Respondendo a diversas perguntas, a autora premiada fala sobre sua vida, os obstáculos enfrentados e sobre o lançamento da minissérie biográfica
Considerada a escritora mais lida em espanhol e a primeira escritora de língua espanhola a ganhar o National Book Award, Isabel Allende é um verdadeiro fenômeno. A autora chilena publicou diversos títulos de sucesso, com 72 milhões de cópias vendidas. Entre seus livros mais populares estão Violeta, Paula e Casa dos Espíritos.
Com o lançamento da minissérie ISABEL: A história íntima da escritora Isabel Allende, a chilena marcou presença em uma coletiva de imprensa virtual para conversar com veículos de diversos países, esbanjando simpatia e sabedoria.
Com mediação da Lifetime, a entrevista já começou levantando o fato de que, com essa nova produção, sua história tinha sido toda contada para a televisão. Sendo questionada se não se sentia muito exposta, ela deu uma ótima resposta:“É ao contrário, a vulnerabilidade não está no que uma pessoa conta e sim nos segredos que uma pessoa guarda. E quando ela pensa em sua trajetória de vida, ela admite que cometeu erros, mas que não são erros tão graves quanto os que qualquer um já tenha cometido”, afirmou Isabel.
Com uma carreira de sucesso e uma trajetória potente, Isabel foi perguntada sobre qual foi a sensação de ver tudo isso sendo transformado em uma produção que foi para as telas.
A escritora desabafou sobre a dor de revisitar o momento em que sua filha Paula estava no hospital. Estes momentos dolorosos a fizeram publicar um livro com o nome da filha, utilizando as anotações que fez enquanto passava por essa situação difícil.
“A série começa com Paula em um hospital e eu não consegui assistir a cena, comecei a chorar mares. Então meu marido fez uma segunda tentativa de ver a série e disse: quando a cena passar eu te chamo. Me trouxe de volta uma dor tão forte, que se vive com isso, uma espécie de tristeza embaixo da pele que aflora em qualquer momento. Ao ver a série voltei a sentir em carne viva o momento exato.”
Sendo uma mulher feminista, Isabel sempre mostrou o quanto luta pelos direitos das mulheres. Essa pauta também foi um dos grandes destaques da conferência, ao citarem os momentos difíceis que estamos vivendo, com tantos casos de feminicídio. Ela conta que sempre está interessada em escrever sobre a situação vivida pelas mulheres.
A autora ainda destaca o fato de vivermos em uma sociedade patriarcal e como isso a preocupa, já que, mesmo que algumas coisas tenham sido feitas para mudar isso, ainda há muitas coisas que precisam acontecer para que as mulheres possam ter seus direitos garantidos.
“A missão da minha fundação é investir no poder das mulheres e das meninas, as mais vulneráveis, as mais pobres, as com mais alto risco. E nesse trabalho vejo que há retrocesso em muitos aspectos. Por exemplo, em muitos países da América Latina e da América Central, as mulheres estão lutando pelo direito ao aborto, e os Estados Unidos acabam de abolir esse direito. Então é necessário que estejamos sempre vigilantes e atentas ao que podem acabar nos tirando.”
Perguntada sobre o que diria para aquela Isabel que aparece na série, ela respondeu:”eu diria que há tempo, que não se apresse tanto, que a vida é longa, há possibilidade de cometer erros, de corrigi-los ou viver com eles. Eu vivi minha juventude depressa e agora que tenho mais calma, vejo que os dias são muito mais ricos, que posso vivê-los mais intensamente.
A minissérie ISABEL: A história íntima da escritora Isabel Allende estreia no canal de televisão Lifetime no dia 29 de julho e também está disponível para aqueles que assinam a Amazon Prime Video.
Já leu algum livro da autora? Se não, por qual pretende começar? Conta para a gente nas redes sociais (Instagram, Facebook, Twitter) do Entretê!
*Créditos da foto de destaque: Lori Barra/El País in English