Ainda sem data de estreia, o documentário Trapalhadas Sem Fim lança camisas temáticas para poder bancar a conclusão da obra sobre quatro dos maiores humoristas do Brasil
Dirigido por Rafael Spaca,Trapalhadas Sem Fim quer levar às telas a história dos Trapalhões através de diferentes relatos e cenas de acervos pessoais. Com mais de 62 entrevistas realizadas e filmagens finalizadas em 2019, o que falta para colocar essa produção no mundo é investimento. Por isso, a equipe de produção decidiu lançar camisetas temáticas que podem ajudar a possibilitar esse lançamento.
A ideia do documentário é retratar uma parte da história do quarteto de humoristas brasileiros que ficou na TV por 30 anos. Tudo isso com personalidades que trabalharam com Didi, Dedé, Mussum e Zacarias, contando histórias de bastidores.
Confira o trailer oficial:
Mas quem foram Os Trapalhões?
Quatro dos humoristas mais famosos do Brasil se reuniam com a alcunha de Os Trapalhões: Didi Mocó (Renato Aragão), Dedé (Manfried Sant’Anna), Mussum (Antônio Carlos Bernardes Gomes) e Zacarias (Mauro Faccio Gonçalves).
A primeira formação era composta por Renato Aragão, Wanderley Cardoso, Ivon Cury e Ted Boy Marino. Eles atuavam em um programa de televisão chamado Os Adoráveis Trapalhões, que era transmitido pela TV Excelsior, em 1966.
Em 1968 Manfried Santana e Renato Aragão estreiam outro programa humorístico na TV Excelsior: Didi & Dedé. Já em 1971, a TV Record contratou Renato Aragão e criou outro programa, chamado Os Insociáveis, e colocou Dedé novamente como parceiro de Didi.
Só em 1973, a formação mais famosa, com Dedé, Didi, Mussum, e Zacarias apareceu na tela da TV Tupi. E em 1977 a atração foi para a TV Globo, onde ficou até 1995, alegrando os domingos dos brasileiros.
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O sucesso dos Os Trapalhões foi parar em outros países como Angola, Canadá, Estados Unidos e Portugal. O grupo chegou a entrar para o Guinness Book como o grupo humorístico de maior duração da televisão, pelos 30 anos de exibição.
Você pode ajudar o lançamento do Trapalhadas Sem Fim!
Essa produção tão aguardada por fãs e apaixonados pela história da televisão brasileira enfrenta dificuldades. Em algumas entrevistas, pessoas que trabalharam com o grupo deram depoimentos contando um outro lado do artista Renato Aragão.
Inclusive, o ator que interpretou o personagem Didi por tantos anos pretende produzir um outro documentário sobre Os Trapalhões. Renato e sua equipe chegaram a tentar impedir que o documentário fosse lançado através de e-mails e ameaças de processos.
Para adiantar o lançamento de Trapalhadas Sem Fim, os produtores fecharam uma parceria comercial com a camiseteria Nonsense. O apoio pode ser feito da seguinte forma: cada camisa vendida tem parte do valor destinado à conclusão da obra. O valor de cada peça sai a R$ 50.
As blusas para o público feminino e masculino e estão disponíveis nas cores branca, vermelha, verde, cinza mescla e amarela. Os tamanhos são PP, P, M, G e GG. É uma ótima oportunidade para quem quer ver logo o filme poder ajudar.
“Com previsão de ser um filme com duas horas de duração e mais uma série de cinco capítulos com uma hora por episódio, Trapalhadas Sem Fim terminou as filmagens em outubro de 2019 e, desde então, segue na luta para poder ir ao ar, seja em televisão aberta – ou fechada -, cinema ou plataforma de streaming”, explica a equipe que produziu o podcast.
Para quem quiser comprar camisas masculinas, o link de compra é o https://www.nonsense.com.br/catalogo/?type=m#/produtos/trapalhadas-sem-fim. Já para as peças femininas, basta acessar https://www.nonsense.com.br/catalogo/?type=f#/produtos/trapalhadas-sem-fim.
Entrevista exclusiva do Entretetizei com Rafael Scapa
Nós do Entretetizei fizemos uma entrevista exclusiva com Rafael Scapa, diretor do Trapalhadas Sem Fim e autor dos livros O cinema e os trapalhões e As HQs dos Trapalhões. O grande fã e estudioso sobre Os Trapalhões conta mais sobre o documentário e sua produção para gente, confira!
Entretetizei: Dentre dois filmes e um documentário, você demonstra um interesse gigante pela história dos Trapalhões. Pra você porque é importante contar essa história? E retratá-la em um documentário/minissérie agora?
Rafael Scapa: A ideia do documentário e da série é em razão da maior amplitude e do maior alcance que essa linguagem tem. Então, colocando isso no cinema, na televisão, na internet, a história dos trapalhões vai ser muito mais difundida do que o livro. O livro é um nicho muito restrito, poucos leem, então a ideia de ampliar é o leque de alcance desse conteúdo.
E: Na sua visão, qual é a importância dos Trapalhões para a televisão e para o humor brasileiro?
R: Eu acho que Os Trapalhões são um retrato, em uma época, em um Brasil que hoje não existe mais por uma série de motivos, né? Os Trapalhões era o momento em que nós rimos de nós mesmos, tinha mais leveza, tinha até mais pureza. E hoje muita coisa mudou pro bem e pro mal. Coisas que Os Trapalhões faziam hoje já não são aceitas. Então é um retrato de um período que diz muito como que nós éramos naquela época, não que seja um humor completamente datado, tem muita coisa que permanece engraçada, atual, mas é um retrato de uma época. Eles ficaram por quatro décadas, praticamente, nesse humor, e estão na memória afetiva de milhões de brasileiros. E tenho certeza que foram fontes de inspiração para muitos humoristas e tornaram a vida de muitos brasileiros mais leve e menos dura. Então eles estão na história, tanto na tevê, quanto no cinema, quanto do circo, quanto toda da música, dos quadrinhos, onde eles foram, eles entraram pra história.
E: Quantas pessoas você chamou para dar o seu relato sobre o quarteto de humoristas? E como você escolheu quem deveria ser ouvido para compor essa produção?
R: Nós entrevistamos sessenta e quatro pessoas, das mais diversas áreas. Desde o cara que cuidava da conta bancária deles, até camareira, diretor, atriz, elenco de apoio. Enfim, uma gama bem variada, para dar uma visão muito plural do que foi Os Trapalhões. Tinha muita gente que eu queria entrevistar e não consegui, como Carlos Alberto de Nóbrega, Xuxa, Roberto Guilherme, mas de um modo geral o saldo é muito muito positivo. Nós conseguimos ter um painel muito importante, muito interessante em relação aos Trapalhões. Com pessoas de várias formações, de várias épocas, de várias correntes, de várias visão de mundo, que torna isso muito, muito plural, muito diversificado. Então, o foco foi esse. Foi essa a linha mestra, entrevistar pessoas que, realmente, trabalharam com eles.
E: Em entrevistas, você declarou que sua intenção inicial era contar a história dos Trapalhões com foco nos bastidores, mas no meio do caminho surgiram depoimentos que mostraram um outro lado de Didi e disso surgiu uma grande polêmica, muitos veículos falam da produção como “o documentário que detona o Renato Aragão”. Como foi e está sendo para você essa repercussão?
R: Essa questão do documentário, quem diz isso é a imprensa, tá? O documentário não nasceu com essa intenção e nem é essa a nossa intenção. Quando você faz um documentário, você não sabe que fim vai dar. No meio do caminho começaram a ver depoimentos que mostram uma outra faceta do Renato. Porque tem muita lenda dele, dessa questão do Didi, do dinheiro… e as pessoas começaram a falar isso. Então, como tanto a mídia, quanto o público, o cinema também, não está acostumado com documentários focados, digo documentário brasileiro, nacional, com essa pegada jornalística, de cunho jornalístico e isento, porque quando se faz um documentário tradicionalmente, principalmente aqui no Brasil, é muito chapa branca. O nosso não é, eu acho que é isso que causou esse estupor todo. De não ser uma ode. Então, à medida que a gente vai ter falas que vão derrubar muitos mitos, muitas lendas em relação aos trapalhões, as pessoas se assustaram, o Renato também se assustou. E aí ele começou a criar muito caso com documentário e no final das contas ele é o nosso grande garoto propaganda porque à medida que ele luta contra o documentário, o interesse das pessoas só aumenta em relação ao nosso trabalho.
E: A partir dessa curva nos depoimentos para esse caminho de revelações, por assim dizer, você acredita que isso muda o tom do documentário ou não?
R: Não tinha uma coisa definida, no documentário é difícil você dizer, “ó, vai ser esse caminho”, porque depende do que as pessoas vão falar. Então lógico, a gente tinha uma ideia de contar a história dos Trapalhões, mas eu não sabia que ia chegar e tocar em pontos nevrálgicos assim, em relação ao grupo. Porque hoje tem essa questão do assédio judicial, tem a questão da ditadura judicial, as pessoas hoje têm medo de falar porque tudo hoje é processo. Então, pra nossa surpresa e alegria, todas essas pessoas toparam falar. Mas a gente não ia prever que ia chegar nisso, não foi nada de caso pensado, aconteceu, até porque o documentário na minha concepção, achei uma obra aberta.
E: Qual é a importância dessa história ser contada e documentada na sua visão?
R: Na minha concepção, [Os Trapalhões] é o maior grupo de humor do mundo, não à toa, eles estão no Guinness Book como um grupo mais longevo da história. Não tem paralelo em nenhum lugar no mundo com que os Trapalhões fizeram, na tevê, no cinema, nos quadrinhos, os caras fizeram sucesso em todas as plataformas de mídia. Aqui no Brasil ninguém alcançou eles, porta dos fundos, casseta & planeta, Jô Soares, Chico Anysio, Oscarito, Grande Otelo, Mazzaropi, ninguém. É um caso único. E por ser um caso único, me surpreendi sobremaneira essa questão deles não terem uma bibliografia tão robusta e um estudo tão aprofundado. Então, por isso que eu me debruço em relação aos Trapalhões, porque eu acho que eles são um fenômeno que deve ser reverenciado, deve ser estudado, deve ser analisado, criticado… mas, sobretudo, aplaudido, porque o que eles fizeram é um feito gigantesco. Tem que ser um orgulho do país. Fazer o que esses caras fizeram, foram seis vezes maiores líderes de cinema, sucesso na televisão. Enfim, os caras foram muito muito grandes, muito grandes mesmo. E criaram bordões que tão até hoje no vocábulo nacional, enfim é uma coisa muito grandiosa e muito bonita.
E: Quais são as dificuldades de produzir um documentário em meio a pandemia no Brasil? E como está a produção agora?
R: Nós gravamos todas as entrevistas e continuamos nessa fase de negociação com emissoras, plataformas e distribuidoras. Não é fácil, é muito difícil fazer cinema, aliás, é muito difícil fazer qualquer coisa no Brasil, um país que não incentiva produção cultural. Isso não é de agora, isso sempre foi, acho que desde o Pedro Álvares Cabral, até hoje, ninguém na mínima para cultura. Mas a gente segue lutando, segue batalhando, nós acreditamos no nosso trabalho, nós acreditamos na importância de se contar a história dos Trapalhões. E a pandemia agravou e acentuou toda essa dificuldade, né? O que era difícil hoje tá se tornando quase impossível, mas estamos na luta, nós não esmorecemos, toda semana a gente tem uma reunião, tem uma conversa, tem uma sondagem e uma hora isso vai virar. Vamos torcer pra que que aconteça.
E: Quando está previsto o seu lançamento?
R: O nosso desejo é lançar esse ano, mais tardar no começo do ano que vem. Tudo depende de fechar com uma emissora, conseguir algum apoio, fazer algum aporte, algum incentivo pra poder acelerar isso. Então, essa é uma questão do cinema que depende muito dos outros. É isso, a gente depende de muita coisa pra fazer isso, mas a nossa ideia é que seja esse ano, o mais tardar no começo do ano que vem.
E: Como os fãs dos Trapalhões e do jornalismo cultural podem ajudar o Trapalhadas Sem Fim a ser lançado?
R: Nós estamos tentando de tudo e felizmente nós conseguimos um grande parceiro, que é a Nonsense, uma das camiseterias mais bacanas que tem no país. Eles elaboraram uma camiseta temática em relação ao nosso filme e parte do dinheiro arrecadado com as vendas vai nos ajudar a financiar o filme. E tem muita gente que pergunta nas nossas redes sociais, tanto nas páginas do filme, quanto até nas páginas pessoais de cada integrante do documentário, acho que quase também todo dia perguntam: “e aí, e documentário?” Tem uma expectativa muito grande de boa parte do público e a gente criou isso pras pessoas que queiram nos ajudar, que torcem pelo documentário, que torcem por nós, porque nós, nós somos corajosos, nós somos audaciosos de fazer um filme e que não tem medo de cara feia, né? Então, tem muita gente que tá torcendo por nós e é uma forma de contribuir.
E: Como fã dos Trapalhões, qual é o seu sentimento ao fazer parte desse projeto?
R: Para mim é uma grande honra. Eu sou muito fã dos Trapalhões, muito mesmo. Esses dois primeiros livros que eu lancei foram no afã de fazer, de estar incomodado de não ter muita bibliografia em relação aos Trapalhões, eu fiz por um desejo, uma vontade minha, pessoal. E isso acabou virando um trabalho muito maior do que eu imaginava. Eu fiz uma coisa de fã naquele começo e agora virou o documentário, tá virando a série, se tudo der certo, esse ano eu lanço mais um livro sobre os Trapalhões. Então, é um motivo de orgulho, eu jamais imaginava, quando criança, assistindo e me deliciando com filmes dos Trapalhões, viver esse momento agora de fazer um documentário falando sobre eles.
E: O que você espera com a veiculação do documentário?
R: Eu espero que esse documentário mostre a grandeza dos Trapalhões. Essa geração, eles acham que tudo começou hoje, mas não fazem nem ideia da importância, da grandeza dos Trapalhões. Então, eu espero que quem assistir sinta orgulho de ter um um grupo de humor nosso, genuinamente nosso, tão legal, tão bacana, que fez sorrir no mínimo quatro gerações de brasileiros. O que não é pouco. Hoje tudo é efêmero, os caras ficaram tanto tempo e tanto tempo no auge, não é pra qualquer um. Então, eles merecem ser saudados. É, e essas coisas aí, principalmente a mídia, gosta de ressaltar, briga, confusão, isso é muito pequeno em relação ao que esses caras fizeram, entendeu? Muito. Então, viva, viva os Trapalhões!
Na última semana em seu instagram, Scapa informou que não vai parar seus estudos em Trapalhadas Sem Fim, ainda vem mais livro por aí:
https://www.instagram.com/p/CN2Z1lQnrbG/?utm_source=ig_web_copy_link
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*Crédito da foto de destaque: Divulgação