Resenha | A Cidade das Feras surpreende com os segredos mágicos da Floresta Amazônica

Evolução dos personagens, rica descrição e criatividade com os elementos fantásticos são destaques do primeiro volume da trilogia de Isabel Allende

 

Uma intensa aventura que te faz se sentir no local a cada página. É nisso que A Cidade Das Feras:  As aventuras da águia e do jaguar, da escritora chilena Isabel Allende, publicado no Brasil pelo selo da Record, Bertrand Brasil, busca envolver o leitor do primeiro volume dessa trilogia de romance e ficção juvenil.

Foto: Reprodução/Instagram/@allendeisabel

Considerada uma das principais revelações da literatura latino-americana da década de 1980, Isabel é uma das autoras de língua espanhola mais lidas do mundo. Em 1973, trabalhando como jornalista, ela sofreu a cruel perseguição da ditadura e precisou buscar exílio na Venezuela,  começando então a escrever romances. O sucesso de suas obras foi tanto, que ela chegou a vender 75 milhões de exemplares e seus livros foram traduzidos para mais de 42 idiomas.

Foto: Divulgação/Amazon

 

Sobre a obra:

Alexander Cold, um garoto de 15 anos, vivia sua vida, até que em um certo dia descobriu que sua mãe estava gravemente doente. Para que o tratamento fosse feito, o pai das crianças precisou viajar com a esposa, o que fez com que os filhos deles ficassem com as avós. Alexander então foi enviado até Kate Cold, que o levou com ela em uma viagem à Santa Maria da Chuva  junto a uma equipe de pesquisadores da National Geografic para saber se a existência de uma Fera misteriosa era real e escrever um artigo sobre isso.

Ao apresentar como cenário a beleza e diversidade da Amazônia, o livro segue os passos de um dos personagens principais, Alexander, em uma expedição com sua avó Kate Cold para uma região da floresta brasileira.

Logo o rapaz conhece Nádia Santos, a filha de um guia brasileiro que os acompanha, e uma forte amizade surge entre eles. Se embrenhando na mata e explorando um território pouco percorrido, Alexander recebe a ajuda da menina, que possui alto conhecimento sobre os caminhos da floresta e domina  muito bem a língua dos indígenas. É em meio, a fauna e flora brasileira, que os dois descobrem um mundo repleto de sabedoria milenar, deuses, animais supostamente extintos e espíritos, também percebendo que os inimigos podem estar mais perto do que eles imaginam, pessoas que pretendem explorar o solo em busca de diamante, traficando armas e drogas, o que prejudica a floresta e também poder ameaçar os nativos com doenças mortais.

 

A Cidade Das Feras:  As aventuras da águia e do jaguar

Como todo primeiro volume, neste existe o papel de apresentar os personagens, fazer com que sejam cativantes e interessantes, enquanto também, é claro, a trama se desenrola. As relações entre os personagens, principalmente entre Alexander com sua avó e a amiga Nádia Santos, é bastante desenvolvida, o que faz o livro se tornar ainda mais interessante e a empolgação por ver essas duplas trabalharem juntas de novo aumentar.

As descrições detalhadas na medida certa, fazem com que o leitor consiga visualizar  o cenário de maneira clara e imersiva, até mesmo os elementos mágicos podem ser imaginados de uma maneira bastante específica. Quem nunca visitou a floresta, consegue ter uma amostra de como ela é através da construção dos lugares apresentados durante a história.

A originalidade bem definida dos personagens com certeza é um destaque, Isabel Allende consegue construir diferentes camadas a cada um deles, tornando-os mais próximos de pessoas reais, além disso, conforme a leitura avança, é possível começar a deduzir qual seria a ação característica de cada um em determinada situação, conforme conhecemos profundamente os trejeitos dos membros, como por exemplo, o empoderamento e o sarcasmo de Kate Cold, a inconveniência e pânico de Ludovic Leblanc e a persistência de Nádia e Alex.

A obra traz a sensação ao leitor de ser parte da expedição, pois acompanha cada detalhe. Em nenhum momento o enredo se torna parado, o que não deixa a leitura maçante, já que a autora a todo momento traz um novo acontecimento, uma descoberta e constrói um clima de mistério e magia. Os pontos altos do livro ficam com os momentos em que a dupla de adolescentes conhece o Povo da Neblina, indígenas que vivem na região. As interações entre eles, a apresentação de sua cultura, suas crenças e as missões dadas aos dois pela tribo deixa a história ainda mais rica e interessante.

A autora aborda temas relevantes, como por exemplo, o desmatamento através da exploração ilegal, o preconceito com os indígenas e o machismo.

A única ressalva fica quanto a uma cena, quando ao citar a criação das vacinas, o termo correto que deveria ser utilizado pela personagem Omayra Torres para dar o crédito à  população que não faz parte da tribo, seria: “não indígenas”, para assim incluir a diversidade racial dos cientistas.

O reino do dragão de ouro e A floresta dos pigmeus são os títulos dos volumes seguintes, que apresentam outras aventuras protagonizadas pelos mesmos personagens.

A obra conta com um enredo capaz de atingir leitores de diversas faixas etárias, com uma narrativa profunda.

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*Crédito foto de destaque: Reprodução/Twitter/@editorarecord

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