A artista lançou seu terceiro álbum após um longo tempo longe dos holofotes e quatro anos de lançamento do aclamado Melodrama
Lorde pegou a internet de surpresa ao lançar em junho seu single Solar Power, anunciando também o álbum de mesmo nome para o dia 20 de agosto. E, no dia de hoje, a espera dos fãs finalmente acabou! O terceiro projeto da cantora neozelandesa já está disponível no mundo todo.
O que torna o projeto ainda mais especial é o fato de que Lorde ficou quatro anos sem lançar músicas – e mal aparecendo nas redes sociais também, fazendo com que os fãs constantemente se perguntassem onde a cantora estaria. Solar Power dá sequência a discografia de Lorde, após o Melodrama (2017) e Pure Heroine (2013).
Inspirações e Colaborações em Solar Power
Nas entrevistas divulgadas sobre Solar Power, Lorde ressalta a diferença desse momento que está vivendo e sua vontade de incorporar instrumentos e referências musicais que não estavam tão presentes em seus outros projetos. A cantora comenta que “O álbum é uma celebração do mundo natural, uma tentativa de imortalizar os sentimentos profundos e transcendentes que eu tenho quando estou ao ar livre. Em tempos de dor, tristeza, amor profundo ou confusão, eu olho para o mundo natural em busca de respostas. Aprendi a respirar e a me sintonizar. Foi isto que aconteceu.“
A produção forte, com sintetizadores e graves que remetiam batimentos cardíacos, que foram tão característicos do Melodrama, dão lugar a guitarras acústicas e melodias mais suaves, que realmente incorporam a sensação de estarmos no verão. Uma coisa que não mudou foi a sua parceria com Jack Antonoff, produtor, também, de seu álbum anterior.
Lorde encontrou, talvez, um jeito inusitado de incorporar parcerias nesse projeto: diversas faixas contam com backing vocals de Clairo e Phoebe Bridgers, além da canção Secrets from a Girl (Who’s Seen it All) contar com uma parte falada por Robyn, artistas que são bastante conhecidas no cenário da música alternativa.
Divulgação de Solar Power e caixas musicais (que não vem com CDs)
Lorde subiu hoje no palco do “GMA” Summer Concert Series, para apresentar faixas do álbum, em seu primeiro show presencial em quase dois anos. Ela também já realizou apresentações em programas de TV americanos, como o Late Night With Seth Meyers e The Late Show With Stephen Colbert, e a partir do dia 23 de agosto se juntará ao The Late Late Show with James Corden para a participação de uma semana durante a primeira semana da volta do show após o intervalo de verão.
Também foram divulgadas as datas da turnê de divulgação do Solar Power, que atualmente conta com mais de 40 shows esgotados marcados para 2022. Os palcos foram escolhidos a dedo pela cantora, com paisagens belas e lugares para concertos menores, para garantir a sua proximidade com os fãs.
Uma coisa que chamou a atenção em sua estratégia de vendas é o fato de não existir CDs físicos, apenas vinis. Com sua preocupação com a natureza, Lorde criou uma music box ecológica que contará com conteúdo visual extra, notas manuscritas, fotos exclusivas e um cartão de download das canções (com faixas bônus exclusivas).
Sobre o conceito deste produto inovador, Lorde disse que “No início do processo de criação deste álbum, decidi que eu também queria criar uma alternativa ambientalmente correta e progressista para o CD. Eu queria que a music box fosse semelhante em tamanho, forma e preço de um CD, para ficar ao lado dele em um ambiente de varejo, mas que fosse algo que se destacasse e que estivesse comprometido com a natureza em evolução de um álbum moderno.“
Tracklist e liricismo
A abertura do álbum é a canção The Path, em que Lorde diz com todas as letras que ela, assim como nós, também se sente perdida e está buscando pelo seu próprio caminho. Além disso, a música acrescenta uma crítica sobre como se é esperado que pessoas famosas tenham todas as respostas do mundo, mas que o público deveria procurar tais respostas na natureza.
Apesar de não ser a salvadora do mundo, ela é como um Jesus mais bonitinho — ou é isso o que se canta em Solar Power. A faixa acompanha um clipe com a cara do verão: Lorde aparece vestida de amarelo em uma praia da Nova Zelândia enquanto dança com amigos sobre as coisas boas da vida e o contato com a natureza para se desligar de problemas e estresses.
Califórnia aparece na sequência e, tendo violões acústicos mais presentes na canção, Lorde dá adeus a vida glamurosa de festas e modelos bonitas na Califórnia, ao som de uma produção que provavelmente poderia ser encontrada em bandas como o Fleetwood Mac. Essa música representa bem algumas falas da artista em entrevistas, já que ela ressaltou que não está mais com intenção de retornar às redes sociais e à vida cercada de notícias midiáticas.
Stoned at the Nail Salon já era uma conhecida do público, já que foi single promocional de Solar Power, e acompanha muito bem a Fallen Fruit, que possui sonoridades similares e a narrativa passa de reflexões sobre a vida e família da artista para suas preocupações com o meio ambiente.
Lorde sempre foi muito aclamada por seus fãs por poder representar tão bem as fases da adolescência e o crescimento até chegar na vida jovem adulta, produzindo músicas como Ribs. Secrets from a Girl (Who’s Seen it All) parece dialogar justamente com aquela adolescente de 15 anos, na qual a artista — agora com 24 anos — pode dar a certeza de que a garota estava no caminho certo.
A canção mais explicitamente romântica no álbum é The Man with an Axe, em que ela própria canta que essas melodias eram para alguém especial em sua vida. Essa faixa funciona como o oposto de Dominoes, a mais curta do álbum, que retrata Lorde pensando em uma pessoa que ela conhecia quando mais nova, mas que agora parece ter mudado completamente.
Com tantas reflexões sobre mudanças na vida e o poder do tempo, a cantora também reflete sobre a morte de seu cachorro Pearl, que ocorreu em 2019, mas o nome da música, Big Star, é uma referência a uma banda que ela gosta bastante. Preparem os lencinhos na hora de ouvi-la!
As críticas para a sociedade e como tratamos o meio ambiente voltam com Leader of a New Regime – um interlúdio em que ela imagina o que ainda está por vir em relação ao mundo – e, também, em Mood Ring.
Essa canção ganhou um clipe na terça-feira (17), onde vemos pela primeira vez a Lorde com uma peruca loira, para representar mulheres brancas que acabam apropriando a cultura de outros povos ao tentar entrar no mundo do misticismo e apoio à natureza. Você pode ver o clipe abaixo:
Oceanic Feeling é responsável por fechar essa experiência A canção de mais de seis minutos de duração – o que é raro nos dias de hoje – parece ter saído do próprio diário da artista, em que ela conta para o ouvinte como sua vida está, fala sobre como adora seu irmão e como pensa sobre o próprio futuro.
De forma geral, Solar Power mostra de forma coesa, seja em sonoridade ou em estética, essa fase mais feliz e preocupada com causas ambientais que Lorde está vivendo. A produção pode não ser comercial para os dias atuais, mas essa pegada mais acústica – que foi marcada na transição dos anos 90 para a década de 2000 em hits como Torn, da Natalia Imbruglia, e produções mais cruas de bandas dos anos 70, como os Beatles – pode ser justamente o que diferencia a artista de outros grandes nomes que lançaram projetos esse ano.
Lorde está mais preocupada em passar uma mensagem e se conectar com os fãs do que produzir, ao lado de Jack Antonoff, algo mais radiofônico. Essa estratégia comprova mais uma vez que seu ser consegue se camuflar com diferentes tipos de composições, assim como David Bowie, uma de suas maiores inspirações como artista.
Você pode escutar o Solar Power nas principais plataformas de streaming, e assistir os clipes e visualizers das músicas no YouTube, na playlist abaixo.
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*Crédito da foto de destaque: Divulgação/Youtube/Lorde