O ator e cantor traz ao Teatro Ipanema, no Rio de Janeiro, o monólogo que explora de forma leve e reflexiva a sua identidade, ancestralidade e o poder transformador da aceitação pessoal
Após o sucesso de três apresentações especiais em Juiz de Fora, Minas Gerais, Mouhamed Harfouch levou seu monólogo Meu Remédio para o Rio de Janeiro, cuja estreia foi em 10 de janeiro de 2025, no Teatro Ipanema.
Dirigido por João Fonseca, o espetáculo traz uma narrativa profundamente pessoal e emotiva, onde Harfouch mergulha na sua história de vida, lidando com temas como identidade, pertencimento e aceitação de sua própria história. A peça é uma mistura de comédia e drama, resultado de um processo criativo íntimo que levou o artista a revisitar momentos de sua própria trajetória, especialmente sua relação com seu nome e sua herança cultural.
Com o monólogo, Mouhamed transforma um projeto pessoal em uma expressão artística única, tanto no palco quanto fora dele. O ator e cantor, que acumula mais de 40 produções teatrais em seu currículo, além de uma carreira de destaque na TV, é bastante lembrado por suas performances em novelas, como Pé na Jaca (2006-2007), Amor à Vida (2013-2014) e Órfãos da Terra (2019), e em séries, como Rensga Hits! (2022) e Betinho – No Fio da Navalha (2023).
Sua trajetória inclui também produções teatrais musicais como Querido Evan Hansen (2021), vencedor do prêmio de Destaque Elenco, no Prêmio Destaque Imprensa Digital 2024, e em Ou Tudo ou Nada (2016), trabalho que lhe garantiu uma indicação ao Prêmio Bibi Ferreira de Melhor Ator em 2016.
Contudo, é agora, em Meu Remédio, que ele se reinventa, assumindo diversas funções e se desafiando na autoexposição. O espetáculo traz à tona questões do universo árabe, relembra episódios importantes que fizeram parte de sua jornada e revela, de forma sincera e orgânica, o impacto de suas escolhas em sua trajetória profissional e na vida pessoal.
“Meu Remédio nasce da minha vontade de entender e compartilhar a relação com o meu nome, com minha história de vida, com a mistura de culturas que carrego. Sou filho de imigrantes — sírios por parte de pai e portugueses por parte de mãe. Crescer com um nome tão emblemático em um Brasil dos anos 1970, em que o preconceito e a dificuldade de aceitação eram muito presentes, não foi fácil. A peça é uma comédia, mas carrega uma reflexão sobre aceitação e pertencimento, sobre entender que, muitas vezes, o maior remédio é aceitar quem somos”, explica Harfouch.
A decisão de assumir a produção do monólogo, que é um dos maiores desafios da sua carreira, foi um passo corajoso. Meu Remédio não é apenas uma obra autoral, mas também o reflexo de sua visão como criador.
“Já tinha produzido no começo da minha carreira, mas agora, com mais maturidade, me senti mais preparado para enfrentar esse desafio. Produzir e atuar ao mesmo tempo é uma tarefa árdua. A maior dificuldade foi lidar com as duas funções e ainda me manter fiel à ideia que queria transmitir. Mas, com o apoio de grandes amigos e parceiros, como Tadeu Aguiar e Eduardo Bakr, senti que tínhamos força para fazer isso acontecer”, revela ele.
Misturando elementos autobiográficos e ficcionais, a peça, que já na escolha do título faz referência a uma situação vivida com o seu nome de batismo — e que é explicada em cena —, apresenta um monólogo íntimo.
A obra costura o monólogo com algumas canções, entre hits e paródias, cantadas e tocadas ao vivo, que marcam transições importantes da narrativa, onde o autor recria personagens que representam figuras significativas nas duas primeiras décadas da sua vida, mantendo, ao mesmo tempo, a privacidade de sua própria história.
Com uma abordagem sensível e profunda, a obra convida o público a refletir sobre a importância da autocompreensão e do existir de cada um. A produção destaca como o nome, muitas vezes imposto, carrega histórias que conectam o indivíduo ao passado e iluminam seu futuro, e convida a todos a olhar para dentro, entender melhor a própria caminhada e perceber como a arte pode ser um remédio.
“Um nome nunca é só um nome. É uma jornada, fala dos que vieram e dos que virão. Poder enxergar melhor os caminhos de fora e nossos desejos é algo que me move. Meu Remédio foi um ponto de partida, pois aceitar quem somos é curativo, e a arte salva”, finaliza Mouhamed Harfouch.
Vendas: bilheteria local e site Eleven Tickets: https://riocultura.eleventickets.com/#!/apresentacao/74bd8fdadc41205267b3e9108a8e84c77c3bb85
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Texto revisado por Bells Pontes