Resenha Crítica | Babilônia: um caos muito bem articulado

Babilônia, que estreia dia 19 de janeiro nos cinemas, é a mais nova aposta do diretor Damien Chazelle.

Conhecido por dirigir Whiplash (2014) – ganhador de 3 Oscars – e também La La Land (2016) – com 6 Oscars, o diretor de Babilônia gerou interesse ao público e a crítica. Além disso, Damien reuniu nomes de peso no elenco, como Brad Pitt, Margot Robbie e Tobey Maguire para seu novo longa, que estreia nesta quinta-feira (19).

O longa, com duração de 3h9, te guia para uma jornada que se inicia nos anos 20 e tem seu término somente décadas depois. O que nos permite vivenciar as diferentes fases das vidas de nossos protagonistas, e também do cinema, pois o filme mostra a mudança do cinema mudo para o falado. Já nos primeiros minutos somos levados para a festa de um grande nome da indústria. A trilha sonora ritmada e impecável quase se torna a obra principal da cena inicial – provando que o som em filmes jamais foi uma má ideia -, se não fosse pelo caos e desordem causados pelos personagens presentes no momento, com suas orgias, drogas, sujeira e costume com como tudo ocorre de maneira frenética.

Durante a cena somos apresentados aos protagonistas Nellie LaRoy (Margot Robbie), uma mulher extrovertida, que sonha em ser uma atriz; sua mais nova – e invariável – paixão, Manny Torres (Diego Calva), um imigrante mexicano que também deseja trabalhar na indústria cinematográfica; e Jack Conrad (Brad Pitt), um ator mega consagrado que ansiava inovações no cinema – e que conseguiu o que queria: estrelar um filme com som.

E então entramos em um dos momentos mais tensos do filme: assistir como os personagens lidam com essas mudanças da indústria.Se antes todas as gravações eram feitas em um enorme terreno, com diferentes elencos, temas e sons, tudo simultaneamente, agora temos Nellie sofrendo para ajustar sua voz ao microfone, ficar na marcação desejada e até mesmo mudar seu sotaque, já que ele não foi bem aceito pelo público. 

E digo com confiança que essa foi uma das cenas mais icônicas que assisti, isso se dá pela forma como foi mostrada não só a dificuldade da atriz, como também os bastidores: o calor escaldante, pois com o ar condicionado ligado iria atrapalhar o som; as interrupções por conta de um mínimo som que não deveria estar encaixado ali; as diversas repetições da claquete batendo para o início de outro take e por aí vai. Após isso, vemos que Jack acaba sendo alvo de escárnio pela sua atuação no primeiro filme com som em que atua. E, infelizmente, ele não é melhor aceito em sua segunda e nem terceira tentativa, assim como LaRoy com seu sotaque e modo devasso de ser.

Em contrapartida, vemos Manny crescer no mercado, deixando de ser um “quebra-galho” e se tornando um diretor-executivo muito renomado no meio. O que nos lembra que sempre existe o outro lado da moeda. O enredo se encerra com uma série de cenas memoráveis da história do cinema, como o filme Viagem à Lua (1902), Cantando na Chuva (1952) e outros mais atuais. Também mostra Torres com sua nova vida longe do meio cinematográfico, afinal, para ele, é um caos que não se consegue ignorar, você é puxado para aquilo. E ele não queria ter o mesmo destino cruel de sua amada.

A direção fantástica de Damien Chazelle é inegável, mesmo que tenha assistido sem saber quem dirigia, você sente um quê de La La Land, e ainda assim a obra não deixa de ser bastante original. Os silêncios são muito bem aplicados às cenas, e a trilha sonora, que vale a pena destacar mais uma vez, conduzida por Justin Hurwitz, é mega marcante. Podemos notar a atenção aos detalhes no momento em que há uma briga entre Nellie e Manny e não toca a música tema do casal, que, até então, estava presente em todos os momentos dos dois juntos.

Sentimos a tensão vinda da tentativa do novo e o filme abre espaço em nossas mentes para podermos imaginar outras histórias que poderiam ter acontecido nessa transição gigantesca do cinema. 

Por mais que o longa mostre bem a parte repulsiva da sétima arte, ainda assim traz um acalanto para seus amantes, os lembrando da importância do cinema na vida de quem trabalha na indústria e de todo o público. Babilônia não é um filme para qualquer um, mas qualquer um que preze o cinema irá se emocionar com a história contada, pois não é apenas sobre Nellie, Manny ou Jack. É a nossa história cinematográfica e também como humanidade.

 

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*Crédito da foto de destaque: Divulgação/Paramount Pictures

Autora: Amanda Menezes

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