Elas não eram apenas fãs, mas presenças constantes nos bastidores, inspiração de músicas e, muitas vezes, personagens centrais de histórias polêmicas
As groupies marcaram época e até hoje dividem opiniões sobre sua real influência no cenário musical. Nunca ouviu falar delas? Preparamos um especial explicando de onde vem esse termo, e quem eram as groupies.
A origem do termo e sua relação com o rock

O termo groupie surgiu entre as décadas de 1960 e 1970, auge do rock e do movimento hippie. Na época, era usado para definir fãs que não se limitavam a assistir aos shows: elas queriam estar próximas dos artistas, nos bastidores das turnês, vivendo intensamente o universo da música.
Muitas dessas mulheres se tornaram conhecidas não só pela devoção aos ídolos, mas também pelos envolvimentos amorosos com os músicos. Pamela Des Barres, uma das groupies mais famosas, eternizou suas memórias em livros e, dentre eles, o famoso Confissões De Uma Groupie, detalhando sua experiência ao lado de lendas como Mick Jagger e Jimmy Page. Ao The Guardian, ela disse: “Uma groupie é alguém que ama tanto a música que quer estar ao redor de quem a cria. Um fã se contenta com um autógrafo, um olhar do palco ou uma selfie. Uma groupie dá o próximo passo. E isso exige muita coragem. Mas elas o fazem de livre e espontânea vontade, às vezes na esperança de um romance, ou de uma aventura de uma noite ou às vezes na esperança de se casar com a pessoa”, revelou.

O lado sombrio e perigoso por trás do glamour
Apesar da imagem libertária que se vendia na época, o estilo de vida das groupies escondia questões preocupantes. Muitas eram adolescentes, algumas com apenas 13 ou 14 anos, se relacionando com músicos adultos. Casos como o de Lori Mattix, que afirma ter vivido um relacionamento com Jimmy Page ainda menor de idade, quando ele já estava na casa dos vinte anos, mostram como essa dinâmica era romantizada em um contexto de abuso.

Ambientes marcados por drogas, álcool e ausência de limites tornavam essas jovens vulneráveis. A cultura da época contribuia para encobrir essas situações, pintando como glamour aquilo que hoje é entendido como exploração. Para muitas meninas, estar ao lado de um artista parecia uma chance de mudar de vida e, esse sonho, muitas vezes, custava caro.
As duas faces do termo groupie
Com o passar do tempo, groupie passou a carregar dois significados distintos:
Groupies como fãs apaixonadas
Essas eram as que colecionavam tudo, acompanhavam cada show e faziam de tudo para ver seus ídolos de perto, mas sem interesses amorosos. Hoje, poderiam ser comparadas aos fãs hardcore, que divulgam artistas, mantêm fanbase ativas e vivem intensamente essa paixão, mesmo que à distância.
Groupies que buscavam envolvimento com artistas

Já a outra vertente do termo ficou marcada por aquelas que desejavam uma relação mais íntima com os músicos. Durante os anos 60 e 70, muitas se tornaram figuras quase míticas do rock, sempre presentes nos bastidores e listas de namoro das bandas.
A evolução do conceito
Com o tempo, a imagem da groupie foi sendo reduzida ao estereótipo da fã que busca se envolver sexualmente com artistas. No entanto, nem todas tinham esse objetivo. Muitas estavam lá por amor à música e pela vontade de fazer parte daquele universo. O debate atual busca justamente resgatar essas nuances e entender o impacto cultural dessas mulheres para o bem e para o mal.
Groupie x Sasaeng: qual a diferença?
No universo do k-pop, surgiu uma nova figura: os sasaengs. Diferente das groupies, que seguiam artistas fisicamente e buscavam proximidade emocional, os sasaengs ultrapassam todos os limites da privacidade.
Eles rastreiam voos, invadem quartos de hotel e até hackeiam informações pessoais. São fãs obcecados, que colocam ídolos em situações de risco apenas para chamar atenção. Enquanto as groupies se encaixam no perfil de fãs extremos, os sasaengs são considerados perseguidores e seu comportamento é amplamente condenado.
A linha entre fã e obsessão
Gostar de um artista, se emocionar com suas músicas e querer acompanhar sua carreira é normal e até terapêutico. Porém, é essencial que essa admiração seja saudável e respeitosa.
O artista também é uma pessoa com vida própria, fora dos palcos e das câmeras. Quando o desejo de aproximação vira invasão, comentários ofensivos ou perseguição, a admiração se torna obsessão. E aí, o que era amor vira abuso.
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Texto revisado por Laura Maria Fernandes de Carvalho