Estreia do documentário faz parte da programação de dia das mães da Globoplay e do GNT
Depois de ser exibido em algumas sessões especiais em salas de cinema, Proibido Nascer no Paraíso chega ao público. O documentário dirigido por Joana Nin (Praça Paris; Cativas – presas pelo coração) tem estreia marcada para o dia 1º de maio na Globoplay e para o dia 5 de maio no Canal GNT. Confira o trailer:
Em sua primeira visita a Fernando de Noronha, a documentarista Joana Nin ficou intrigada com uma frase que ouviu: “Aqui é proibido nascer”. Curiosa, descobriu então que as grávidas moradoras da ilha são obrigadas a ir para Recife 12 semanas antes dos seus partos, que devem ser feitos na capital. Em Noronha até existe hospital, mas ele não realiza procedimentos obstétricos há quase 20 anos.
“Conversando com pessoas da comunidade, entendi que quem vive lá há muitos anos acredita que os nascimentos foram suspensos para evitar que estes bebês reivindiquem direitos no futuro. Como as terras são públicas, os terrenos não podem ser oficialmente vendidos. Eles são concedidos por meio de um Termo de Permissão de Uso – TPU, um documento muitíssimo cobiçado. E nativos têm direito a solicitar a inclusão de seu nome numa lista do programa de habitação local, em busca do mesmo espaço disputado por empresários do turismo”, diz Joana.
Fruto de uma indignação própria da diretora, Proibido Nascer no Paraíso, rodado entre 2017 e 2019, acompanha o dia-a-dia de Ione, Harlene e Babalu, três gestantes cujas famílias vivem em Noronha há décadas, mas são obrigadas a se deslocar para o continente para realizarem seus partos. Joana conta que o tema é de interesse de todos os moradores e moradoras locais, e, por isso, todo mundo a ajudou muito trazendo-lhe informações. Para realizar o filme, ela também explica que foi preciso conhecer a ilha e suas peculiaridades administrativas.
Além de levantar o debate sobre o controle da mulher sobre seu próprio corpo no Brasil, o documentário ainda aborda o abandono da saúde pública no país. Como mostra o longa, as condições precárias do hospital local, o São Lucas, afetam não apenas as gestantes, como todos os moradores e também os turistas, pois a instituição não está preparada para qualquer intervenção que dependa de um centro cirúrgico, anestesista, banco de sangue, UTI ou qualquer outro tipo de atendimento para além do básico. Por isso, Joana aponta que um dos objetivos do filme é “fazer o turista entender que a ele também faltará atendimento emergencial, caso precise. É triste pensar isso, mas os visitantes têm muito mais poder de barganha do que as mulheres da comunidade”.
A diretora explica que a mentalidade local é de que as coisas “são assim porque são, e que não se pode mais mudar”, mas ela também crê que Proibido Nascer no Paraíso tem o poder de sensibilizar e de transformar.
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*Crédito da foto de destaque: Divulgação