Segredos, intrigas e reviravoltas no caminho para a escolha do novo Papa. Você não vai acreditar quem assume o trono. Vai ter que ver para crer!
Conclave, dirigido por Edward Berger (“Nada de Novo no Front”), nos transporta para o coração do Vaticano na votação para escolher o novo papa: palco de intrigas, segredos, jogos de poder e fé. O filme, baseado no livro de Robert Harris, acompanha o Cardeal Lawrence (Ralph Fiennes) em sua missão de coordenar a eleição do novo papa, após a morte do antigo pontífice. Mas a tarefa se mostra mais complexa do que o esperado, revelando uma teia de conspirações e desafios à fé do próprio Cardeal.
Roteiro
O roteiro de Conclave é um dos seus grandes trunfos. O Vaticano, com sua atmosfera carregada de mistério, tradição e fé, se torna um personagem à parte, conquistando e atraindo a todos: uns pela fé, outros pelas desavenças com as visões progressistas e alguns pelo desejo do alto cargo do mundo. A trama prende a atenção do espectador ao explorar as nuances da eleição papal, com seus rituais, alianças e traições, tudo sob o olhar atento da pintura do Juízo Final de Michelangelo, na Capela Sistina, um lembrete constante da fé e do julgamento divino.
Acompanhamos o Cardeal Lawrence, interpretado com maestria por Ralph Fiennes, em sua jornada de dúvidas e questionamentos. Enquanto lida com a burocracia do conclave e com sua própria crise de fé, ele se depara com segredos obscuros, como conspirações, um encontro secreto com o papa falecido e a chegada de um cardeal misterioso.
Narrativa
Ralph Fiennes é o Cardeal Thomas Lawrence, responsável pela organização e governança do conclave, com quatro candidatos para somar a maioria dos votos – o progressista Cardeal Bellini (Stanley Tucci), o conservador Cardeal Tedesco (Sergio Castellitto), o moderado Cardeal Tremblay (John Lithgow) e o africano Cardeal Adeyemi (Lucian Msamati). Neste último, sua raça não é citada como um problema na igreja que, na realidade, não seria de toda verdade, mas o filme decide tratar outras nuances: segredos para derrubar votos e um final que é impossível de ser contado aqui.
Algumas críticas garantiram ser uma obra previsível, mas discordo. É polêmico e provocante para grande massa conversadora, porém, dizer que é previsível é um pouco demais. A escolha final de quem se torna o novo pontífice pode até dar caminhos e pistas no filme, contudo, qual é de fato a polêmica desse novo papa? Isso escapa do espectador, porque Edward Berger acerta e muito nesse roteiro. Ele foge da previsibilidade, desafiando as expectativas do público.
Atuação
O elenco de Conclave é notável. Ralph Fiennes brilha como o Cardeal Lawrence e acerta no tom de sua atuação. Com reações minimalistas, ele consegue dar ritmo ao mistério que o filme carrega, transmitindo a fragilidade e a força de um homem em busca de respostas para quem deve ser o novo papa. Fiennes consegue expressar as complexas emoções do Cardeal com sutileza e intensidade, criando uma personagem cativante e memorável. Stanley Tucci, como o Cardeal Bellini, traz à tona a visão progressista dentro da Igreja, enquanto John Lithgow e Lucian Msamati complementam o time conservador. E por isso três indicados ao Oscar: Ralph Fiennes, Stanley Tucci e John Lithgow.
O papa começa no filme já morto e, ainda assim, movimenta a história inteira. A graciosidade da direção conseguiu fazer com que um personagem ausente até mesmo em flashbacks contemple o enredo. E, para isso, cabe a nós montar cada carta disponibilizada pela direção.
A obra também reforça como a igreja ainda visualiza o papel, ou a falta dele, das mulheres no espaço sagrado. Porém, ninguém brilha mais que as regras, o espaço e o bunker do Vaticano.
Temas e mensagens:
Conclave não se esquiva de abordar temas polêmicos. O filme gera reflexões profundas sobre a natureza humana e as contradições do mundo religioso.
A obra provocou reações extremas com alguns críticos, como Megyn Kelly, ex-apresentadora da Fox News, a classificando como “nojenta e anticatólica”, enquanto outros, como o diretor de uma faculdade católica em Chicago, a consideraram “linda de assistir”. Essa polarização de opiniões demonstra o poder do filme em gerar debate e questionamento.
Fotografia
A fotografia de Stéphane Fontaine acerta nas chegadas dos cardeais no pernoite, quando fumam cigarros como uma caipora; as refeições comunitárias e as sessões de votação (que teve até demais, poderia ser apenas duas, contando com a da explosão que aparece no trailer).
E, além disso, há a tensão do selamento do quarto do papa recém-falecido e a destruição de seu anel. Todas as cenas que contam histórias são narradas por imagens.
Em um ano de trilhas sonoras memoráveis, Volker Bertelmann se destaca com uma composição que não apenas embala a trama, mas a eleva em um novo nível de intensidade e emoção. Vale a estatueta aqui!
Opinião final
Conclave é um filme instigante e provocador, que nos convida a refletir sobre o poder, a fé e a complexidade da natureza humana. Com um roteiro inteligente, atuações marcantes e uma direção segura, o filme prende a atenção do início ao fim.
Por enquanto, o mundo não está discutindo os assuntos apresentados no filme, mas logo estará, assim que for lançado. Ele faz jus não só ao Oscar, como também às 12 indicações ao British Academy Film Awards (BAFTA) anunciadas esta semana.
Vale a pena assistir? Sem dúvida! Conclave é uma obra que provoca reflexões e gera discussões, além de oferecer uma experiência cinematográfica envolvente.
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Texto revisado por Larissa Suellen