Foto: reprodução/Portal Música e Cinema

Resenha | O Lado Sombrio da TV Infantil mostra bastidores chocantes da Nickelodeon

    Minissérie chegou ao streaming no início de abril

 

[Contém spoiler]

Ao passar dos anos muitos atores mirins sofreram as consequências da fama, trazendo narrativas de abuso, exploração e vícios. Porém, anos atrás, a problemática desse tipo de situação não se voltava para o que havia acontecido com aquelas crianças e sim o que elas estavam fazendo devido a isso. 

A minissérie documental O Lado Sombrio da TV Infantil, lançada no Brasil pela MAX dia 13 de abril, relata de forma chocante a infância traumática que muitos desses atores viviam, sendo expostos a abusos físicos e psicológicos por aqueles que deveriam protegê-los.

 

 

Ao longo de quatro episódios, o espectador é inserido nos bastidores da Nickelodeon, famoso canal americano de conteúdos infantojuvenis. O canal foi responsável por produções como ICarly (2007), Zoey 101 (2005), Drake e Josh (2004) e Brilhante Victoria (2010). Seus seriados lançaram carreiras de diversas personalidades de Hollywood, como Ariana Grande, Drake Bell, Kenan Thompson, Victoria Justice, Amanda Bynes e Jennette Mccurdy, além de marcar uma geração de crianças e adolescentes.

Porém, na época, o que não fazia parte da divulgação em massa desses atores e atrizes era a real situação dos bastidores, a qualidade do trabalho por trás das câmeras e os tipos de profissionais com os quais aquelas crianças tinham que trabalhar. Dessa maneira, o documentário toca em todos esses pontos de uma forma perturbadora, com relatos e cenas fortes. 

Exploração e ambiente abusivo 

O principal alvo da minissérie é o criador da maioria dos programas de sucesso da emissora, Dan Schneider, que passou de ator pouco conhecido a um dos principais nomes da indústria americana no final dos anos 1990 e início dos anos 2000. 

Foto: reprodução/A Odisseia

O produtor, que deveria fornecer um ambiente seguro e respeitoso para todos os profissionais – em especial para as crianças –  recebe diversas acusações. Em entrevista, os atores e roteiristas que participaram das séries criadas por Schneider contam que ele era um chefe controlador, abusivo, pervertido e criava um ambiente de trabalho tóxico.

Tendo comportamentos como: pedir massagens constantes às profissionais mulheres do local, sexualizar as atrizes adolescentes com cenas que induziram a algo sexual, além de gritos e xingamentos.  

A Nickelodeon se mostrava totalmente conivente com as atitudes do produtor, mesmo após pais dos atores e profissionais informarem sobre seus comportamentos. O canal aceitava toda a exploração feita por Dan, pela fama e lucro que suas produções traziam ao estúdio, realmente se tornou um ambiente onde apenas os mais poderosos tinham voz. Os funcionários, em especial as crianças, tinham que aceitar e lidar em silêncio com suas questões, sob o medo de que caso agissem de modo que não agradasse, não teriam seus contratos renovados.

 

Foto: reprodução/UOL
Casos Criminais

Um dos momentos mais impactantes do documentário é o forte relato do ator e cantor Drake Bell, que conta pela primeira vez ter sido vítima de diversos crimes sexuais por parte de seu treinador de diálogo Brian Peck, quando tinha apenas 15 anos e fazia parte do elenco de The Amanda Show (1999). 

O ator mirim sofreu esses abusos durante anos, e mesmo após tudo vir à tona, Peck foi condenado a somente 16 meses de prisão, e após sua saída voltou a trabalhar em produções infantis em outra emissora. As falas de Drake demonstram o quanto tudo aquilo o traumatizou e o induziu a diversas atitudes problemáticas no futuro, além de revelar sua indignação e a negligência por parte da Nickelodeon. 

Foto: reprodução/Jovem Pan

Infelizmente, esse não foi o único caso de pedofilia dentro dos estúdios da emissora infantil, que teve outros dois profissionais presos devido a acusações de crimes sexuais contra menores de idade. 

A minissérie mostra de forma angustiante o quanto aquelas crianças e adolescentes foram negligenciadas e o quanto os adultos foram coniventes com diversas situações. Para quem acompanhou essas produções durante os anos, o sentimento de raiva se mistura com trauma. 

Foto: reprodução/Observatório de Cinema

Pensar que enquanto estávamos em casa dando gargalhadas com algum momento de nossos atores favoritos, eles estavam passando por abusos psicológicos ou até mesmo físicos, muda totalmente certas lembranças. 

E tudo isso se refletiu em proporções gigantescas na vida de muitos desses atores e atrizes, que até os dias atuais, já adultos, lidam com traumas e questões daquela época. São experiências abusivas e traumáticas que não serão esquecidas com facilidade por todos que vivenciaram, e agora por todos que assistiram ou vão assistir a produção.

No entanto, O Lado Sombrio da TV Infantil é totalmente necessário para o início de um novo debate, que até então não existia ou recebia pouco destaque na mídia, quais são as condições de trabalho para essas crianças e as fiscalizações nesses ambientes atualmente? Mudanças são necessárias para que situações como essas não voltem a acontecer.

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Texto revisado por Kalylle Isse

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