Quem Vai Ficar com Mário: elenco comenta sobre a representatividade do filme

O longa brasileiro discute o difícil ato de se assumir e sobre se permitir conhecer novas formas de amor

 

Em pleno mês LGBTQIA+ e semana do amor, o filme chega para aquecer nossos corações. Quem Vai Ficar com Mário é a nova aposta da Paris Filmes e estreia no cinema nacional nesta quinta-feira (10). Com um elenco de peso e música tema interpretada por Pabllo Vittar, o longa brasileiro traz ao público uma comédia romântica repleta de questões sociais. 

Através do personagem Mário (Daniel Rocha) e sua família, o Brasil poderá debater sobre as causas LGBTQIA+, a pluralidade do amor, sobre machismo e muito mais, através de uma linguagem leve com humor. O Entretetizei assistiu ao filme em primeira mão e pôde ouvir do elenco, em coletiva de imprensa, como foi participar de uma produção tão representativa. Confira a seguir!

A trama

Foto: Divulgação

Adaptado do filme italiano Mine Vaganti, de 2011 (título adaptado no Brasil para O Primeiro que Disse), o longa conta a história de Mário Brüderlich, um rapaz que, incentivado por seus amigos e namorado, decide de uma vez por todas se assumir gay para sua família e contar que agora, morando com Fernando (Felipe Abib), se tornou escritor. Ao chegar em sua cidade natal gaúcha, acaba tendo seus planos adiados depois do discurso de seu irmão Vicente (Rômulo Neto) em pleno almoço com os parentes. O rumo fica ainda mais diferente quando se vê envolvido com Ana (Letícia Lima), a coach empresarial contratada para ajudar os negócios da cervejaria da família extremamente tradicional. 

Emocionado, Felipe fala um pouco sobre a sensação de ver o filme pronto: “Quando eu faço um filme desse, eu falo ‘pelo amor de Deus’, o que é a arte pra poder dar ao povo algo que ele não dá conta? A arte trás toda essa potência e diz o que a nossa comunidade está precisando. Parece que fomos escolhidos para fazer essa obra. Estou muito feliz por fazer parte desse filme.” 

Debates sociais e a representação em cada personagem

Dirigido por Hsu Chien, a produção traz pautas sociais diversas em que cada personagem tem sua própria evolução pessoal. Na jornada de Mário, é possível enxergar o quão sensível e significativo é se assumir para a família e ao mesmo tempo se ver descobrindo e explorando novas formas de amor e de relacionamentos. O público acaba sentindo a mesma confusão que o personagem ao não saber identificar o que ele sente por Ana, e o desfecho desse até então trio amoroso é lindo. 

Foto: Divulgação

Fora do núcleo principal, é possível enxergar debates que vão desde a visão que as crianças têm sobre assuntos tabus que são encarados pelos adultos de forma tão dura, até o machismo no ambiente de trabalho e a descrença do potencial da mulher. Esse último ponto é percebido através da história de Bianca (Elisa Pinheiro), irmã de Mário, que se vê apagada dos negócios da família, principalmente depois de ter se casado e se tornado mãe.

 A escolha do elenco

Na coletiva, um dos temas que vieram à tona foi justamente a escolha dos atores héteros para os personagens gays. Essa discussão vem ganhando força na indústria, com a prerrogativa de que atores gays possam acabar perdendo seu espaço no meio por essas escolhas. O diretor Hsu comenta:

 “Eu sou um cineasta LGBT e tenho uma trajetória de filmes com essa temática. Trabalhei também, com muita honra, este ano em um filme com a Camila Amado. Foi o último filme que ela fez em vida chamado A Balada da Nobre Senhora, onde ela interpretava uma professora lésbica. Ela citou pra mim a Fernanda Montenegro, dizendo: ‘o artista não tem sexo, não tem gênero.’ Foi muito importante ela ter dito isso pra mim, para reafirmar que muitas das vezes, as escolhas caem em cima dos atores que queremos para aquele personagem. Todas as escolhas que estão nesse filme, sem exceção, vieram da minha vontade de querer trabalhar com pessoas que eu admiro, que eu amo e que eu queria que compartilhasse a mensagem desse filme comigo

Foto: Divulgação

A escolha também foi certeira com Nany People, que deu vida à Lana, mas foi por pouco que ela não negou o papel. A personagem, que não existe no filme original, foi desenvolvida especificamente para a musa, que comentou no encontro ter ajudado na construção e na modificação do roteiro, antes com muitos pontos que poderiam ser falhos se tratando de um tema tão delicado como a causa LGBTQIA+. Nany entrega momentos muito engraçados com a Terceira Força, grupo teatral de amigos do Mário.

Foto: Divulgação

Tenha coragem de ser feliz. O filme soube trabalhar bem essa mensagem principal, com momentos cômicos, deixando um gostinho de quero mais, depois de tantas reviravoltas que a trama dá. Ao final do longa ficamos com a sensação de querer viver intensamente. O arco de personagens, até mesmo do pai de Mário (José Castiel), é completado ao final com a evolução de cada um. Um respiro em meio ao caos e gotas de esperança: com certeza você encontrará isso nesse filme!

 

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*Crédito da foto de destaque: Divulgação

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