Foto: Divulgação/ A2 Filmes

Resenha | O Matemático narra o dilema entre a emoção e a lógica

O Matemático, dirigido e roteirizado por Thor Klein, conta a história real de Stan Ulam, matemático polonês escolhido para integrar o time que criou a bomba atômica nos Estados Unidos. 

Estados Unidos, anos 30. Um matemático polonês, estudante da famosa Universidade Harvard, é convidado para fazer o que para muitos seria o impensável: se juntar ao time responsável por criar a bomba nuclear para os Estados Unidos. Determinado a ajudar na derrota dos nazistas, ele se muda para o outro lado do país e embarca nesta missão.

O filme alemão O Matemático, dirigido e roteirizado por Thor Klein, acompanha Stan Ulam (Philippe Tlokinski) durante estes anos tão decisivos para a história mundial que acabaram influenciando sua vida pessoal também. Baseado no livro Aventuras de um Matemático, escrito por Ulam, o filme acompanha o convite para Ulam ingressar o time criador da bomba nuclear, sua contribuição para ajudar a criar o primeiro computador, seu casamento, a preocupação de ter sua família na Polônia tomada pelos nazistas e o dilema ético e moral de criar uma arma com potencial tão destrutivo.

A principal tensão de O Matemático está entre a lógica e a emoção. Quando conhece Françoise (Esther Garrel), a mulher com quem Ulam eventualmente se casa, ele propõe o casamento para ela conseguir um visto americano. Ela até brinca sobre a falta de romance do pedido, mas acaba o acompanhando. Quando Ulam percebe o tamanho dos danos que a bomba nuclear pode causar, quantos inocentes poderão morrer, ele se mostra reticente sobre continuar ou não no projeto – algo que é acentuado quando Françoise engravida. Ulam escolhe continuar. Enxergar o mundo de uma forma lógica é algo tão natural para Ulam que, quando seu amigo adoece por conta de um câncer, ele olha para a doença como o melhor exemplo do tipo de algoritmo que ele precisa criar. Para ele, a lógica é seu modus operandi e raros momentos de emoção e afeto nos lembram que ele é um ser humano também, além de ser um matemático.

A direção de Thor Klein é objetiva, cada cena tem o propósito de fazer a história andar, mesmo que a passagem de tempo do filme não seja muito clara – o melhor indício de quanto tempo passou é a gravidez de Françoise e o eventual crescimento desta criança. A fotografia e direção de arte do filme são pontos altos de O Matemático, e a performance de Esther Garrel como Françoise traz um calor necessário à trama mesmo que essa personagem não apareça quando não está contracenando com Ulam.

O roteiro é a maior falha de O Matemático, provavelmente por tentar contar uma história extensa demais para ser desenvolvida de uma forma coesa e profunda em menos de duas horas. O relacionamento de Stan e Françoise vira algo que o público apenas precisa aceitar que é real, sem cenas que mostram o mínimo de envolvimento romântico ou afetivo entre os dois antes do casamento e mudança de cidade. A família, principalmente a irmã de Stan Ulam, são peças chave para a compreensão das motivações do personagem, mas este é outro tema pouco desenvolvido na história. Suas amizades sofrem do mesmo mal, mesmo que o filme tente mostrar que Ulam se importa com os amigos. 

Foto: Divulgação/ A2 Filmes

O filme escolhe mostrar sequências de acontecimentos importantíssimos da vida de Ulam sem fazer muito esforço para desenvolver os laços afetivos e os relacionamentos de seu protagonista.  Conhecemos os feitos incríveis da vida deste homem, aprendemos pouco sobre como ele se sentiu durante um tempo tão tumultuoso, e não resta muito sentimento no público quando os créditos começam a rolar. Na disputa entre lógica e emoção, O Matemático escolhe a lógica.

O Matemático está em exibição nos cinemas pelo Brasil, com distribuição da A2 Filmes. Vai conferir? Conte para nós nas redes sociais do Entretê – Insta, Face e Twitter.

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*Crédito de foto principal: Divulgação/ A2 Filmes

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