Foto:reprodução/Instagram/@pedrorhuas

Entrevista | Pedro Rhuas fala sobre a importância da representatividade na literatura e o carinho que recebe de seus leitores

O autor nos conta suas maiores inspirações, projetos futuros e a importância de existirem mais histórias inclusivas no meio literário

 

 

Pedro Rhuas, natural de Mossoró no Rio Grande do Norte, é um jornalista e escritor que viu sua vida tomar um novo rumo quando com menos de 30 anos publicou uma de suas primeiras obras, Enquanto eu não te encontro, que virou um best-seller nacional.

O livro foi lançado pela editora Seguinte em 2021 e rapidamente se tornou um sucesso, com 50 mil exemplares vendidos em menos de um ano após a estreia. 

A escrita de Pedro aborda narrativas significativas tanto na literatura quanto na música. Já que ele também é cantor e compositor, todos os seus trabalhos entregam histórias com protagonismo LGBTQIAP+ e amores à primeira vista. 

 

Após o lançamento de seu primeiro best-seller, o escritor entregou ao público mais três obras até o momento: A gente se vê na Parada (2023), O Universo sabe o que faz (2023) e O mar me levou a você (2023), tendo trabalhado também em trilhas sonoras para seus livros.

 

Foto: reprodução/Folha PE

Um universo conectado também está nos planos do autor, que leva a seus leitores o projeto Rhuaverso, uma comunidade literária que também busca interligar suas obras.

 

Em entrevista ao Entretetizei, Pedro fala um pouco sobre seus hobbies, os escritores que o inspiraram a iniciar suas histórias e a relação que construiu com seus leitores, além da representatividade que seus personagens trazem para este público mais jovem.

Entretetizei: Com menos de 30 anos você já é considerado um dos autores nacionais mais conhecidos do momento, quais escritores te inspiraram a começar a escrever suas histórias?

 

Pedro: Nossa, o Pedro do passado jamais pensou que alcançaria tantos lugares especiais com a literatura! Embora eu já tivesse uma linda relação com os livros na infância, minha paixão pela literatura se intensificou na adolescência. Foi aí que a paixão se transformou em um relacionamento seríssimo. Eu tinha um site sobre livros e devo ter lido cerca de 350 obras entre os 14 e os 19 anos, que foi quando iniciei Enquanto eu não te encontro. Entre os autores que mais me inspiraram no período, destaco Antoine de Saint-Exupéry, C. S. Lewis, David Levithan, Rick Riordan, Richelle Mead, Cassandra Clare, Lauren Oliver, Suzane Collins, Jojo Moyes, Jennifer E. Smith, John Green, Philip Pullman, Stephanie Perkins e John Boyne. Eu era devorador de lançamentos! 

 

 

E: Em 2022, na Bienal do Livro de São Paulo, seu nome se tornou um dos mais comentados do evento. Como se sente recebendo tanto carinho dos seus leitores? Podemos esperar sua participação na Bienal paulista deste ano?

 

P: Quando eu li a matéria sobre a pesquisa que me destacou como o autor mais comentado da Bienal de São Paulo 2022 no Twitter junto com Miriam Leitão e Ilze Scamparini eu fiquei decididamente chocado. Era meu segundo grande evento como autor, e eu não esperava tamanho carinho. Me sinto realizado, tocado e, acima de tudo, grato. Tenho uma forte relação com a minha criança interior, e situações marcantes como essa me dão a sensação de que estou abraçando os sonhos dela. Sobre a Bienal 2024, obviamente tenho planos de regressar!

 

E: Grande parte de seu público é formado por jovens, e atualmente os números apontam um aumento expressivo no número de leitores adolescentes e jovens adultos. Na sua opinião essa crescente está envolvida com a maior quantidade de lançamentos de livros com histórias mais inclusivas e plurais?

 

P: Nas últimas décadas, nós experimentamos um grande boom na literatura jovem, com a consolidação do gênero Young Adult, ou Jovem-Adulto. A criação literária focada no segmento juvenil ainda é muito recente, do ponto de vista histórico. Grandes fenômenos como Harry Potter, Crepúsculo e Jogos Vorazes, que impactaram fortemente a cultura pop, revolucionaram o cenário nos anos 2000. O que vimos nos últimos quatro anos, contudo, foi uma nova onda impulsionada pelo TikTok e pelas histórias diversas, especialmente com protagonismo LGBTQIAP+, que viralizaram através dele. Acontece que hoje a literatura oferece muito mais pluralidade que outros formatos, como o próprio audiovisual, e isso atrai quem não consegue se ver representado em outros lugares. Apesar do sucesso de vendas de diversos romances com temática LGBTQIAP+ no Brasil, por exemplo, não tivemos grandes adaptações, o que é uma pena, pois nosso país, com a riqueza de narrativas e o público engajado que possui, poderia se destacar mundialmente nesse segmento.

Foto: reprodução/Jornal Correio

 

E: Seus livros se tornaram best-sellers, “Enquanto eu não te encontro” foi um sucesso, e além de escrever o livro, você também foi responsável por criar trilhas sonoras para as obras, que claro também foram um sucesso. Seus fãs podem esperar mais novidades suas no mundo da música?

 

P: Decididamente! Para este ano, há novidades musicais. Estou trabalhando nas faixas finais que comporão o EP do livro “O mar me levou a você”, que já teve o single homônimo lançado.

 

E: Existe algum talento seu que ainda não conhecemos?

 

P: A fotografia, talvez? Eu amo fazer fotos, e recentemente criei um perfil no Instagram, o @infinitoadiante, onde pretendo postar mais das minhas fotos. É um hobbie adorável! 

 

 

E: Você se declara um viajante, e nas redes sociais acompanhamos as lindas praias por onde você passa, que obviamente te inspiram, e isso fica mais claro em “O mar me levou a você”. Existe alguma outra praia especial que te ajudou no processo de escrita deste livro?

 

P: Decididamente a própria praia onde o livro se passa: Canoa Quebrada, em Aracati, no Ceará. Este lugar mágico transformou a minha vida. Entre suas falésias, dunas e mar acolhedor, eu tive grandes ideias. Mas, fora Canoa, que é uma resposta meio óbvia da minha parte, admito, outra praia que me inspirou foi Imsouane, no Marrocos. Foi lá que eu fiz trabalho voluntário em um acampamento de yoga e de surfe, no Sandycamps. Aprendi a surfar em Imsouane, que é famosa por ter a maior onda de longa duração da África do Norte. Eu ainda não sabia, mas a sementinha de “O mar me levou a você” era plantada ali! 

 

E: A literatura nacional sofre com uma desvalorização, e infelizmente você passou por algo difícil quando divulgou que “O mar me levou a você” estava tendo cópias ilegais comercializadas. Qual o sentimento de passar por algo assim?

 

Choque. Horror. Decepção. Raiva. Indignação. Vulnerabilidade. Todos esses sentimentos me atravessaram quando descobri, por denúncias de leitores, que cópias físicas ilegais do meu livro “O mar me levou a você” estavam sendo vendidas semanas antes do lançamento do livro em 2023. Eu nem sabia que algo do tipo era possível, e não imaginava que aconteceria logo comigo. Eu me senti violado. Havia passado anos planejando essa obra, ansiando por ela e me dedicando para que chegasse à sua melhor versão, para momentos antes do que deveria ser uma celebração pessoal, uma história tão querida se tornar caso de polícia. No entanto, o sentimento de impotência logo se transformou em força pessoal. Eu sabia que não estava sozinho, e a resposta solidária da comunidade literária, da Companhia das Letras, meus leitores, colegas escritores e jornais do Brasil mostrou isso. Espero que eu tenha sido o último a passar por uma grave violação de direitos autorais como essa, mas sei que não é verdade. Todos os dias, escritores publicados por editoras tradicionais ou de forma independente são pirateados, e pouco é feito para minimizar os impactos.

 

E: Como você se sente sendo alguém que leva representatividade e amor para jovens que muitas vezes se sentem sozinhos? Qual a importância de exercer esse trabalho para você?

 

P: Todos os dias eu recebo mensagens de leitores me agradecendo por escrever os livros que eu escrevo. Leitores que se sentem perdidos e buscam conselhos. Leitores que são vítimas de preconceito, do ódio de famílias homofóbicas e lares que, em geral, não os aceitam. Leitores que se sentem tocados pela minha jornada, e pela posição de destaque em que me encontro hoje de poder usar a minha voz, algo ainda tão cerceado para tantas pessoas LGBTQIAP+, infelizmente. Há tempos que a minha jornada pessoal deixou de ser exclusivamente minha e se tornou coletiva. E, por isso, eu me sinto orgulhoso. Sei que meu trabalho impacta vidas. Que aquece corações, que inspira, que planta sementes de um amanhã melhor, fé, esperança para quem não tem. Tirar uma boa gargalhada de alguém – ou fazer um leitor chorar com uma cena fofinha – é fantástico. Mesmo com as dificuldades, esse é um dos trabalhos mais legais do mundo, decididamente. Imagina poder contagiar pessoas através de histórias? Acima de tudo, criar literatura com protagonismo nordestino e LGBTQIAP+ é uma missão, e eu pretendo seguir na estrada, mochila nas costas, sendo o contador de história que sou.

 

E: Por fim, quais são seus próximos projetos?

 

P: Eu estou super ansioso para as novidades de 2024! Meu próximo lançamento é uma história em quadrinho ilustrada por Lila Cruz, que adapta o capítulo bônus de “O mar me levou a você”, um crossover com “Enquanto eu não te encontro”. O resultado ficou maravilhoso e os leitores irão amar! Além disso, o Rhuasverso pode aguardar música e outros projetos literários. Não posso dizer mais do que isso.

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Texto revisado por: Thais Moreira

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