Vida cotidiana é retratada em exposição virtual que se inicia hoje (13), realizada pelo Museu da Imagem Itinerante da Maré (MIIM)
Se engana quem pensa que exposições artísticas só podem ocorrer de maneira presencial. Cada vez mais frequentes, as mostras virtuais se superam e seguem viabilizando o encantamento e as reflexões suscitadas pelo compartilhamento de histórias e narrativas diversas. Foi daí que surgiu a iniciativa da exposição multiplataforma Imagens da Maré: pequeno inventário visual, que tem início hoje (13) e é composta por 28 imagens com as temáticas água, terra, vida cotidiana e instituições, que retratam o dia a dia na região carioca.
Uma ideia inovadora e revolucionária, nascida em 2019 a partir de uma pesquisa de doutorado do fotógrafo, cientista social, documentarista e artista visual, Francisco Valdean, que se expande, ultrapassa fronteiras e alcança novos públicos. Viajante e compacto, o MIIM (Museu da Imagem Itinerante da Maré) cabe, literalmente, em uma caixa de papelão.
Descrito por Valdean como “um dispositivo que apresenta a Maré e levanta conversas sobre as imagens da região”, o MIIM abriga um rico acervo de álbuns, negativos, monóculos e registros imagéticos que retratam a história cotidiana de mais de 140 mil moradores das 16 favelas que compõem o Complexo da Maré, no Rio de Janeiro.
Segundo o artista, responsável pela idealização do projeto, a intenção da exposição Imagens da Maré é convidar o visitante a passear pelas favelas da Maré através de imagens do passado e presente da região, entrelaçando diferentes vivências e narrativas das pessoas que ali habitam.
“Nas imagens do passado, com fotografias em preto e branco, fiz um recorte que inicia com uma imagem do fotógrafo J. Pinto, do início do século XX, onde regiões como a Vila do João e Vila dos Pinheiros aparecem sem nenhuma moradia. Ainda no conjunto destas imagens, será possível ler cenas das ocupações da Maré como as primeiras construções de madeira, que posteriormente ficaram conhecidas como palafitas e a chegada de moradores removidos de outras favelas da cidade”, diz Valdean.
Já nas imagens do presente, em cores, momentos da vida no dia a dia são retratados focando em locais característicos da Maré, como um jogo de sinuca no Fogo Cruzado, os carnavais na rua Oliveira, a tradicional festa Junina da Igreja Nossa Senhora dos Navegantes, o Campo da Paty na Nova Holanda, ponto de encontro dos amantes do futebol na região, entre outros. Entre as cenas finais da exposição, estão imagens da trajetória local do artista, que migrou do Ceará e foi acolhido pelas Favelas da Maré.
A execução de Imagens da Maré só é possível graças ao esforço de Valdean em angariar fundos através de um financiamento coletivo, que se destina a cobrir os custos de produção e pagamento dos diversos artistas que participam da mostra virtual. O trabalho de curadoria, realizado minuciosamente, inclui visitas ao Arquivo Nacional, à Casa de Oswaldo Cruz, à Hemeroteca Digital – Biblioteca Nacional e ao NUMIM – Redes da Maré, além de parte do material que compõe o Acervo Histórico-Poético das Imagens da Maré, do MIIM, e arquivos de artistas locais e álbuns fotográficos de moradores.
As obras serão exibidas no site do Museu, no Facebook e no Instagram. Para entrar em contato com o MIIM, envie um e-mail para museumiim@gmail.com.
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* Crédito da foto de destaque: Acervo MIIM