Resenha | Museu da Meia Noite nos dá uma lição sobre amizades e lealdade

Publicado em fevereiro deste ano, a obra da brasileira Caroline Z. Goldoni está disponível na Amazon

 

Ação. Aventura. Romance. Terror. Boas amizades. Esse é um resumo do que podemos encontrar no livro de estreia da brasileira Caroline Z. Goldoni, Museu da Meia Noite. Publicado na Amazon em fevereiro deste ano, a obra de Goldoni é classificada como fantasia, horror e ficção científica. 

Com 4.4/5 estrelas na página da autora no site multinacional, a publicação narra a história de um famoso Museu de contrabando em Noicieur e de seus misteriosos donos, cuja identidade é desconhecida por todos.

Mas o destino decide unir o Spectri – assassino de aluguel e contrabandista – Klaus Celare e a desajeitada violinista – e sem poderes – Charlotte Harlow, que se vê sozinha no mundo após a sua irmã mais velha, Morgana, ser sequestrada. Charlotte parte em uma busca pela irmã, e no caminho acaba encontrando coisas que outrora ela nem imaginava ter algum dia.  

“Todos nós sentimos. Alguns são apenas melhores de esconder que os outros. Aquele que não sente medo está fadado ao fracasso” 

Museu da Meia Noite

A obra de Goldoni não traz nenhum conceito novo em termos de enredo, magia ou personagens, mas a autora consegue uma obra singular ao juntar todos esses elementos que os fãs de fantasia/ficção científica tanto amam e colocar em uma atmosfera de amizade, superação, muito amor e um plot interessante.

Os personagens do Museu da Meia Noite são simplesmente apaixonantes. Cada um é doce a seu modo e todos têm seus traumas do passado e tentam superar isso encarando o presente e torcendo por um futuro melhor, que no fundo, é o que todos nós fazemos. 

Embora sejam todos Spectri, ou seja, tenham o poder das sombras, cada um dos personagens transmite, através de sua personalidade, gestos,palavr as e muita luz; o que me faz lembrar uma das muitas frases icônicas de Albus Dumbledore (da saga Harry Potter): Todos temos luz e trevas dentro de nós. O que nos define é o lado com o qual escolhemos agir.” Mesmo que a vida tenha dado muitas rasteiras em cada um dos protagonistas, eles tentam ser pessoas boas – pelo menos uns para com os outros. 

Amores & Amizades

Os capítulos de Museu da Meia Noite são narrados em terceira pessoa, porém cada um deles é centrado em um personagem diferente. Portanto, o leitor acaba conhecendo o íntimo de cada um dos personagens apresentados na trama. Conseguimos entender seus medos, ansiedades e expectativas para o futuro. 

É através desses pontos de vista distintos que também conhecemos a profundidade da amizade entre os contrabandistas do Museu e o que representa para eles Charlotte, uma intrusa, passar a fazer parte de sua família. 

A obra desenha muito bem o encontro dos sete personagens principais da trama e o desenvolvimento de sua amizade, mas, embora um dos membros do Museu apresente certa implicância com Charlotte e até com seus amigos, esse é o único vestígio de conflito entre o grupo que podemos encontrar no livro. Embora muito diferentes, os protagonistas vivem bem e harmonicamente entre si, sem nenhum tipo de atrito.

Temas Sensíveis e Conclusão

Em Museu da Meia Noite, a autora também trata temas sérios e delicados, como transfobia e crises de ansiedade. Entretanto, a escrita de Goldoni é leve e ela consegue abordar esses temas sensíveis de uma forma leve, sem, necessariamente, despertar no leitor gatilhos. 

“Esses temas fazem parte da minha história e da de muitas pessoas, e eu quis trazê-los pra Museu pra passar uma mensagem, a de que todos nós temos dificuldades, não importa quão fortes nós parecemos aos outros.”, conta Goldoni.

E, de fato, essa é a mensagem que Museu da Meia Noite nos deixa, junto com a promessa de que mesmo tendo sombras em nós, ainda podemos agir como luz na nossa vida e na vida daqueles que nos cercam.

Entrevista com Caroline Z. Goldoni

Depois de uma conversa super animada com Caroline, a autora de Museu da Meia Noite respondeu a algumas perguntas do Clube do Entretê a respeito do universo de sua obra de estreia, suas referências e um pouco do que vem aí no próximo – e infelizmente último – livro da saga. Confira:

E: Qual foi o livro que te trouxe para o universo da literatura e te fez, antes de escritora, uma leitora voraz?

C: O principal livro que me trouxe pro mundo fantástico da literatura foi Harry Potter. Eu sei que no fundo essa é uma resposta clichê, então eu também tenho como opções as séries Goosebumps, do R. L. Stine, e Pippi Meialonga, de Astrid Lindgren. Ambos me iniciaram na leitura quando criança antes mesmo de eu pensar em pegar um Harry Potter pra ler, e eu devo a ambos a minha lembrança.

E: Em quais obras você se baseou e buscou referência para escrever o seu próprio livro?

C: Minha principal referência para esse livro foi Six of Crows, da Leigh Bardugo, um dos meus livros de fantasia favoritos. Além disso, também tive como grande inspiração a série Sombra e Ossos, da Netflix, derivada da série de livros de mesmo nome da mesma autora de Six of Crows.

E: Grande parte dos bookstan sonham em se tornar escritores. Qual dica você pode dar pra quem quer escrever um livro, mas ainda não sabe por onde começar?

C: Minha principal dica é: escreva. Parece bobo, mas não é. Eu passei anos presa com uma história, não conseguindo sair do lugar porque eu só queria que tudo estivesse perfeito na primeira tentativa. Não é assim que a escrita (ou nada nessa vida) funciona. Para ser escritor a gente primeiro precisa lembrar que também é ser humano, e vamos falhar ao longo do caminho. Não se critique tanto e tenha paciência consigo mesmo; o mundo precisa da sua história.

E: Museu da Meia Noite foi o primeiro livro que você escreveu?

C: Sim, Museu é meu primeiro livro, apesar de não ser a primeira tentativa.

E: Qual foi o seu processo de escrita em Museu da Meia Noite? Como surgiu a ideia de escrever a obra e qual foi o primeiro personagem que você conseguiu ver com clareza?

C: O processo de planejamento de Museu foi feito em uma noite insone. Eu tinha uma história antes que não saía do lugar havia anos, e então enquanto eu não conseguia dormir,  eu resolvi que queria mudar o nome do meu protagonista pra Klaus. Klaus foi o primeiro personagem a surgir na minha mente, e através dele toda a história se encaixou. Claro que eu fiz algumas alterações no decorrer da escrita do livro, mas os personagens e a base da história surgiram naquela noite. Eu quis criar um sistema de magia baseado em sombras nas quais essas não fossem as vilãs da história, e uma história na qual eu pudesse explorar o potencial humano dos meus personagens, e então Museu surgiu.

E: Depois de terminado o primeiro volume da série, qual personagem tomou um rumo completamente diferente do que você esperava? E qual deles é o seu favorito?

C: Charlotte, definitivamente. Ela tinha um outro arco, mas achei que no final o que eu dei para ela seria o mais interessante a se desenvolver. Dizem que mães não podem escolher o favorito entre seus filhos, mas no meu caso, eu escolho o Benedikt haha.

E: Algum dos personagens é baseado em uma pessoa real, que fez ou faz parte da sua vida?

C: Todos os meus personagens tem algo de mim dentro deles, e todos eles também tem um pouco de alguma pessoa que se encontra na minha vida agora. Eu juntei um pouquinho de cada qualidade e defeito, e tentei o meu máximo para criá-los o mais humanos possível.

E: Você aborda muitos temas sensíveis de uma forma muito leve em sua obra, como foi pensar e escrever esses temas importantes, mas sem deixar uma leitura pesada?

C: Confesso que foi um processo difícil. Tive que pensar muito no jeito de escrever as coisas pra não deixar nada explícito demais ou raso demais. Esses temas fazem parte da minha história e da de muitas pessoas, e eu quis trazê-los pra Museu pra passar uma mensagem, a de que todos nós temos dificuldades, não importa quão fortes nós parecemos aos outros. Se o leitor tirar isso do meu livro, meu papel de escritora foi cumprido.

E: Quantos livros você pretende escrever para a saga Museu da Meia Noite e o que podemos esperar dos próximos volumes?

C: Museu vai finalizar no próximo livro, ou seja, é uma duologia. No segundo vocês podem esperar muita dor e sofrimento haha brincadeira. Eu pretendo focar muito na política e na construção do mundo no geral no próximo livro, além de continuar explorando ainda mais a fundo os meus personagens; afinal, a história é deles.

E: Por último, mas não menos importante: como eu faço para ter meu próprio animagi? (Estou totalmente encantada com esses animais apaixonantes!)

C: Eles são perfeitos, né? haha olha, nós podemos ter um pedacinho deles aqui no nosso mundo com nossos bichinhos de estimação, que são mágicos por si só. Mas animagi mesmo, infelizmente só nascendo Scathi ou Lunari pra conseguir 🙁

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*Créditos da foto de destaque: Bruna Teles/arquivo pessoal

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