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Ray – Você Não Me Conhece: o Brasil reinventa a emoção no teatro musical

Um espetáculo musical arrebatador que celebra a vida e obra de Ray Charles sob a ótica brasileira

Ray Charles, o lendário músico americano, volta aos palcos em Ray – Você Não Me Conhece, uma produção brasileira que revela a complexidade do homem por trás do gênio. Com texto e direção de Rodrigo Portella, a peça, inspirada no livro homônimo de Ray Charles Júnior, nos convida a uma imersão na intimidade de Ray, revelando suas fragilidades, contradições e a força do seu espírito. Literalmente!

Brasil reinventa o teatro musical: Ray você não me conhece
Foto: reprodução/Ale Catan
Enredo e dramaturgia: uma nova perspectiva

A peça apresenta uma narrativa envolvente e original, inclusive para aqueles familiarizados com a trajetória de Ray Charles. A história, contada através de diálogos e canções interpretadas em inglês, flui com naturalidade, revelando a profundidade dos personagens e os desafios enfrentados por Ray ao longo de sua vida. Além disso, a forma como a narrativa é construída permite que o público se conecte com a história em um nível emocional, compreendendo as motivações e os conflitos dos personagens.

Temas como superação, racismo, vícios e paternidade são explorados com sensibilidade, o que nos leva a humanidade do artista e as complexas relações que permearam sua vida. A peça não se limita a apresentar um ícone da música, mas desvenda a alma de um homem que, com suas falhas e contradições, deixou um legado inesquecível.

Atuações memoráveis: um elenco de verdade
Brasil reinventa o teatro musical: Ray você não me conhece
Foto: reprodução/Ale Catan

O elenco, impecável em suas atuações, dá vida à história com maestria. César Mello, no papel de Ray, entrega uma performance emocionante, capturando a essência do artista em cada gesto e canção. De fato, a preparação corporal de Mello dispensa qualquer pontuação. Sidney Santiago Kuanza, com sua presença de palco marcante, conduz a narrativa com maestria. Abrahão Costa, com sua voz potente e versátil, encanta e emociona o público. Portanto, a combinação de talentos no elenco garante uma experiência teatral inesquecível.

Flávio Bauraqui em sua atuação é um registro autêntico, o que sabemos de Ray seria exatamente da forma como você fez. Não existem contrapontos em nada que fez no palco e nos camarins. 

Letícia Soares nos entrega uma Della Beatrice Howard Robinson diferente da que vimos no filme; a nossa no palco brasileiro tem pulso, tem legitimidade e não se limita a contar só a história do Ray. Uma ótica necessária para nós. 

Luci Salutes, Lu Vieira e Roberta Ribeiro completam o elenco com atuações vibrantes e harmônicas, criando uma sinergia contagiante em cena. E, o ator mirim Caio Santos revela a força e a determinação de Ray desde a infância, na construção da cena em que a cegueira quando menino marca a vida do astro. 

Direção e música: o brilhantismo de tudo
Brasil reinventa o teatro musical: Ray você não me conhece
Foto: reprodução/Ale Catan

A direção de Rodrigo Portella imprime ritmo e emoção à narrativa, conduzindo o público por uma jornada emocionante que transita entre o humor, o drama e a música. A direção musical de Claudia Elizeu e André Muato garante uma experiência sonora impecável, com interpretações vibrantes que homenageiam o legado musical de Ray Charles. Dessa forma, o público é levado a questionar: “A música era assim mesmo? Nesse nível?”.

Em outras palavras, a combinação da direção precisa e da música envolvente cria um espetáculo que fica na memória, e, consequentemente, desperta o interesse em conhecer mais sobre Ray Charles.

A inclusão de um coro feminino, inspirado nas Raelettes, e a participação de uma banda ao vivo enriquecem a experiência musical, tudo fica envolvente e aproxima o público da sonoridade única de Ray.

Cenografia, figurino e iluminação: a atmosfera do Flashback
Brasil reinventa o teatro musical: Ray você não me conhece
Foto: reprodução/Ale Catan

Os cenários e figurinos, cuidadosamente elaborados, transportam o público para o universo de Ray Charles, criando a atmosfera ideal para a narrativa. A iluminação, por sua vez, realça a emoção de cada cena, contribuindo para a imersão do público na história. Mas, na verdade estamos em São Paulo, não é mesmo César Mello?

Acessibilidade e inclusão: para ver e ouvir

A peça se destaca pela atenção à acessibilidade, com descrição das cenas para pessoas com deficiência visual. Dessa forma, essa iniciativa reforça o compromisso de uma experiência inclusiva e democrática, garantindo que todos possam se emocionar com a história de Ray Charles. “Como podemos ver…” virou dramaturgia uníssona.

É teatro musical com produção brasileira, meus caros:
Foto: reprodução/Ale Catan

Ray – Você Não Me Conhece é de fato uma prova da força e da qualidade do teatro musical brasileiro. Com produção impecável, atuações memoráveis e uma história envolvente, a peça emociona, inspira e nos convida a refletir sobre o legado de um artista único.

Além disso, a peça se junta a obras revolucionárias como Hamilton (2015), a obra-prima americana que redefiniu o gênero com sua abordagem inovadora da história e da música, e Notre-Dame de Paris (1998), o musical francês que carrega grandiosidade e emoção.

Nesse contexto vibrante, ademais, produções brasileiras de sucesso recentes também se destacam, consolidando o talento brasileiro na criação de espetáculos grandiosos e impactantes.

Por exemplo, Sweeney Todd (Teatro Santander, 2025) e Torto Arado (2023) são exemplos marcantes dessa nova geração de musicais brasileiros, encantando pela narrativa e profundidade. Além disso, essas produções, assim como outras em ascensão, demonstram a força e a criatividade do teatro musical no Brasil, atraindo público e reconhecimento.

Uma viagem emocionante pelo universo de Ray Charles, revelando a complexidade do homem e a força da música como forma de superação e expressão.

E você? Já assistiu a peça no Teatro Santander? Conte pra gente nas redes sociais do Entretê – Facebook, Instagram e X e nos siga para ficar por dentro das notícias do entretenimento.

Leia também: A evolução do teatro turco: da tradição ao sucesso dos musicais

Texto revisado por Angela Maziero Santana

 

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