Coletiva de imprensa | Iza fala sobre projeto “Entra na Roda”

O edital busca levar potencialização e premiação para pequenos empreendedores pretos do país, principalmente nas regiões norte e nordeste

Pela primeira vez falando sobre o edital, pelo qual a cantora disponibilizará meio milhão de reais a serem potencializadores em pequenos empreendimentos, Iza  (32) declara que o projeto sempre foi seu sonho. “O que falta pra gente é a oportunidade. É muito complicado ficar esperando que empresas e nomes se movimentem, e a gente fique esperando pra sempre. Eu acho que a gente precisa criar os nossos próprios lugares da mesa”

A iniciativa é uma parceria com o IDBR – Instituto Identidades do Brasil, organização sem fins lucrativos, pioneira no país, junto do apoio das marcas Devassa e Risqué.  O projeto contou com um show de lançamento na Concha Acústica, em Salvador, ontem (20), no Dia da Consciência Negra. 

O projeto Entra na Roda, com intuito de potencializar e dar visibilidade a empreendedores que residem nas regiões Norte e Nordeste do país, destinará 50% das vagas para empreendimentos localizados em estados dessas regiões. A medida é tomada de maneira a levar para essas regiões recursos que são majoritariamente destinados ao sudeste, investindo em negócios pretos nas localidades que concentram grande parte dessa população no país.

Foto: Divulgação/Assessoria

Em sua infância e adolescência, Isabela reconhece que esteve em posição de privilégio, filha de pai militar e mãe professora, teve acesso a educação de qualidade, o que viabilizou sua entrada no ensino superior. “Compreendo muito que eu tive o privilégio de ter acesso a educação de qualidade e, por conta disso, eu pude escolher o que eu gostaria de fazer, o que infelizmente não é o que acontece com a maioria das pessoas que eu conhecia. Eu me enxergava como uma exceção, e isso é muito triste”. Com isso, ela destaca que: “Eu também me sentia na obrigação de retribuir de forma efetiva,  não só falando coisas bonitas, mas realmente fazendo alguma coisa”.

Durante a coletiva, foram ressaltados os desafios e a luta diária enfrentada por ser preto (a) no Brasil. A cantora ressaltou que a fama blindou muito o racismo em torno de sua figura pública, mas não deixa de lado o papel de dar voz àqueles que não estão na mesma posição. “Ser negro no Brasil é ser sobrevivente né, é impressionante o tipo de coisa que a gente escuta dentro de casa pra que sair na rua não seja tão nocivo como é pra pessoas negras.” 

Com isso, relembrou panoramas comuns para crianças e adolescentes em suas casas. “É muito normal você ouvir sua mãe falar pra não correr na rua de capuz, não correr na rua, não correr de fone, não pendurar a garrafinha do lado de fora da mochila, não pendurar guarda-chuva do lado de fora da mochila, não correr sem camisa. Se alguém passar suado correndo do seu lado, não correr junto. É. Um monte de coisa que a gente vive na nossa vida, que é muito presente, e que algumas pessoas não fazem ideia. Então é ser resistente, ser sobrevivente de várias formas.”

 A reflexão se deu ao redor de como sobreviver e encontrar seu espaço em uma sociedade que não os abrem para você: “ser sobrevivente social, porque a sociedade limita os nossos espaços e a nossa entrada ‘na roda’; ser sobrevivente emocional porque não tem como ter saúde mental, é muito difícil você saber que você pode morrer só por ser você. Isso é muito sério porque essa é a realidade do nosso país.” 

A cantora também relatou como é sua realidade nos dias atuais, sob perspectivas de gênero e raciais. “E é óbvio que a fama me afastou disso, por isso que eu me senti na obrigação de fazer alguma coisa de forma mais eficaz porque é muito fácil falar de feminismo, de liberdade do nosso corpo, quando eu tenho segurança, quando eu não ando mais de ônibus, quando eu não ando mais de metrô, quando a minha vida é de outra forma, muito mais fácil. Falar sobre ocupar seu lugar, sobre poder. Hoje não andam mais atrás de mim na loja, quer dizer, hoje em dia andam, mas não pelos mesmos motivos né? Então com certeza a fama acaba blindando você disso, e não porque o racismo acabou mas porque as pessoas são covardes, o racismo é covarde.”

Foto: Divulgação/Assessoria

O encontro foi marcado pela vontade de Iza em espalhar a ideia do edital e fazer a proposta chegar a todos que precisam do apoio, em diversos momentos, ela destaca a importância que a iniciativa tem em sua vida pessoal, no âmbito de realizações, e como profissional, no papel de mudar a vida daqueles que se inscreverem. Com isso, declara “eu espero muito que o edital chegue na casa das pessoas, sabe? Quero muito que essa informação de que está rolando um edital, que realmente vai remunerar, e não vai ser só uma questão de mentorias. Que isso realmente chegue às pessoas certas, que as pessoas se animem a compartilhar isso, e se inscrevam porque realmente é uma coisa que a gente está se organizando pra fazer funcionar”. 

Fazer a roda girar é o que impulsiona e dá vida à iniciativa, por isso, a artista, pessoalmente, ao responder a pergunta do entretê, deixa um recado para todos os empreendedores e empreendedoras pretas do Brasil. “Não desista, você é brilhante e o mundo precisa saber dos seus sonhos, o mundo precisa saber a forma como você enxerga as coisas, o mundo precisa saber aquilo que existe de lindo na sua criação. Aquilo que você faz ainda vai fazer muita diferença na vida de outras pessoas. A gente precisa de mais pessoas como você. Por mais que os dias sejam difíceis, que todos os dias a gente receba notícias e informações de que talvez seu lugar seja esse lugar aí que você quer, a gente vai chegar lá, juntos. Ninguém solta a mão de ninguém”.

Inscrições

Para se inscrever no Entra na Roda, é necessário ser empreendedor preto ou pardo, segundo a classificação do IBGE, com mais de 18 anos, residente em território brasileiro e com MEI ou ME ativo nos segmentos participantes. A inscrição é realizada através de formulário, e o processo é 100% online. Não se esqueça! Serão aceitas respostas até o dia 11 de dezembro. 

O edital é dividido em cinco segmentos, sendo esses: 

  • Alimentação | empreendimentos com ou sem sede física que produza alimentos diversos no ramo de alimentação, gastronomia e/ou culinária;
  • Entretenimento | produtoras de audiovisual, música, artes cênicas, literatura, artes digitais e afins; 
  • Beleza por Risqué | profissionais que atuam na valorização da estética negra, empreendimentos que atuam com produtos para pele e cabelos; 
  • Moda | promoção, valorização e fortalecimento de modas afirmativas e inclusivas, como, por exemplo, a moda afro-brasileira, plus size, acessório, joias artesanais e outros; 
  • Negócios Sociais | negócios de impacto social e/ou ambiental, liderados por empreendedores sociais que possuam ações, projetos, programas e produtos que atuem com a transformação social ou ambiental positiva, ao mesmo tempo em que possibilitam a geração de renda.

O show

No último domingo (20), o Dia da Consciência Negra foi marcado pelo show em Salvador que deu início ao edital, o qual a cantora anunciou para o público e comemorou a nova conquista junto de artistas pretos locais e com a participação especial de Lucas Carlos. Em coletiva, Iza destacou: “a gente vai ter parcerias inéditas e vou contar com artistas que eu nunca cantei e aí isso vai ser um momento muito legal do show. Já tive alguns momentos lá na concha e pô, a energia daquele lugar surreal. Cantar em Salvador é diferente.” 

Também referente à cidade, ela destaca também o laço afetivo que tem com o local: “eu me sinto muito em casa também, de certa forma. Parte da minha família é de Salvador, é baiana então eu me sinto em casa mesmo”. E as expectativas foram das melhores: “espero que o povo vá pra curtir, dançar, porque é isso, eu quero festejar, quero celebrar, quero encontrar com pessoas que que gostam do meu trabalho e  poder agradecer a elas olhando no olho, sabe? Então, estou muito ansiosa.”

Foto: Divulgação/Assessoria

Ao levar o show para a região nordeste, é ressaltado um aspecto fundamental do projeto: levar espaço e visibilidade para os empreendedores desta região, e também do norte do país. “Isso também é característica do nosso edital, né? Eu percebi que a maioria dos insumos, dos editais, são investidos na região sudeste, e a maior parte da população negra do nosso país está no norte, nordeste e aí a gente, junto com Devassa, que faz parte desse show, tá garantindo que a maior parte dos inscritos nesse projeto sejam do norte e nordeste, então acho que fazer o anúncio disso em Salvador num dia como esse que é muito especial, ser preto no Brasil, a gente é preto todo dia, então é mais um dia que a gente vai estar falando sobre aquilo que realmente importa, então  eu acho que vai ser uma coisa muito muito simbólica para mim.”

Ela também destaca como se sente ao se apresentar junto de artistas locais, e trocar experiências musicais com eles. “Eu acho que é mais de um dos presentes que a música me dá diariamente, é muito maneiro poder trocar arte e aprender com com artistas que fazem parte intimamente da mudança cultural do nosso país. A gente vê aí um monte de coisa que que é originária desses lugares, mudando a cena musical do nosso país, e isso é o que acontece desde sempre, e é como se eu tivesse a oportunidade de conhecer artistas bem no íntimo assim da da sua criação, então eu me sinto muito sortuda de poder trocar não só pela internet, mas pessoalmente, e no melhor lugar possível, que é no palco”.

 

Você conhece alguém que pode ter a vida mudada através do edital? Manda esse post e marque essa pessoa em nossas redes sociais Instagram | Twitter | Facebook

Leia também:

IZA colabora com talentos de periferias em música inédita que reverencia a criatividade brasileira 

 

*Crédito da foto em destaque: divulgação/assessoria

plugins premium WordPress

Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Acesse nossa política de privacidade atualizada e nossos termos de uso e qualquer dúvida fique à vontade para nos perguntar!