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Yurei e Yokai | Conheça as principais lendas urbanas japonesas

Presentes em animes, mangás e nas histórias do Junji Ito, as lendas japonesas deixam qualquer fã de terror de queixo caído

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Se você é fã de animes ou mangás, com certeza já deve ter visto alguma lenda urbana japonesa que te fez dormir de olhos abertos por dias. Junji Ito é um mangaká (autor de mangá) especializado em histórias de terror, e que aproveita bem o fato dos japoneses terem histórias em sua cultura cheias de Yurei (fantasmas) e Yokai (espíritos e monstros), que deixam qualquer fã de terror de queixo caído.

Pensando nos fãs de histórias de terror, o Entretê preparou uma lista com as principais lendas urbanas japonesas e, cuidado, não nos responsabilizamos com as noites mal dormidas. Confira:

O Inferno de Tomino

O Inferno de Tomino (ou Tomino ‘s Hell) é um poema escrito por Yomota Inuhiko e se encontra em um livro chamado The Heart Is Like A Rolling Stone. Também foi incluído na 27a coletânea de poemas de Saizo Yaso, em 1919. Ele conta a história de Tomino, que morre e vai diretamente para o inferno.

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Foto: reprodução/Muita Brisa Blog

A lenda diz que ele é um poema maldito que mata, sem dó nem piedade, todas as pessoas que o leem em voz alta. Se você tiver muita sorte, você pode não morrer, mas, com certeza, muitas coisas ruins vão acontecer na sua vida.

A história mais famosa contada sobre a lenda é de um radialista que leu em seu programa de rádio o poema e no meio da narração, começou a passar mal não conseguindo respirar, caiu e levou um corte que precisou de 7 pontos. 

Oiwa

Nem todas as histórias assustadoras são fictícias, a história de Oiwa é baseada em um evento real que aconteceu no século XVII, em Edo.

Oiwa era uma jovem mulher muito bonita, casada com o samurai Iemon, um homem mesquinho que a amava apenas por sua aparência. Outra mulher, Oume, estava apaixonada por Iemon e, tomada pelo ciúme, enganou Oiwa para que ela usasse um creme envenenado. Isso desfigurou o rosto de Oiwa, fazendo com que um de seus olhos e seu cabelo caísse, sem que ela percebesse.

Enojado com a nova aparência de Oiwa, Iemon queria se divorciar dela e se casar com Oume. O samurai pediu ao seu amigo Takuetsu que a estuprasse, para que ele tivesse motivos para o divórcio. Porém, Takuetsu ficou tão chocado com a aparência de Oiwa que não conseguiu cumprir a ordem.

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Foto: reprodução/ Egenolf Gallery

Em vez disso, revelou o plano de Iemon a Oiwa e a mostrou seu próprio rosto em um espelho. Ao ver seu rosto deformado pela primeira vez, Oiwa ficou tão horrorizada que roubou a espada de Takuetsu e se suicidou. Com seu último suspiro, amaldiçoou o nome de Iemon.

Na noite do casamento de Iemon com Oume, o fantasma da desfigurada Oiwa apareceu diante dele. Aterrorizado e culpado, Iemon fugiu de Oiwa, mas não importava o quanto corresse, ele não conseguia escapar de suas aparições. Depois dessa noite, onde quer que Iemon olhasse, até mesmo nas lanternas que usava para iluminar seu caminho, ele via o rosto de Oiwa o encarando.

A lenda de Oiwa pode ser vista no filme O Fantasma de Oiwa (1969).

Kuchisake Onna

Se estiver no Japão, tome muito cuidado ao andar por uma rua tarde da noite, você pode receber a visitinha de Kuchisake Onna, cujo nome significa a mulher com a boca cortada. E uma sugestão: não tente fugir dela, porque ela pode não gostar muito e se teletransportar para a sua frente. De qualquer forma, a coisa não vai ficar muito legal para você.

Ela aparece usando uma máscara cirúrgica e um casaco e então te perguntará: “Eu sou bonita?”. Se você disser não, ela vai cortar sua cabeça com um grande par de tesouras que traz consigo. Se você responder que sim, então ela tira a máscara, revelando sua boca cortada de orelha a orelha.

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Foto: reprodução/ Danjou Lamen

E então vem a segunda parte. Ela volta a perguntar: “E agora?”. Se a sua resposta mudar e você disser não, ela cortará você pela metade. E, se responder sim, então você ficará igual a ela, pois Kuchisake também cortará a sua boca.

A lenda pode ser vista no filme A Mulher da Boca Cortada (2007).

O Segredo da Yamamba

Apesar das Yamamba parecerem idosas inofensivas, na verdade são assustadoras yokai das montanhas que se alimentam de carne humana. Uma das lendas mais antigas sobre elas vêm do Konjaku Monogatari (Coletânea de narrativas em que o agora é passado), dos meados do século XII.

A lenda conta que certa vez, um sacerdote budista foi pego por uma tempestade e acabou encontrando uma solitária cabana. Uma bondosa velhinha o convidou para entrar, oferecendo-lhe comida e um ambiente aquecido junto ao fogo. Porém, a anfitriã deu ao sacerdote um estranho aviso: “Não importa o que aconteça, não olhe no quarto dos fundos.”

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Foto: reprodução/Coisas do Japão

Não conseguindo conter sua curiosidade, o sacerdote desobedeceu o aviso da velhinha. Assim que ela saiu para buscar mais lenha, ele espiou através de uma fresta na porta e, para seu horror, encontrou o cômodo repleto de cadáveres semienterrados.

O sacerdote percebeu que a anciã era uma Yamamba, que atraía viajantes desavisados para sua casa apenas para despedaçá-los e fazer deles sua próxima refeição. Ele fugiu da cabana o mais rápido possível e nunca mais olhou para trás.

Teke Teke

Teke Teke é uma lenda muito conhecida e temida do Japão. A lenda fala de uma menina que foi cortada ao meio ao cair nos trilhos de um trem. Como ela ficou durante muito tempo nos trilhos agonizando em seu sofrimento, Teke-Teke, se tornou um espírito vingativo que perambula pelo Japão. Este espírito é conhecido por carregar uma foice e de vir se arrastando pelo chão, batendo seus cotovelos no solo, fazendo os ruídos “teke, teke, teke”, daí deu-se o seu nome.

Conta-se no Japão que certa vez um menino estava saindo da escola à noite, quando ouviu um estranho barulho atrás dele. Quando se virou viu uma linda menina na janela, ela apoiou os braços no parapeito enquanto olhava para ele.

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Foto: reprodução/fandom

O menino perguntou para a menina o que ela fazia naquele local, já que ali era uma escola para meninos. Nesse momento a menina pulou da janela e caiu no chão, o menino ficou apavorado ao ver que ela não tinha a parte inferior do corpo.

Foi então que a menina começou a fazer o som teke-teke enquanto se arrastava em direção a ele, que de tão apavorado não conseguia se mexer. A menina então, partiu o garoto ao meio com sua foice, imitando sua própria desfiguração.

 A lenda já inspirou dois filmes, Teke Teke e Teke Teke 2, em 2009.

A Lenda da Jorogumo

A Jorogumo é um yokai metade mulher, metade aranha que pode se transformar em uma bela mulher quando caça homens desavisados para devorar.

A lenda conta que um jovem samurai foi abordado na rua por uma mulher deslumbrante. Embora ela fosse bonita, o samurai enxergou através de seu disfarce, percebendo que ela não era humana, mas sim algum tipo de yokai.

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Foto: reprodução/alternados e reversos

Imediatamente, ele sacou sua espada e a atacou, ferindo-a, mas não conseguindo matá-la antes que ela rapidamente se retirasse. O samurai seguiu o rastro de sangue escarlate até uma casa velha e abandonada. Lá dentro, encontrou dezenas de corpos envoltos em teias de aranha e uma enorme aranha Joro, morta pelos ferimentos que havia sofrido.

Hitobashira

Hitobashira significa pilares humanos em português, e essa lenda surgiu no Japão antigo. Antigamente, as pessoas acreditavam que era necessário fazer sacrifícios aos deuses para que suas construções fossem sempre protegidas e se tornassem fortes e estáveis.

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Foto: reprodução/Hanasu

Como esses sacrifícios eram feitos? Elas selavam pessoas nos pilares de suas construções e, se os deuses gostassem do que foi feito, os edifícios duravam anos e anos. Porém, eles sempre estariam assombrados pelas pessoas que foram presas nas paredes.

A Mulher da Neve (Yuki-onna)

A Yuki-onna é um tipo de yokai espírito da neve. Ela costuma tirar a vida de humanos que se aventuram em suas terras congeladas, às vezes até mesmo se apaixonando por eles.

Um jovem em busca de fortuna estava atravessando as montanhas cobertas de neve quando foi pego por uma tempestade de neve e se perdeu. Quase congelado até a morte, estava prestes a perder as esperanças quando uma estranha mulher, coberta de gelo e com um rosto pálido como a neve, apareceu diante dele – uma Yuki-onna.

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Foto: reprodução/Hanasu

Como ele ainda era jovem, ela teve pena dele e o guiou até uma cabana quente na floresta, salvando sua vida. Em troca do resgate, ela fez com que ele prometesse nunca contar a ninguém sobre o encontro entre eles.

Anos depois, o jovem conheceu e se casou com uma encantadora garota chamada Yuki, e eles viveram felizes juntos por muitos anos. Mas um dia, o jovem contou à esposa como havia sido salvo pela misteriosa Yuki-onna, quebrando sua promessa.

Ao revelar essa história à esposa, seu rosto ficou pálido e a geada começou a cobrir seu corpo – a verdadeira identidade de sua esposa era Yuki-onna. Com a promessa quebrada, ela desapareceu na noite de inverno.

A lenda pode ser vista no filme A Mulher da Neve (1968)

A Boneca de Okiku

Esse é um caso real. Okiku tinha uma boneca que vestia um quimono e ela era a inseparável amiga da menina. Porém, certo dia Okiku morreu de frio e seu espírito voltou, possuindo o brinquedo. Agora, o cabelo da boneca de Okiku cresce e ninguém tem uma explicação para isso. Ela se encontra guardada no Templo Mannenji, no Japão.

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Foto: reprodução/amino

Antes de ser possuída, a boneca tinha cabelo curto. Porém, com o passar do tempo, ele foi crescendo e agora está comprido. Ninguém sabe como o cabelo continua a crescer, mas estudos científicos concluíram que o cabelo é de uma criança. Talvez de Okiku.

O Fantasma de Okiku

A história de Okiku certamente vai tirar seu sono, e se não o fizer, seu fantasma o fará!

Havia uma vez uma jovem chamada Okiku que vivia no Castelo de Himeji como serva do samurai Aoyama. Uma das tarefas de Okiku era cuidar da coleção de dez pratos valiosos de seu mestre.

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Foto: reprodução/Coisas do Japão

Mas um dia, enquanto Okiku lavava os pratos, percebeu que um deles estava faltando. Não importava quantas vezes ela contasse, sempre faltava um. Seu mestre ficou tão enfurecido por ela ter perdido o prato que a jogou em um poço.

Assassinada de forma brutal, a alma de Okiku não conseguiu descansar. Todas as noites, seu fantasma saía do poço para continuar contando os pratos de seu mestre. Ela contava até nove e, ao perceber que o décimo prato ainda estava desaparecido, soltava um grito ensurdecedor. Os gritos de Okiku mantinham todos no castelo acordados todas as noites, até que um sacerdote budista finalmente a acalmou.

Vila Inunaki

Essa é uma vila misteriosa que se encontra totalmente isolada de outras aldeias japonesas. Até mesmo os japoneses têm dificuldade em encontrá-la, o que gera certa dúvida se ela realmente existe. Algumas pessoas que afirmam tê-la encontrado dizem que, já na entrada, existe uma placa que diz: “As leis constituintes do Japão não se aplicam aqui”.

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Foto: reprodução/Coisas do japão

Segundo relatos, as pessoas por lá vivem de uma forma extremamente estranha. Incestos, canibalismos e assassinatos são muito comuns por lá. Por alguma razão, nenhum aparelho eletrônico funciona nessa vila. Há lojas antigas e telefones públicos, mas você não pode chamar ninguém. Muitas pessoas já foram para esta aldeia, mas ninguém jamais voltou.

A Lanterna de Peônia

Juntamente com Oiwa e Okiku, Otsuyu é um dos três fantasmas femininos que compõem o Nihon san dai kaidan ou as três grandes histórias de fantasmas do Japão.

Em uma noite escura, o samurai Ogiwara avistou uma mulher elegante carregando uma lanterna de peônia vagando pelas ruas de Edo. Para Ogiwara, foi amor à primeira vista. Ele convidou a bela mulher, Otsuyu, para acompanhá-lo até sua casa, onde conversaram, riram e desfrutaram da companhia um do outro.

Naquela noite, o vizinho de Ogiwara ouviu risadas estranhas vindas do jardim de Ogiwara e espiou por cima do muro. Ele viu Ogiwara segurando, não uma mulher, mas um esqueleto risonho! Na manhã seguinte, o vizinho de Ogiwara contou a ele o que havia visto. Horrorizado, Ogiwara procurou aconselhamento de um sacerdote em um templo próximo.

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Foto:; reprodução/ Claremont Gallery

Para seu espanto, Ogiwara encontrou o túmulo de Otsuyu no templo. Ele percebeu que a mulher por quem se apaixonou na noite anterior havia morrido muito antes de se conhecerem. Agora que Ogiwara sabia a verdade, o fantasma de Otsuyu não apareceu mais diante dele.

Mesmo depois de descobrir a verdade, Ogiwara sentia falta de Otsuyu desesperadamente. Depois de algum tempo, ele não conseguia mais suportar sua tristeza e voltou ao templo onde Otsuyu estava enterrada. Nos portões do templo, Otsuyu apareceu diante dele mais uma vez. Estendendo a mão, ela pediu a Ogiwara que a acompanhasse até sua casa. Sem hesitar, Ogiwara pegou sua mão e caminhou com ela para a escuridão.

Após sua última visita ao templo, Ogiwara desapareceu. O sacerdote, preocupado, abriu o túmulo de Otsuyu. Dentro do caixão havia dois corpos: Ogiwara e Otsuyu, juntos para sempre.

Túnel Kiyotaki

Este túnel foi construído em 1927 e é assombrado pelos trabalhadores que morreram por lá, em condição de escravos, enquanto o construíam. Ele tem 444 metros (sabe-se que o número 4 é amaldiçoado para os orientais, como o número 13 é para os ocidentais), porém, seu tamanho pode variar dependendo se você medi-lo de manhã ou de noite.

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Foto: reprodução/Guariento Portal

Pessoas relatam que fantasmas podem ser vistos neste túnel à noite. Eles podem até mesmo entrar no carro e assustar as pessoas, causando acidentes fatais. Também existe um espelho no túnel,e se você olhar para ele e ver um fantasma, sofrerá uma morte horrível.

 

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*Crédito da foto de destaque: reprodução/amino

 

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