Campanha Cada Preto É Uma Conquista destaca produções de diretores, roteiristas e atores negros entre os dias 16 e 20 de novembro
No dia 20 de novembro é comemorado o Dia da Consciência Negra, feriado nacional que homenageia Zumbi dos Palmares, um dos maiores líderes quilombolas brasileiro. Respeitando a importância da comemoração e a relevância que essa data tem para a nação, a Max traz uma coleção especial de produções e novidades como três curtas desenvolvidos durante o programa de aceleração de talentos Narrativas Negras Não Contadas – Black Brazil Unspoken. Confira o que vem por aí:
Lançamentos de novembro:
Primavera Só Floreia em Solo Fértil (2024)
O documentário vai de encontro às memórias do time de futebol de várzea Sociedade Esportiva Vila Primavera, na zona leste de São Paulo. Prestes a completar 70 anos de existência, jogadores relembram momentos marcantes da história do time, como a perda do campo de futebol provocado pelo crescimento urbano desenfreado.
Favela Turística (2024)
Em Favela Turística,moradores da favela da Rocinha, maior favela do Brasil, são escutados e opinam sobre o turismo que ocorre nas ruas e vielas e falam abertamente sobre as consequências da atividade no dia a dia.
Brega Funk – Ritmo & Sobrevivência (2024)
Jovens dançarinos da periferia do Recife, Pernambuco, enfrentam desafios ao tentar se profissionalizar no brega funk. O documentário mostra suas lutas e conquistas na tentativa de consolidar a dança como expressão cultural.
Mais títulos para maratonar:
Cidade de Deus: A Luta Não Para (2024)
A série mostra o enfrentamento dos moradores da comunidade ao lidar com o tráfico de drogas, a corrupção policial e a milícia, continuando a denúncia social do renomado filme Cidade de Deus (2002).
King Richard: Criando Campeãs (2021)
Will Smith interpreta Richard Williams, pai das famosas jogadoras de tênis, Venus e Serena Williams, cuja perseverança pessoal foi um ponto-chave para o sucesso das filhas. Com métodos tradicionais e cheio de determinação, ele criou as duas filhas para serem umas das maiores atletas de todos os tempos.
Romário, O Cara (2024)
Dividida em seis episódios, o documentário aborda a trajetória de Romário, um dos jogadores mais polêmicos do futebol brasileiro.
Homem-Aranha: Através do Aranhaverso (2023)
Miles Morales (Homem-Aranha) é transportado para o multiverso, onde conhecerá outros heróis-aranha como ele.
Insecure (2016)
Nessa comédia, as melhores amigas Issa (Issa Rae) e Molly (Yvonne Orji) compartilham problemas do cotidiano e experiências desconfortáveis em Los Angeles.
Para os fãs de Will Smith, calma que King Richard: Criando Campeãs não é a única produção que você vai ver o rosto dele. Que tal assistir também Um Maluco no Pedaço (1990)?
E temos também os títulos: Pico da Neblina (2019), Um Dia Qualquer (2020), Da Ponte Pra Lá (2024), Arte Negra: Na Ausência da Luz (2021), King no Deserto (2018), Qual o Meu Nome: Muhammad Ali (2019), O Apollo: 85 Anos (2019), e outros.
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A semana está pegando fogo com uma seleção incrível de filmes para todos os gostos. Quer se sentir alegre, nostálgico ou relaxado? O Telecine antecipou a programação para você já saber o que assistir. Em comemoração ao mês da Consciência Negra, na terça (12) e quarta (13) serão exibidos filmes com protagonistas negros. Veja o que vem por aí:
Segunda (11)
Telecine Premium — 22h: Velozes e Furiosos 8 (2017)
Dom e Letty estão curtindo sua lua de mel, quando Cipher aparece e convence Dom a voltar para o crime. Letty então reúne os velhos amigos para enfrentar essa nova ameaça.
Telecine Action — 22h: Protegendo o Inimigo (2012)
O ex-agente da CIA Tobin Frost, acusado de traição, se entrega e é levado para um abrigo secreto. Quando o local é invadido, um agente novato precisa protegê-lo.
Telecine Touch — 22h: Negócios no Paraíso (2023)
Claire, Ben e seus amigos vão para uma ilha no Caribe herdada por Ben, onde decidem abrir um negócio de casamentos na praia. Sucesso e contratempos colocam à prova o romance e as amizades do grupo.
Telecine Fun — 22h: O Espanta Tubarões (2024)
Um peixe ambicioso faz todos acreditarem que é capaz de derrotar tubarões. Com a ajuda de um tubarão vegetariano, ele leva a mentira adiante, mas sem pensar nas consequências.
Telecine Pipoca — 22h: Ghostbusters: Mais Além (2021)
Em uma pequena cidade de Oklahoma, uma mãe solteira e seus filhos descobrem sua conexão com os Caça-Fantasmas originais e o legado que o avô deixou para trás.
Telecine Cult — 22h: Gigantes em Luta (1967)
Taw Jackson busca vingança contra o homem que o colocou na prisão e tomou sua fazenda. Com um grupo excêntrico, ele finalmente tem a chance de fazer justiça.
Terça e Quarta (12 e 13) — Especial Protagonismo Negro
Telecine Action e Telecine Fun: Creed: Nascido Para Lutar (2015), O Plano Perfeito (2006), Um Príncipe em Nova York 2 (2021) e Policial em Apuros (2014).
Um especial imperdível com histórias inspiradoras, ação e muita representatividade.
Quinta (14)
Telecine Premium — 22h: Gladiador (2000)
Uma exibição épica para quem ama drama e ação histórica!
Sexta (15)
Estreia no catálogo: A Menina e a Pantera (2024)
A emocionante história de Autumn, uma garota de 14 anos que volta à Amazônia em busca da pantera que a acompanhava na infância. Uma aventura cheia de emoção e conexão com a natureza.
Curta o primeiro e o último filme da franquia Homem-Aranha, para fãs de longa data e novos admiradores.
Telecine Premium — 19h10: Especial Martin Scorsese
A Última Tentação de Cristo (1989).
Cassino (1995).
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O Entretê vai te levar a uma reflexão sobre como a representação negra no cinema de terror traz à tona padrões cinematográficos racistas.
Na história do cinema, a população negra sempre foi representada como coadjuvantes com papéis extremamente problemáticos.
Isso pode ser notado com estereótipos em personagens ridicularizados, sofrendo violências terríveis durante todo o filme, como os amigos do personagem branco (que normalmente morrem para salvar esse amigo bem no começo do filme) ou ainda como o famoso vizinho que sabe mexer com feitiçaria, podemos notar umapersistência de uma representação negra específica.
No livro Horror Noire: a representação negra no cinema de terror,Robin R. Means Coleman traz uma análise histórica abrangente da presença da cultura negra no cinema de terror norte-americano, nos explicando o surgimento desses padrões.
A obra explora questões como o apagamento da pessoa negra nas narrativas cinematográficas, a criação e perpetuação de estereótipos, bem como os esforços de resistência em busca de uma representação mais autêntica.
Além disso, o livro é resultado de uma extensa pesquisa conduzida pela autora, que atuou como professora adjunta no Departamento de Estudos de Comunicação e no Centro de Estudos Afro-americanos e Africanos da Universidade de Michigan.
Filmes de Terror com NegroseFilmes Negros de Terror
Os Filmes de Terror com Negros abordam diretamente a população negra e a negritude e muitas vezes são produzidos por não-negros para o público geral. Eles perturbam as noções de segurança e racionalidade do espectador, explorando a diferença entre o racional e o selvagem.
Alguns retratam o outro racial como monstros, enquanto outros usam personagens negros escassamente, destacando ainda mais sua ausência. Alguns filmes utilizam monstros fictícios para simular questões raciais, como O Monstro da Lagoa Negra (1954).
O conceito de bem e mal é frequentemente centrado na questão racial, como visto em O Nascimento de uma Nação (1915),que retrata os negros escandalosamente e pró-Ku Klux Klan, destacando representações sutis que demonizam a negritude até os dias atuais. É claro que precisamos examinar esses filmes com uma perspectiva histórica, mas entender os absurdos retratados serve como um alerta para as produções atuais.
Já os Filmes Negros de Terror tem como característica uma narração com foco em questões de identidade racial, ao abordar a negritude e todas as suas várias camadas. Trazendo às telas faces da cultura negra, história, experiências, politicas, estética e outras coisas mais específicas, como a música, abordando o que é ser negro de uma forma mais abrangente, em um contexto de terror.
Embora estes filmes tenham um produtor, diretor, roteirista ou artistas negros, a simples presença de uma equipe negra não é motivo suficiente para classificar uma produção como Filme Negro de Terror.
O Nascimento de uma Nação (de Ideias Racistas)
O filme O nascimento de uma nação, de D.W. Griffith, teve seu roteiro baseado em dois livros do supremacista branco Thomas Dixon Jr., The Leopard’s Spots: A Romance of the White Man’s Burden, (1901) e The Clansman: An Historical Romance of the Ku Klux Klan (1905).
No filme, Griffith conta a história de duas famílias — os sulistas Camerons e os nortistas Stonemans — durante o período de reconstrução pós-Guerra Civil. No primeiro ato do filme, temos a versão de Griffith do fim da Guerra Civil e do assassinato do presidente Abraham Lincoln, enquanto o segundo ato é basicamente sobre a união dos brancos sulistas e nortistas e seus servos negros fiéis.
A família sulista, era dona de escravos e é bem-estruturada, enquanto seus amigos nortistas da família Stonemans são abolicionistas e seu patriarca é retratado como um homem doente de bom coração que foi ideologicamente enganado pelos negros.
Segundo Ed Guerrero, historiador de cinema, o filme foi o primeiro longa estadunidense que estabeleceu padrões técnicos usados até hoje, enquanto perpetuava a narrativa de desvalorizar os afro-estadunidenses a meros servos, valentões, mal-educados e folgados.
Um exemplo dessa narrativa, é o fato de que os personagens negros, que eram em sua maioria atores brancos com seus rostos pintados, tinham papéis problemáticos. Veja a lista a seguir:
Gus (Walter Long), um soldado linchado pela Ku Klux Klan por dar em cima de uma jovem branca;
Silas Lynch (George Siegmann), um político corrupto;
Lydia (Mary Alden), uma mulher negra que sequestra e amarra uma mulher branca, porque Lynch a deseja;
Mammy (Jennie Lee) e Tom (Thomas Wilson), dois ex-escravizados que se mantêm fiéis aos seus antigos donos e continuam a trabalhar como servos.
O Nascimento de uma Nação introduz os espectadores a negritude para associá-la a uma monstruosidade quando os soldados negros da União chegam a cidade saqueando e atacando pessoas brancas inocentes, quase que com o prazer pela guerra.
São mostrados emcontraste aos soldados confederados brancos, os quais são apenas homens brancos cansados da guerra que querem apenas proteger suas terras (brancas) e seu povo (branco).
O Nascimento de uma Nação não só retratou o homem negro como vilão, mas também o apresentou como um monstro altamente sexualizado, representando uma ameaça para as donzelas brancas, sendo todos potenciais estupradores, além de em certas cenas, representar o negro como favorável ao canibalismo.
No longa, essa narrativa é construída para justificar os linchamentos realizados por membros da Ku Klux Klan, abordados no filme como verdadeiros heróis americanos. Este filme foi responsável por transformar a percepção do homem negro no cinema, tornando-o umafonte constante de perigo.
Consequentemente, como aponta Coleman (2019, p. 68): “A negritude foi efetivamente transformada, e o negro se tornou uma das criaturas mais terríveis e temidas de todas.”
O Negro Sempre Morre
A frase que ouvimos desde sempre sobre o gênero do terror, pode trazer um tom de comédia, porém precisa ser analisada mais a fundo. De mil produções analisadas pelo site Black Horror Movies, cerca de um em cada dois personagens negros, morre. Ainda que nos filmes atuais, essa conta mude, pois a diversidade nos trouxe mais personagens negros nas produções, o padrão continua lá.
O terror nos filmes, além de causar medo, muitas vezes serve como uma forma de expressar ideologias. A ideia de que todos eventualmente morrem tenta eliminar questões políticas ao generalizar a morte.
Isso acaba retirando a responsabilidade dos produtores do filme em representar adequadamente a sociedade. Porém, mesmo em filmes de terror, as mortes não são todas iguais.
A ideia de que personagens negros sempre morrem primeiro aponta para uma questão mais profunda sobre a representação e a importância do corpo negro no gênero. Isso mostra que, mesmo com tentativas de incluir diversidade, as desigualdades persistem.
A falta de representação negra no cinema de horror não só simbolicamente, mas também fisicamente, evidencia uma forma de violência invisível. Os personagens negros, quando presentes, muitas vezes são tratados como descartáveis, como se fossem apenas parte de uma máquina de matar.
Afinal, pense nos slashers ambientados nos subúrbios, como A Hora do Pesadelo(1994) e Halloween(1978) e tente se lembrar da quantidade de personagens negros que moravam nestes lugares nos anos 1980. Ou seja, a não existência de personagens negrosàs vezes diz mais do que a sua inserção descontextualizada.
O Sacrifício Negro e o Negro Mágico
Nos filmes de terror, é comum observar um padrão recorrente onde personagens negros são frequentemente sacrificados em prol do desenvolvimento ou sobrevivência dos personagens brancos. Nessa dinâmica, se os negros aparecem para contribuir com o gênero, sua participação é vista em filmes de terror com negros, sendo marcada por umapoio afirmativo aos brancos.
Na década de 1980, nos filmes, os negros se viam sob pressão para sustentar um sistema de lealdade e confiança que geralmente era unilateral. Em outras palavras, esperava-se que os negros fossem leais aos brancos sem necessariamente receber a mesma lealdade em troca. O que é ainda mais preocupante é que, nesses filmes de terror da época, a lealdade dos personagens negros aos brancos era frequentemente demonstrada não apenas pelo desejo de ajudar, mas também pela disposição de enfrentar uma morte terrível para salvar um personagem branco.
O filme O Iluminado (1980), dirigido por Stanley Kubrick, é um ótimo exemplo. Em primeiro lugar, o filme retrata um personagem negro que se sacrifica voluntariamente, morrendo enquanto salva um personagem branco, muitas vezes só para provar ao personagem branco o quão perigoso é a atual situação.
Em segundo lugar, o filme usa o estereótipo do negro mágico, no qual um personagem negro possui habilidades sobrenaturais empregadas não em benefício próprio, de sua família ou comunidade, mas sim em favor de pessoas brancas. Em quantos filmes esse estereótipo não foi usado?
Por exemplo, no filme À Espera de um Milagre (1999), que se passa na década de 1930, o personagem negro John Coffey (Michael Clarke Duncan) é mostrado como um grandalhão mágico e burro que está no corredor da morte por um crime que não cometeu. Coffey cura a hérnia de seu executor com um toque de mão, libertando o homem da dor e renovando sua vida sexual.
Além disso, Coffey remove o câncer da esposa do diretor da prisão, salvando a vida dela. Surpreendentemente, Coffey até mesmo reduz dramaticamente o processo de envelhecimento de um rato. Contudo, apesar de suas habilidades extraordinárias, Coffey não usa seus poderes para salvar a si, sendo executado por aqueles a quem ajudou, embora estejam cientes de sua inocência.
Como Coleman conclui em Horror Noire, os personagens negros frequentemente recebem qualidades santificadas e até mesmo mágicas numa tentativa errônea dos cineastas de rebater estereótipos racistas. No entanto, caracterizações desse tipo, na verdade, servem ao público branco. É como sefosse necessáriosantificar um negro para que ele adquira o equivalente moral de um branco.
O Protagonismo Negro
Por outro lado, existem momentos e produções no gênero que procuram transcender essas problemáticas, ainda que possam enfrentar críticas, como, por exemplo, em 1968, A Noite dos Mortos-Vivos traz à tona a importância de um protagonista negro. Na década de 1970, o movimento Blaxploitation viu um aumento significativo da presença de homens e mulheres negras em diversas áreas artísticas.
Nos anos 1990, Candyman resgatou o protagonismo negro, enquanto a virada para os anos 2000 trouxe uma abordagem explícita das questões sociais contemporâneas. No entanto, é importante problematizar os novos estereótipos surgidos no Blaxploitation, como os de cafetina e cafetão, assim como a representação da perseguição de uma mulher branca por um homem negro em Candyman.
Hoje, com produções como Nós (2019), chegamos a um cenário em que representações preconceituosas já não têm mais sustentação, e as discussões raciais estão ganhando grande força.
Em um contexto onde o terror reflete e molda percepções sociais, é vital questionar a eficácia da representação negra no cinema. Analisar como o horror retrata personagens negros não apenas revela as raízes de preconceitos enraizados na sociedade, mas também desafia os padrões estabelecidos, incentivando a busca por narrativas mais inclusivas e significativas.
Cineastas como Spike Lee, Jordan Peele, Ava DuVernay, Barry Jenkins e Ryan Coogler exemplificam como os afrodescendentes têm um papel crucial a desempenhar no cinema, indo além de serem apenas coadjuvantes ou instrumentos na narrativa da evolução dos brancos. Desde obras profundas como Infiltrado na Klan (2018) e Selma (2014) até produções de puro entretenimento como Corra! (2017) e Pantera Negra (2018)eles demonstram de forma vívida como a representatividade é verdadeiramente eficaz.
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Hoje (20), celebramos o Dia da Consciência Negra, data importante para destacar as lutas dos movimentos negros e pensando nisso, preparamos uma lista especial de diretores pretos para você acompanhar
Para comemorar o feriado que acontece amanhã (20), o Entretê preparou uma lista com alguns dos incríveis cineastas pretos, que trouxeram representatividade e talento para as telas. Bora enaltecer essa galera?
Confira a lista abaixo!
Viviane Ferreira
Nada melhor do que começar nossa lista com um talento brasileiro. Viviane Ferreira é a diretora de Ó Pai Ó 2 (2023). Além de diretora, ela também é roteirista, produtora, advogada e ativista.
Seu curta O Dia de Jerusa (2014) foi transformado no longa Um Dia com Jerusa (2020) e com ele Viviane se tornou a segunda mulher negra a dirigir individualmente um longa de ficção no Brasil.
Jordan Peele
Jordan era conhecido pelo seu programa de comédia Key And Peele, mas migrou para trás das câmeras no universo do terror. Atualmente, ele é um dos grandes nomes do cinema: dirigiu Não! Não Olhe (2022), Nós (2019) e Corra! (2017). Por esse útlimo, ele ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original, tornando-se o primeiro negro a receber o prêmio nessa categoria.
Nia DaCosta
Foto: reprodução/GlamourPrimeira mulher negra a dirigir um filme da Marvel, a diretora de As Marvels (2023), DaCosta também dirigiu Passando dos Limites (2018) e Candyman (2021).
Ela sempre sonhou em ser escritora, então iniciou sua carreira como roteirista. Depois anoscomo roteirista, ela assumiu a direção de Passando dos Limites, longa que também escreveu. Legal, né?
Dispensa apresentações, não é mesmo?! Spike Lee tem uma lista vasta de filmes no seu currículo e ainda é escritor, produtor, ator e professor.
Ele fez sua estreia na direção em 1986 com a comédia Ela Quer Tudo. Desde então, fez filmes como Malcom X (1992), Infiltrado na Klan (2018) e Destacamento Blood (2020). Os longas do diretor continuamente abordam as relações raciais, o colorismo na comunidade negra e o crime urbano. Lee conquistou diversos prêmios por seus trabalhos, incluindo um Oscar e o Grande Prêmio de Cannes.
Melina Matsoukas
A carreira dela começou com clipes musicais e ganhou vários prêmios por isso. Alguns dos clipes que ela dirigiu foram Losing You de Solange Knowles e Found Love da Rihanna.
Mas não pense que acabou, ela dirigiu Formation e Lemonade de nada mais, nada menos, que Beyoncé. Inclusive, por Formation, ela venceu um Grammy de Melhor Vídeo Musical além do Grand Prix de Excellence in Music Video no Festival de Cannes.
Sabrina Fidalgo
Nascida no Rio de Janeiro, Sabrina é diretora de cinema, atriz, roteirista, artista visual, colunista e produtora. Um dos talentos do nosso país, dirigiu filmes de curta e media-metragem como Rainha (2016), Black Berlim (2009) e Alfazema (2019), esse último concorreu ao Grande Prêmio de Cinema Brasileiro.
Quais desses nomes são seus favoritos? Quem você também adicionaria à lista? Conta pra gente nas redes sociais (Instagram, Facebook, Twitter) do Entretê e nos siga para mais conteúdos de entretenimento!
*Crédito da imagem de destaque: reprodução/Mundo Negro/AdoroCinema
Com Lázaro Ramos e direção de Viviane Ferreira, o longa conta com o retorno de Dira Paes e Érico Brás
O ator Lázaro Ramos retorna ao Pelourinho para interpretar o cantor Roque, um dos personagens mais marcantes de sua carreira, em Ó Paí, Ó 2. A comédia já tem data marcada para chegar aos cinemas: dia 15 de novembro, mês da Consciência Negra.
Depois do sucesso do primeiro longa da franquia, Dira Paes, Érico Brás e Luciana Souza retornam ao elenco, além de novos nomes como Luis Miranda e Margareth Menezes. O filme é uma produção da Dueto e Casé Filmes, em coprodução com Canal Brasil, Globo Filmes e Telecine e com distribuição da H2O Films.
Mais de 15 anos depois do sucesso do primeiro longa, Roque se prepara para lançar sua primeira música e está confiante que irá, finalmente, alcançar a fama como cantor. Enquanto isso, o cortiço de Dona Joana (Luciana Souza) continua agitado em meio a fofocas e confusões entre os novos moradores e vizinhos. A animação da turma é ainda maior com as preparações para a Festa de Iemanjá, uma das mais populares do calendário baiano, que concentra uma multidão em Salvador.
A passagem do tempo é vista nos filhos dos moradores do cortiço – bebês e crianças no filme de 2007, agora adolescentes e jovens adultos. Entre eles: Salvador (João Pedro), filho de Roque; Michelangelo (Pedro Amorim) e Reginho (Thiago Marinho), filhos de Maria (Valdinéia Soriano) e Reginaldo (Érico Brás); Gisele (Ariele Pétala), filha de Yolanda (Lyu Arisson) e Neusão (Tânia Tôko).
Filmado no Centro Histórico de Salvador e no bairro do Rio Vermelho, Ó Paí, Ó 2 utiliza humor e música para abordar temas sociais e denúncias do cotidiano da população pobre e, em sua maioria, negra. A trama vai apresentar novas aventuras dos personagens que marcaram o primeiro longa. Além de Dira Paes, Érico Brás e Luciana Souza, retornam à produção Tânia Tôko, Rejane Maia, Lyu Arisson, Jorge Washington, Cássia Valle, Edvana Carvalho, Vinícius Nascimento, entre outros.
Falando de Amor é um filme sobre a identidade da mulher preta na sociedade e sobre a solidão não planejada que são obrigadas a enfrentar, em diferentes contextos emocionais
Em 1995 era lançado o filme Falando de Amor, com um elenco completamente preto, com Whitney Houston (1963 – 2012), Loretta Devine, Lela Rochon e Angela Bassett como as protagonistas de quatro histórias de amor que são verdadeiras lições de vida.
Enquanto Savannah (Whitney Houston) se muda de cidade para um novo emprego e na tentativa de achar um homem ideal para si, lidando com as investidas da mãe para que ela se case logo – e de preferência com um homem que já está em um relacionamento, lhe tornando a amante temporária -, sua amiga Bernadine (Angela Bassett) está em um casamento supostamente feliz, mas atolada dentro de uma rotina cheia de festas entediantes e distanciamento emocional.
Já a cabeleireira de Bernadine, Gloria (Loretta Devine), aguenta o peso afetivo de ser mãe solo de um filho que quase não fica em casa, e ainda tenta a todo custo se sentir amada nas poucas visitas que o pai faz ao jovem, até descobrir que o pai do seu filho é gay e não quer nada com ela.
Robin (Lela Rochon) é um caso à parte. Ela é amiga do trio e tenta se ver livre de um homem que é emocionalmente abusivo, enquanto tenta superar os traumas que causou em si mesma por causa desse amor.
O quarteto se reveza na tela, contando sobre encontros e desencontros amorosos, entre relações extraconjugais, abandono emocional e narrativas de uma sociedade preta que se invisibiliza dentro do macro. Com temas sutilmente tocados, como o abandono do marido preto por uma mulher branca, aborto, síndrome do ninho vazio e solidão (de modo geral) da mulher preta, o filme narra situações reais e dolorosas, e dá um protagonismo completamente preto para uma produção em grande escala.
A solidão da mulher preta
“A análise dos dados mostrou que os sujeitos consideram que existe uma desvantagem da mulher negra em comparação a mulher branca, no que concerne a preferência do homem negro na escolha de parceira afetiva e conjugal”, é uma parte do trabalho de tese feito pela mestranda Claudete Alves da Silva Souza.
Claro que esse não é um tema simples, e claro que a solidão da mulher negra não se resume ao fato de homens pretos preferirem se relacionar com mulheres brancas, ou com o abandono em massa que as mulheres pretas sofrem de seus parceiros, em microssociedades mais desfavorecidas e marginalizadas. Temos que ter consciência social que desde quando a escravatura começou a rodar o mundo, todos os escravos (independente do país, variação do tom de pele ou ambientes de famílias mais ricas) eram incentivados a não terem conexão afetiva. Também temos que ressaltar que aqui no Brasil, especialmente, houve uma ideia governamental de clarear a população.
Por ser um filme e ter uma curta duração, ainda mais não sendo focado no contexto documental, a narrativa fala desse tema de forma mais simplista e superficial, mas o debate ainda está presente.
Quando a mãe de Savannah a cobra de ter um marido, seu foco principal é dizer que não quer que a filha acabe como ela: sozinha. E esse também é o permanente problema de Gloria, que não quer deixar o filho viajar para a Europa por causa do seu medo da solidão, que acaba gerando a síndrome do ninho vazio.
Não é nada raro ver a sociedade apresentar contextos em que homens pretos, por uma questão de status social, saem da sua própria realidade e ancestralidade para se relacionarem com mulheres brancas, e por isso acabam se sentindo mais confortáveis em camadas sociais onde o racismo é mais forte. Vide o caso do O.J. Simpson, retratado na primeira temporada da série American Crime Story. Ele era um homem preto que se cercava de pessoas brancas, em maioria mulheres, e renegava sua origem preta, mas na primeira oportunidade usou do problema social entre a comunidade negra e a polícia para alegar que sua acusação de assassinato era baseada em racismo.
O filme Lady Mcbeth, lançado em 2016 e com protagonismo de Florence Pugh, também discute essa questão racial em dois âmbitos diferentes, e abre espaço para mais debate sobre a realidade de pessoas brancas que se interessam por pessoas pretas, e como isso afeta homens e mulheres de cores diferentes, em uma mesma relação.
Protagonismo preto
Nós, crianças criadas entre os anos 90 e 2000, temos memórias afetivas encantadoras com seriados como Um Maluco no Pedaço e Eu, a Patroa e as Crianças, que eram repetidos em excesso durante as tardes, mas quando crescemos, quase sempre esquecemos de todos os protagonismos pretos que precisam continuar existindo no nosso repertório cultural.
Quando falamos sobre o feriado da Consciência Negra, pensamos em todos os anos de escravatura que foram vividos por povos africanos, que foram roubados de suas terras natais, forçados a se adaptarem em culturas e línguas completamente desconhecidas (fora as religiões) e ainda tiveram que aguentar torturas emocionais e psicológicas para sobreviver – e subsistir – nesses novos lugares e contextos.
Falando de Amor é um filme preto, com excelência preta e impacto forte dentro da sua cultura. A única pessoa branca no filme todo – e que tem certo destaque – é a amante e nova namorada de John (Michael Beach), ex-marido de Bernadine. O resto do elenco se divide em nomes de força na cultura e representatividade preta em grandes telas, com Wendell Pierce, Dennis Haysbert, Gregory Hines (1946 – 2003) e Donald Faison.
Outros títulos que podemos mencionar aqui, com absoluto protagonismo preto (e talvez sobre a solidão da mulher preta, que acaba se interessando apenas por homens brancos porque seus pares fazem o mesmo), é a comédia Morte no Funeral (2010), Sobre Ontem à Noite (2014) e Pense como eles (2012). E claro, sempre temos o nome Pantera Negra (2018) na ponta da língua quando falamos de grande representatividade dentro da sociedade atual.
Mas é importante lembrar que o Dia da Consciência Negra existe por um bom motivo. Temos que saber preservar e respeitar essas culturas pretas que foram saqueadas, roubadas e misturadas, e igualmente inferiorizadas, para reforçar esses protagonismos pretos e analisar o ângulo completo do que o racismo fez e ainda faz nos nossos círculos sociais.
A culpa de não termos tantas referências artísticas de grande repercussão é porque a cultura preta ainda sobrevive de pequenos patrocínios e de produções independentes para conseguir certo impacto no mercado. Filmes como Bantú Mama e A Garota do Moletom Amarelo são obrigados a permanecer longe dos grandes holofotes, precisando de eventos completamente voltados ao conteúdo racial, por culpa de uma cultura que prioriza apenas as realidades e discussões brancas. Falando de Amor é só um filme que – por sorte – sobreviveu bem e que não caiu na obscuridade cultural.
Sobre o filme
O filme tem toda essa força que estamos debatendo aqui, e ainda usa de uma linguagem muito suave para questionar outros temas tão importantes quanto, como relações abusivas, aborto e laços amigáveis e familiares.
Falando de Amor reforça atuações ricas e icônicas, visibiliza nomes que nem eram tão conhecidos e enriquece nosso senso cultural com críticas importantes e reflexões ácidas sobre uma sociedade carente de decência e igualdade.
Nenhuma história é deixada em aberto, todos os nós são fechados e cada uma das protagonistas encontra sua forma de felicidade, dentro de relações amorosas ou não. O filme é gentil com todos os seus personagens, é justo com os erros cometidos e fala com clareza e cuidado sobre os temas mais delicados.
É óbvio que o feminismo também é um foco forte no roteiro, e traz sororidade e resiliência, além de enfatizar discursos que só ganham mais e mais impacto a cada dia que passa.
Alguns dos temas abordados no filme seriam de grande importância para uma segunda temporada de Preto à Porter, e por si só já valem um debate aberto e claro.
Agora é a sua vez de falar sobre esses temas. Quais dos assuntos de Falando de Amor você mais valoriza dentro da pauta preta? Vamos conversar sobre isso lá nas redes sociais: Twitter,Instae Face.