fundou a instituição Nosso Legado, plataforma focada em conteúdo audiovisual com objetivo de diminuir a desigualdade do setor. Poderia falar mais sobre o projeto?

J: Esse projeto mudou minha vida. Em 2018 Marielle, que era uma pessoa muito próxima, foi assassinada e meu irmão também foi meses depois. Diante disso tive a ideia de fazer o projeto Quero Ser Feliz com a ajuda de diversas pessoas importantes na minha trajetória Marcelo Martins Santiago, Felipe Bretas, Pedro Dias, Chris Monassa, Larissa Lopes, Marcus Ribeiro, Karol Saldanha… E foi um vídeo baseado no Rap da Felicidade falando de depoimentos reais, baseados em cima da letra da música. Tivemos a honra de abrir a Assembleia Geral da ONU em NY e ganhamos alguns prêmios e com isso recebi convites para escrever e dirigir outros projetos, inclusive o Nosso Sonho

E: Recentemente você divulgou que estará no filme Cansei de Ser Nerd, mas sabemos que tem muitos outros projetos para serem lançados. Quais são seus próximos planos profissionais?

J: Dirigi e roteirizei a série É Isso Aí, que está em processo de pós, estou junto com Vanessa Veiga e Marton Olympio trabalhando em um projeto sobre o Passinho, estou indo pra Portugal lançar o longa O Último Animal, haverá a turnê de Abismo de Rosas pelo Brasil. Estou desenvolvendo meu próximo filme sobre a relação conturbada entre pai e filho.

 

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 *Crédito da imagem em destaque: divulgação/ Roney Lucio

Matéria por Ana Tolentino

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