Um passeio pela trajetória de algumas canções mundialmente conhecidas pela tracklist dos filmes.
Como seriam as produções cinematográficas sem música? Pois é, a música é um elemento muito importante na composição dos filmes. Ela ajuda a transmitir o sentimento dos personagens, além de nos envolver de maneira única nas narrativas. No início, eram utilizadas para preencher o silêncio entre uma cena e outra, no entanto, logo os produtores reconheceram seu potencial e começaram a explorá-la em seus diversos gêneros.
Não é à toa que alguns filmes são reconhecidos pela sua trilha sonora ou por alguma música em especial, como é o caso de Dirty Dancing – Ritmo Quente (1987). Na trama, a jovem Frances (Jennifer Grey) e sua família vão passar férias em um resort em Catskills, região montanhosa em Nova York. Lá, Frances conhece e se apaixona por Johnny (Patrick Swayze), um professor de dança que procura uma nova parceira. Porém, seu pai descobre e não gosta da ideia.
Considerado um dos filmes mais românticos da década de 1980, Dirty Dancing foi grande sucesso de bilheteria e é embalado pelo hit “I’ve Had The Time Of My Life”, música vencedora de Oscar e Globo de Ouro de Melhor Canção Original. A canção foi composta exclusivamente para o filme e fez bastante sucesso na época, chegando ao topo das paradas nos EUA e Inglaterra. Até hoje, é o tipo de música que é impossível não cantar junto!
Outra obra que possui uma trilha sonora marcante é Os Embalos de Sábado a Noite (1978). O longa, é baseado em um artigo da New York Magazine e representava popularidade da disc music entre a juventude americana. Ao som de Bee Gees, os finais de semana de Tony (John Travolta) são pura diversão quando sai com seus amigos pelas danceterias de Nova York.
A trilha sonora do filme é uma das mais bem-sucedidas da história do cinema da época. Para ter uma ideia, ela foi responsável por proporcionar quatro prêmios Grammy ao grupo em 1979: o de melhor álbum, melhor grupo vocal pop, melhor arranjo vocal e melhor produtor. As melodias são contagiantes! “Stayin’ Alive” por exemplo, fala dos efeitos da vida agitada em Nova York e da preocupação com o futuro.
Em Flashdance, de 1983, Alex Owmens trabalha como operária em uma construção durante o dia e à noite vai à discoteca, onde pode dançar à vontade. Essa paixão leva a personagem a ensaiar – muito – para se candidatar à uma escola de dança famosa. É quase impossível não se emocionar com toda a batalha de Alex e com a bela trilha sonora do filme, que tem “What a Feeling” como música-tema, sendo o terceiro mais assistido da década de 1980. É um filme para dançar, se emocionar e guardar na memória para sempre.
Por falar em banda, as canções do grupo sueco Abba são prestigiadas mundialmente. Isso tudo é graças ao musical Mamma Mia!, de 1999, que anos depois viraria filme. Na narrativa cinematográfica lançada em 2008, Sophie (Amanda Seyfried) é uma jovem que vive com a mãe Donna (Meryl Streep) em uma ilha na Grécia e não conhece o pai. Relendo os diários antigos da mãe, Sophie descobre sobre três relacionamentos que a mãe teve na mesma época e convida os três homens para seu casamento.
O mais incrível de Mamma Mia é que o roteiro da peça foi todo montado com base nas músicas já lançadas do Abba. Ao todo, 27 canções constroem a trilha sonora conversando brilhantemente entre si e com as histórias dos personagens. Vale destacar que não se trata de uma história sobre o grupo sueco, mas uma homenagem por seu sucesso. A preparação vocal dos atores é de surpreender. No livro ‘Almanaque da Música Pop no Cinema’ de Rodrigo Rodrigues, descobrimos que a dupla de compositores do ABBA ficou insegura em relação à performance musical dos atores, tanto que um deles, Benny, foi à Nova York conhecer Meryl Streep e fazer ensaios, que segundo ele, “acabou sendo um alívio para ambas as partes”. O resultado, o público pode conferir e ver que realmente foi um estouro.
As canções regravadas tornaram-se então sucesso em todo o mundo, que abraçou com muito carinho as novas versões, repletas de profissionalismo e personalidade, sem perder a autenticidade das versões originais. Vai me dizer que você também não dança ao som de “Super Trouper”, “Dancing Queen”, “Money Money Money” e toda a discografia? Vale ressaltar que o filme 2, “Mamma Mia: Here We Go Again” foi lançado em 2018 e conta a história de vida de Donna. A produção foi um sucesso, porém, sofreu críticas pela ausência de Meryl Streep em grande parte da trama. Apesar disso, o elenco mostrou mais uma vez o talento em voz e atuação, com novas versões musicais e histórias emocionantes.
Mas nem só de filmes do gênero musical se faz o sucesso das melodias no cinema. Algumas músicas carregam a memória dos filmes. Quem é que não lembra de O Guarda-costas (1992) quando toca “I Will Always Love You”? A trama mostra o romance “proibido” entre o guarda-costas Frank (Kevin Costner) e a pessoa que ele faz a segurança, Rachel (Witney Houston), uma celebridade que está recebendo cartas anônimas ameaçadoras.
Até hoje, O Guarda-costas detém o posto de álbum mais bem-sucedido do cinema. Ou seja, foi o mais vendido em um curto espaço de tempo acumulando 44 milhões de cópias, permanecendo por 20 semanas em primeiro lugar. A canção tema, “I Will Always Love You”, foi lançada originalmente em 1974 e relançada na voz de Witney Houston.
Por outro lado, há alguns filmes que carregam o peso da música tema no título. Em Uma Linda Mulher (1990), o executivo Edward (Ricard Gere) se apaixona pela prostituta Vivian (Julia Roberts). Quem não lembra deles quando escuta o verso “pretty woman, walking down the street”? Juntos, ultrapassam diversos obstáculos inclusive o preconceito da sociedade com o trabalho de Vivian.
A música “Oh Pretty Woman”, assim como o tema de O Guarda-Costas, teve uma espécie de relançamento. Originalmente lançada em 1964, o tema de Uma Linda Mulher teve ótima performance ficando quase 20 semanas nas paradas dos EUA e da Inglaterra, ainda que mais de quinze anos após seu lançamento oficial. Esse sucesso redeu, inclusive, um Oscar póstumo ao compositor. Além dessa, “I Must Have Been Love” da banda sueca Roxette, é outra canção que marcou o filme.
Fugindo um pouco da temática comédia romântico dramática, temos Os Caça Fantasmas (1984). A história de uma equipe de cientistas que perde o emprego em uma universidade de Nova York e decide se tornar caçador de fantasmas, foi um dos filmes mais cultuados na década de 1980. A música tema, “Ghostbusters”, é inconfundível e se tornou até tema da série Stranger Things, que é ambientada nos anos 80 e apresenta uma realidade paralela ao mundo real.
O mundo das animações também chama atenção com suas trilhas sonoras e vamos ressaltar uma obra com música que é muito característica: Shrek. Acompanhar a vida do ogro mais querido do cinema em um pântano “tão tão distante” não seria a mesma coisa sem ter: “All Star” do primeiro filme; “Accidentally In Love” do segundo filme; e “Immigrant Song” do terceiro filme, ao fundo.
Nos três filmes, a franquia mostra as aventuras de Shrek (Mike Myers), um temido ogro que ama a solidão no pântano e tem seu sossego interrompido quando criaturas mágicas são exiladas pelos governantes. No caminho, ele conhece um Burro (Eddie Murphy) tagarelo e animado. Por ser um filme infantil, muitas músicas acabam se tornando marcantes (levando em consideração que assistimos mais de uma vez), mas podemos destacar aqui algumas performances que as tornam mais icônicas como a do Burro e do Gato em “Livin La Vida Loca” no segundo filme; É possível visualizá-las mentalmente ao ouvir a canção, não é mesmo?
Como podemos ver, a indústria fonográfica é um braço direito da cinematográfica. A música ajuda a dar o tom das cenas e acrescenta ritmo ao filme, é quase impossível que uma produção audiovisual que não tenha som, ainda que só instrumental – salvo o cinema mudo.
Os filmes deixam um legado além das narrativas e essa herança é a música. E o nosso legado para você, caro leitor, é uma playlist com todos esses hits e mais outros que vão te fazer viajar no tempo e relembrar de todos esses filmes e outros.