Proclamado pela ONU, a data é uma homenagem às vítimas do Massacre de Shaperville
O dia 21 de março simboliza a luta pelo fim da discriminação racial e, embora não seja tão emblemático como o Dia da Consciência Negra (20 de novembro), também deve ser lembrado continuamente, para que a memória daqueles que lutaram não seja esquecida.
Isso porque trata-se de uma homenagem às 69 pessoas mortas no Massacre de Shaperville, em Joanesburgo, que protestavam contra a Lei do Passe, cujo objetivo era segregar negros e brancos, em 21 de março de 1960.
Nesse sentido, a tragédia chamou a atenção para o apartheid – sistema de segregação das populações negra e branca, que integrava a política oficial da República da África do Sul entre 1948 e 1991.
Assim, a Organização das Nações Unidas declarou a data como uma homenagem à memória daqueles que pediam por direitos e justiça, mas foram covardemente mortos por quem os via como inferiores.
Vale lembrar que, no Brasil, a Constituição de 1988 tornou a prática do racismo como crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão. Apesar da lei, a discriminação racial ainda acontece de forma direta e velada, sendo fundamental que a luta ainda persista, para uma sociedade mais justa e igualitária.
Por isso, para manter aceso o debate sobre o tema, o Entretê listou alguns dos maiores clássicos do cinema sobre a luta antirracista. Confira:
1. 12 Anos de Escravidão (2013)
Vencedor de três Oscars, inclusive na categoria de Melhor Filme, o longa mostra o drama vivido por Solomon Northup, um violinista que vivia em Nova Iorque com sua família. Mas, após um sequestro, ele acorda acorrentado.
O filme contém cenas fortes de violência, porém necessárias para chocar o espectador e, assim, criar um sentimento de identificação com o personagem.
Além de ter sido bem recebido pela crítica, foi também graças à obra que Steve McQueen se tornou o primeiro cineasta negro a receber o prêmio mais importante de Hollywood.
2. Cidade de Deus (2002)
A produção brasileira ganhou destaque na mídia internacional por receber o prêmio BAFTA de melhor edição, além de quatro indicações ao Oscar de 2004: Melhor Direção, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Montagem e Melhor Fotografia.
Cidade de Deus mostra o crescimento do crime organizado na favela de mesmo nome, no Rio de Janeiro, que começou a ser construída na década de 60, se tornando, consequentemente, um dos lugares mais perigosos do estado.
Desse modo, a obra retrata todo o ciclo dos indivíduos no tráfico: desde crianças a adultos. Com cenas impactantes, ela consegue transmitir mensagens sobre o papel do Estado nas comunidades, assim como a construção social do indivíduo.
3. Moonlight – Sob a Luz do Luar (2016)
Ganhando na categoria de Melhor Filme no Oscar de 2017, a produção levou para casa um total de três estatuetas, incluindo Melhor Ator Coadjuvante para Mahershala Ali e Melhor Roteiro Adaptado. Além dos prêmios, se tornou o primeiro filme com um elenco todo de negros.
Também aclamado pela crítica especializada, o longa mostra três fases na vida de Chiron, personagem principal, e explora suas complicações no processo de reconhecimento identitário e sexual.
Assim, a obra ultrapassa o rótulo da temática da homossexualidade. Ela contrasta o contexto social hostil com a sensibilidade trazida na produção, que correlaciona descobertas pessoais com as primeiras paixões.
4. Histórias Cruzadas (2011)
Uma das principais obras no que diz respeito ao assunto, o filme é baseado no livro de mesmo nome, de Kathryn Stockett. A história gira em torno de duas empregadas domésticas que trabalham para famílias brancas de elite, nos Estados Unidos.
Vivenciando atos racistas diariamente no trabalho, Minny Jackson e Aibileen Clark recebem ajuda de Skeeter, interpretada por Emma Stone.
Dessa forma, a produção traz inspiração para a coragem de ultrapassar limites socialmente estabelecidos e para a conscientização sobre atitudes que podem ser tidas como banais.
5. Selma: Uma Luta pela Igualdade (2014)
O filme retrata a luta que antecedeu a conquista do direito ao voto para a população negra nos Estados Unidos. Desse modo, há um recorte específico nas marchas de Selma a Montgomery liderada por James Bevel, Hosea Williams, Martin Luther King Jr. e John Lewis, em 1965.
Nesse sentido, a produção aborda que a busca por direitos igualitários entre afro-americanos e brancos tinha consequências violentas para o povo negro.
Além de ter sido bem recebido pela crítica, Selma recebeu indicações ao Globo de Ouro nas seguintes categorias: Melhor Filme Dramático, Melhor Realização e Melhor Ator em Filme Dramático, vencendo apenas o prêmio de Melhor Canção Original. Foi também indicado ao Oscar em 2015 como Melhor Filme.
E aí, qual desses filmes você gosta mais? Conta pra gente nas redes sociais do Entretê (Instagram, Twitter e Facebook) e não deixe de nos seguir para ficar por dentro de outros clássicos do cinema!
Leia também: https://entretetizei.com.br/dez-livros-com-protagonistas-negros/
Texto revisado por Michelle Morikawa