Sou mulher e não sigo padrões

Hoje é dia internacional da mulher. Gostaria de poder dizer que somos todas livres, felizes e que não nos julgam. Mas não é bem assim….

Sofremos MUITO com preconceitos, deboches, discriminação, além de sermos julgadas por não seguir o tal “padrão”, que segundo os homens, é o correto: conhecer uma pessoa, se relacionar, se casar e ter filhos. É um absurdo o que somos obrigadas a ouvir diariamente, mas não é por isso que ficamos quietas, não é mesmo? 

Bom, não vim com o intuito de escrever um textão sobre o dia internacional da mulher. Dessa vez, vou fazer diferente: trouxe pra vocês, um texto, escrito pela atriz Jennifer Aniston, que fala mais ou menos sobre isso.

Depois de fazer sucesso na série Friends, Jennifer começou a ser admirada por pessoas de todo o mundo (e ela é um exemplo e tanto), mas também, começou a sofrer pressões por parte dos Tabloides. Mas não era pouca pressão: os rumores de que ela estava grávida foram tantos, que várias vezes os próprios colegas de trabalho a parabenizavam, o que a deixava mal.

A atriz tem 48 anos, foi casada com Brad Pitt por 5 anos, e atualmente está casada (e feliz) com o ator Justin Theroux. Ela nunca engravidou e por isso, a mídia achou que isso era errado, já que o padrão das mulheres, e principalmente, das atrizes de Hollywood, não é esse. Olha que absurdo! Então, ela resolveu desabafar.

Jennifer publicou uma carta, no site Huffpost US, em 12 de Julho de 2016, e falou tudo o que sentia. E por que eu decidi postá-la aqui? Porque entra exatamente no assunto mulher

Não é porque ela é uma atriz de Hollywood, que ela merece ouvir absurdos e ficar quieta, assim como nós também não devemos ficar quietas quando QUALQUER pessoa falar alguma coisa que nos ofenda ou que nos machuque. Então resolvi dividir esse relato com vocês. Talvez nem todo mundo se encaixe com que ela disse, mas certamente vai entender que ser mulher, vai MUITO além de ter filhos, agradar a todos e seguir padrões. Então é isso! Aqui vai:


Para que fique claro

“Vou começar dizendo que responder a fofocas é uma coisa que nunca fiz. Não gosto de alimentar esse negócio movido a mentiras, mas resolvi tomar parte em uma discussão mais ampla que já começou e precisa continuar. Como não estou nas redes sociais, decidi registrar meus pensamentos aqui por escrito.

Para que fique bem claro: não estou grávida. O que estou é de saco cheio. Estou de saco cheio da fiscalização de corpos e humilhação de pessoas que acontecem diariamente disfarçadas de “jornalismo”, “liberdade de expressão” e “notícias sobre celebridades”.

Todo dia meu marido e eu somos assediados por dezenas de fotógrafos agressivos que ficam postados diante de nossa casa e se prestam às façanhas mais chocantes para obter qualquer tipo de foto, mesmo que isso implique em nos colocar em perigo ou arriscar a segurança dos transeuntes azarados que porventura estejam por perto. Mas, deixando de lado o aspecto da segurança pública, quero falar da questão mais ampla do que esse ritual insano dos tabloides representa para todos nós.

Se para algumas pessoas aí fora eu sou algum tipo de símbolo, está claro que sou um exemplo da lente pela qual nós, como sociedade, enxergamos nossas mães, filhas, irmãs, esposas, amigas e colegas. A objetificação e a atenção minuciosa à qual submetemos as mulheres é absurda e perturbadora. O modo como sou retratada pela mídia é um simples reflexo de como enxergamos e retratamos as mulheres em geral, avaliando-as em comparação com algum padrão deturpado de beleza. Às vezes os padrões culturais só precisam de uma perspectiva diferente para que possamos identificá-los como o que realmente são: uma aceitação coletiva; uma concordância subconsciente. Somos nós que mandamos em nossa concordância. As garotinhas em toda parte absorvem nossa concordância com esses padrões, quer seja passiva ou não. E esse processo começa muito cedo. A mensagem é que as meninas não são bonitinhas a não ser que sejam magérrimas, que elas não são merecedoras de nossa atenção se não tiverem cara de supermodelo ou de uma atriz de capa de revista, e isso é algo que todos nós estamos reforçando conscientemente. Esse condicionamento é uma coisa que as meninas então levam com elas para a idade adulta. Usamos as “notícias” sobre celebridades para perpetuar essa visão desumanizadora das mulheres, uma visão focada unicamente na aparência física, uma coisa que os tabloides convertem em um placar esportivo feito de especulações. Será que ela está grávida? Será que anda comendo demais? Ela ficou desleixada, deixou de se cuidar? Será que o casamento dela anda mal, já que a câmera detectou alguma “imperfeição” física?

Antigamente eu me dizia que os tabloides são como gibis, algo que não é para ser levado a sério, tipo uma novela que as pessoas acompanham quando precisam de uma distração. Mas não posso mais pensar assim, porque a realidade é que a perseguição e objetificação que eu venho sofrendo em primeira mão há décadas refletem o cálculo deturpado que fazemos do valor de uma mulher.

Este último mês, em especial, deixou muito claro para mim até que ponto definimos o valor de uma mulher a partir de seu status conjugal e maternal. O dinheiro e os recursos que estão sendo gastos pela imprensa simplesmente para tentar descobrir se estou ou não grávida (pela enésima vez… mas que diferença faz?) mostram como está sendo perpetuada essa ideia de que as mulheres são de alguma maneira incompletas, malsucedidas ou infelizes se não forem casadas e não tiverem filhos. Durante este último ciclo entediante de notícias sobre minha vida pessoal ocorreram chacinas, incêndios florestais, decisões importantíssimas da Suprema Corte, uma campanha eleitoral presidencial e um sem-número de questões muito mais dignas de virar notícias, coisas com os quais os supostos “jornalistas” poderiam se ocupar.

O que penso sobre esse assunto é o seguinte: somos completas com ou sem parceiro, com ou sem filhos. Quando se trata de nossos corpos, nós, mulheres, podemos decidir por nós mesmas o que é belo ou não. Essa decisão cabe a nós e a mais ninguém. Vamos tomar essa decisão por nós mesmas e pelo bem das mulheres jovens deste mundo que nos têm como exemplos. Vamos tomar essa decisão de modo consciente, longe do barulho dos tabloides. Não precisamos ser casadas para sermos completas. Somos nós que temos que determinar nosso próprio “felizes para sempre”.

Já me cansei de fazer parte desta narrativa. Sim, pode ser que eu vire mãe algum dia, e, já que não estou escondendo nada, se isso acontecer, serei a primeira a contar a vocês todos. Mas não estou me esforçando para virar mãe porque eu me sinta incompleta de alguma maneira, como nossa cultura de notícias sobre celebridades quer fazer todo o mundo pensar. Fico revoltada quando tentam me fazer sentir que estou “valendo menos” porque meu corpo está mudando e/ou porque comi um hambúrguer no almoço e fui fotografada de um ângulo ruim e por isso alguém achou que eu estou grávida ou estou gorda. Sem falar no constrangimento de ser parabenizada por amigos, colegas de trabalho e desconhecidos por minha gravidez fictícia (às vezes dez vezes num único dia).

Com meus anos de experiência, já aprendi que as práticas dos tabloides não vão mudar, por perigosas sejam, pelo menos não no futuro próximo. O que pode, sim, mudar, é nossa consciência das mensagens nocivas ocultas dentro dessas reportagens aparentemente inofensivas que nos são apresentadas como sendo verdades e que moldam nossa visão de quem somos. Somos nós que temos que decidir até que ponto acreditamos no que nos é mostrado. Quem sabe algum dia os tabloides sejam obrigados a enxergar o mundo por uma ótica diferente, mais humanizada, porque os consumidores terão cansado de acreditar nas mentiras.”

– Jennifer


Amém Jennifer, amém! Acho que nem preciso comentar né? O texto original se encontra aqui.

Aqui vai algumas palavrinhas (minhas):

Se você é vergonhosa, se você gosta de amarelo e o mundo todo gosta de vermelho, não mude!! Você tem que ser feliz sem se preocupar se você é diferente. E não deixe, de forma ALGUMA, alguém te menosprezar e te humilhar (principalmente se a pessoa não tem intimidade com você), porque a vida é sua e tudo o que acontece nela cabe a VOCÊ saber se foi bom ou não!

Sonho com um futuro pra mim e pra todas vocês com mais RESPEITO, DIGNIDADE e IGUALDADE, porque todas nós merecemos alcançar a felicidade sem sermos julgadas.

Feliz dia da mulher! Nosso dia é todo dia e que se dane os tabus! <3

 

Beijinhos,

Anna Mellado

 

Vídeo com a banda Onze:20 no canal: https://www.youtube.com/watch?v=8wz7CEjJgZY

 

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