Inspirado pela canção Boku no Ohisama, o longa do cineasta japonês chega aos cinemas brasileiros em janeiro
Sol de Inverno, novo longa do diretor Hiroshi Okuyama, é doce e cheio de carisma. O filme acompanha a história do pequeno Takuya (Keitatsu Koshiyama) que, aos 9 anos, descobre na pista de patinação uma paixão inesperada ao assistir às coreografias graciosas da jovem Sakura (Kiara Takanashi).
Atento ao interesse do menino, o treinador Hisashi Arakawa (Sôsuke Ikematsu), ex-campeão da patinação artística, decide acolhê-lo e treiná-lo como parceiro de Sakura. Mais do que ensiná-lo, porém, a atitude do professor provoca o desabrochar destes três personagens, levando-os a formar um laço profundo e simbólico.
E essa premissa, embora simples, ganha contornos mais profundos nas mãos do jovem cineasta japonês. Não à toa, com apenas dois filmes no currículo, Hiroshi Okuyama já é comparado com o aclamado Hirokazu Kore-eda, diretor responsável por longas como Monster (2023) e Assunto de Família (2018), tamanha a destreza e delicadeza que demonstra para conduzir o trabalho de atores mirins.
Essa sensibilidade aguçada não é banal, muito menos acidental no longa. Afinal de contas, a história do pequeno protagonista reflete algumas experiências reais do diretor que, como seu personagem principal, também foi apresentado à patinação artística na infância. “Estava apenas seguindo minha irmã mais velha, que tentava se tornar uma atleta”, afirmou. “Lembro de ver garotas que eram brilhantes patinando e pensar que gostaria de dançar como elas. Igualzinho ao Takuya.”
Os paralelos entre personagem e idealizador não param por aí. Quando criança, o diretor tinha um tique, que o fazia involuntariamente limpar sua garganta, e este foi o ponto de partida para que Takuya gaguejasse no filme. Mas aqui Hiroshi Okuyama não simplesmente repetiu sua vivência em tela. Pelo contrário: deu ao protagonista o cuidado que gostaria de ter recebido dos colegas de classe.
“Naquela época, tudo o que eu queria era que me deixassem em paz, em vez de ficarem me imitando ou me dando apelidos estranhos”, lembrou. “[Por isso] Queria que Takuya tivesse um melhor amigo que nunca mencionasse sua gagueira, nem a tornasse uma questão.”
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Texto revisado por Layanne Rezende