Foto: reprodução/Elizaveta Porodina/Skims

Precisamos falar sobre o body shaming

O termo é uma prática prejudicial que impacta de forma negativa a vida de muitas pessoas

 

Talvez você não conheça o termo, mas certamente já viu alguém ser vítima ou já foi a própria vítima. O body shaming é um termo que se refere ao ato de criticar ou falar de alguém de maneira ofensiva com base na aparência física, seja pelo peso, formato do corpo, pela altura, ou qualquer outra característica física. Esse comportamento pode ocorrer de diversas formas, incluindo comentários verbais, postagens nas redes sociais, ou até mesmo através de olhares e gestos.

A forma mais comum de praticar essas ofensas gratuitas a alguém são as redes sociais. Famosos e anônimos são vítimas de ataques a seus corpos diariamente. O incômodo atinge em sua grande maioria mulheres, e em especial aquelas que não se enquadram no estabelecido padrão de beleza imposto pela sociedade. 

O body shaming atinge, machuca e deprime muitas pessoas bem como, em casos mais extremos, chega a prejudicar a vida pessoal e/ou profissional de quem recebe os ataques. Exemplo disso é a atriz e roteirista Lena Dunham, conhecida principalmente por seu papel como Hannah na série Girls (2012). 

Lena desistiu de protagonizar a série Too Much que será lançada pela Netflix (assim como Girls é inspirada em momentos de sua própria vida) e escalou a atriz Megan Stalter como protagonista. A roteirista disse em entrevista ao The New Yorker que não gostaria de passar novamente pelas críticas do público ao seu corpo: 

“Eu não estava disposta a ter outra experiência como a de Girls neste momento da minha vida. Fisicamente, eu simplesmente não estava disposta a ter meu corpo dissecado novamente.”

Foto: reprodução/HBO
As consequências do body shaming

As consequências desses ataques são profundas e podem afetar tanto a saúde mental quanto física das vítimas. Os efeitos colaterais são diversos, e os mais comuns são: 

Baixa autoestima: comentários negativos constantes podem acabar com a autoconfiança e levar a vítima a ter uma visão distorcida do próprio corpo.

Transtornos alimentares: o body shaming pode ser um gatilho para transtornos como anorexia, bulimia e compulsão alimentar.

Depressão e ansiedade: ser vítima desses ataques pode aumentar o risco de desenvolver problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade. Além de causar o isolamento social dessas pessoas, que passam a temer criticar e julgamentos.

O fio condutor das redes sociais

As redes sociais amplificaram o alcance do body shaming. Com a facilidade de compartilhar imagens e opiniões, comentários negativos sobre a aparência física de alguém podem se espalhar rapidamente e alcançar um grande número de pessoas. Além disso, o anonimato oferecido por algumas plataformas pode encorajar comportamentos como esse. 

É extremamente comum um artista postar uma foto em suas redes sociais, ou participar de uma produção audiovisual, para começarmos a ler comentários depreciativos sobre sua aparência. 

Artistas como Demi Lovato, Adele, P!nk, Kelly Clarkson, Selena Gomez, Lizzo, Camila Cabello, Taylor Swift e diversas outras sofrem ataques em suas publicações constantemente. Pessoas usam os seus perfis para comentar sobre como as cantoras estão acima do peso, ou abaixo do peso, sobre seus cabelos, rostos, partes do corpo, celulites, etc. 

São dezenas de falas ofensivas que fizeram pessoas como Selena Gomez — que ganhou peso após seu diagnóstico de lúpus e passou a receber mais ataques — começar a limitar os comentários em suas publicações.

Muitas artistas começam a receber um grande volume de críticas quando passam por uma gestação e não voltam ao corpo que tinham antes rapidamente, ou como no caso da atriz Sasha Pieterse — Alison, de Pretty Little Liars (2010) —, que sofre de problemas hormonais e de tireoide, mas passou a receber inúmeros ataques após ganhar peso em 2015. A quem a criticou, Sasha respondeu:

“Para aqueles que lidam com algum problema de saúde, desequilíbrio hormonal e ganho de peso, preciso encorajá-los a lidar com isso de uma forma saudável. Você e sua saúde são o que importa e não a opinião dos outros.”

Foto: reprodução/ABC
Desafiando os padrões

Nicola Coughlan, que brilhou esse ano como Penelope em Bridgerton (2020), foi uma das mais recentes vítimas do body shaming. Os ataques à atriz acontecem desde a primeira temporada da série, mas se intensificaram após o destaque da sua personagem na última temporada.

Ainda em 2022, a atriz fez um post em suas redes sociais onde desabafou sobre as críticas constantes ao seu corpo: 

“Se você tem uma opinião sobre o meu corpo, por favor não compartilhe comigo. Sou apenas um ser humano da vida real e é muito difícil absorver o peso de milhares de opiniões sobre como você se parece.”

Mas Nicola respondeu às críticas ofensivas de uma forma diferente, sugerindo uma cena de nudez para sua personagem na série. A atriz diz que se sentiu empoderada com as cenas, e que seria uma ótima resposta para as conversas sobre seu corpo. 

No Brasil, a cantora Preta Gil teve que ouvir durante sua participação em um programa em 2018 que “estava mais gorda do que da vez anterior que participou”. Já em 2020, quando publicou uma foto de biquíni nas redes sociais, recebeu inúmeros comentários gordofóbicos. Na época a artista disse: 

“Eu tento ser eu. E se meu lifestyle inspira mulheres a se libertarem, fico contente. Porque, em primeiro lugar, estou honrando a minha vida […] Vou ser feliz, tenho esse direito!”

Promover uma cultura de aceitação e respeito às diferenças é extremamente importante para que momentos difíceis, como os vividos por Nicola, Preta e tantas outras mulheres, parem de acontecer. Educar as pessoas sobre os impactos negativos do body shaming é necessário, assim como celebrar a diversidade e desafiar os padrões de beleza. 

 

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Texto revisado por Cristiane Amarante

 

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