Lançado em 2023, o livro é da mesma autora de Pequenos Incêndios por Toda Parte
Os Corações Perdidos, distopia da Celeste Ng, é um livro que chama atenção primeiramente pelo título, e depois pela sua história. Nele, a autora nos apresenta injustiças que a sociedade escolhe fechar os olhos, o poder da arte, a luta contra o sistema, as lições que passamos para os nossos filhos e como podemos manter nosso coração intacto em um mundo despedaçado.
A história:
Em um futuro próximo, o governo dos Estados Unidos radicalizou a desconfiança em relação à China e ao Oriente em geral. As pessoas de origem asiática são vistas com desprezo por seus vizinhos e governantes, e as bibliotecas são forçadas a recolher livros considerados antipatrióticos.
Com isso, Bird não sabe o que aconteceu com a mãe e por que ela foi embora, mas, quando recebe uma misteriosa carta contendo apenas um desenho, ele suspeita que ela esteja envolvida em algo e decide investigar. Sua busca por respostas o levará até Nova York, onde descobrirá muito mais do que ele imaginava sobre a mãe.
Para escrever Os Corações Perdidos, a autora se inspirou na política anti-imigração do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump — que chegou a separar pais e filhos —, e na discriminação de chineses por conta da pandemia da Covid-19, o que deu diversas ideias para ela criar uma distopia assustadoramente parecida com a realidade.
A leitura:
No começo, a leitura é muito cativante por ser assemelhar à realidade e abordar assuntos como racismo, xenofobia e outros preconceitos que estão infiltrados na sociedade desde antigamente. Diante disso, focando na relação de mãe e filho, nós temos duas visões durante o livro: a de Margaret Miu e a do seu filho Bird, uma criança muito forte e cativante. Essa dinâmica deixa a leitura mais fluída e explicativa sobre como aconteceu a revolta contra Chineses e a criação da lei de Proteção dos Costumes e da Cultura Americana (PACT).
Além desses dois personagens, temos mais alguns interessantes como o pai de Bird, a amiga Sadie, a bibliotecária e a Duquesa, mas eles poderiam ter sido mais desenvolvidos, pois suas aparições ficaram vagas em alguns aspectos. Mesmo com pontos interessantes, o desenvolvimento é lento e existem descrições desnecessárias, dificultando a leitura já que é preciso se forçar um pouco para não abandonar a obra.
Mesmo com alguns pontos ruins, uma das mensagens mais fortes do livro é sobre como palavras podem ser mais do que textos ou troca de ideias, e sim também o estopim para o início das maiores revoluções do mundo.
A edição:
Na questão estética, acredito que alguns pontos desta edição poderiam ser melhorados, como a capa do livro ter um design melhor e as falas dos personagens começarem com travessão, sem esse último, fica confuso separar a história em si da comunicação entre as pessoas. Por outro lado, as páginas amarelas e o tamanho da letra são bem confortáveis para ler.
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*Crédito da foto destaque: divulgação/Intrínseca