Foto: reprodução/CCSP

Entrevista | O Teatro Mágico fala sobre show de reencontro do grupo

Fernando Anitelli, idealizador da banda, conta sobre as inspirações, desafios e bons momentos da trupe

 

Com o passar do tempo, Fernando Anitelli e outros membros do grupo O Teatro Mágico seguiram carreiras solo e se dividiram ao redor do mundo, mas em comemoração aos 21  anos da trupe, seus integrantes decidiram se reunir para celebrar a trajetória na música nacional. 

O grupo paulista, formado em 2003, lançou ao longo dos anos um trabalho que mistura elementos de teatro, circo, música e poesia, conquistando fãs ao redor do país. Com 250 mil ouvintes mensais no Spotify, O Teatro Mágico reúne novos e antigos integrantes, para uma apresentação no Tokio Marine Hall, em São Paulo, que acontece em 14 de setembro e já está com os ingressos esgotados. 

O Teatro Mágico se destaca por sua maneira única de fazer um espetáculo, além de entregar músicas inesquecíveis como Nosso Pequeno Castelo (2012), O Anjo Mais Velho (2013) e outras, que são alguns dos motivos da trupe esgotar os 4 mil ingressos da casa de shows de São Paulo. O idealizador do grupo, Fernando Anitelli, destaca em conversa com o Entretê a importância de revisitar essa história. Confira:

Entretetizei: Como surgiu a ideia do reencontro do Teatro Mágico? O que motivou vocês a se reunirem novamente?

Fernando Anitelli:  O Teatro Mágico fez 20 anos. Quando fazemos 20 anos de um projeto, a primeira coisa que vem à mente é a caminhada, a nostalgia de lembrar como começou, onde chegou. Vemos tudo isso com um orgulho danado, com uma saudade justamente de reencontrar personagens que fizeram parte.

Claro que não vamos conseguir chamar todas as pessoas que já participaram, são 20 anos. São praticamente nove álbuns, três DVDs, várias formações de trupe. Mas algumas pessoas resolvemos chamar, para ficarem com outras pessoas que estavam no meio da caminhada quando gravamos o DVD Recombinando Atos, e também com a outra galera, que atualmente está com o Teatro Mágico.

Ou seja, é um grande encontro. Um reencontro não só com as pessoas que faziam parte, mas com o público, que na época estava descobrindo tudo aquilo e atravessando as coisas. É também (um encontro) com o repertório, as músicas que fizeram a nossa caminhada se solidificar. Tudo isso vai estar presente, então tudo começa com a celebração de 20 anos, passa pela saudade e dá um descanso nas lapidações de canções, vozes, performances, arestas  e aí se entrega tudo no dia 14 de setembro. 

 

E: O que os fãs podem esperar dessa nova fase do grupo? 

FA: Estamos nos preparando para fazer uma única apresentação neste ano, e que essa única apresentação tenha muito da nossa história e de como amadurecemos. Do nosso improviso, das coisas que foram sucesso na nossa caminhada, tanto em relação a música, como a determinados números, duetos e parcerias.  

O público pode esperar todos os hits da nossa primeira trilogia, e ficamos também na ansiedade, porque sabemos que o público está preparando uma chegada diferente, eles sempre nos surpreendem. Então começamos a ouvir dentro dos grupos o que o público está montando nas redes sociais e estão configurando como surpresa. Enfim, só coisa boa. 

E: Quais foram as maiores mudanças que vocês perceberam em si mesmos e no grupo do início até agora?

FA: São 20 anos trabalhando com um projeto que reúne muitos elementos distintos da arte, muitas expressões, é muita coisa. Desde a camada pessoal da relação individual que temos ali com o projeto, até mesmo a relação do coletivo, quando determinadas pessoas se juntam, o que é capaz de acontecer. 

E a relação também com o improviso, que a gente já aprendeu, amadureceu nesse meio tempo todo, até saber fazer as coisas com mais qualidade, saber dosar as energias. Acho que uma das coisas que eu soube amadurecer foi dosar as energias, as atenções no palco, saber compor da melhor maneira o material que a gente tem, seja um corpo saudável ou uma voz com força e potência, essa é a ideia.

E: Existe algum projeto da banda que seja especialmente memorável?

FA: Ivan Parente e eu trabalhamos em um projeto memorável em nossas vidas, que foi a banda Madalena 19. Foi a nossa primeira banda, onde depositamos as primeiras composições, vários anseios, inseguranças, experimentando como se colocar, como trazer a nossa personalidade com qualidade. Esse projeto foi incrível, durou uns bons anos, e fez a gente acreditar que sim, era possível. Tínhamos aquilo na alma, tínhamos que dar sequência a tudo isso.

E nesses anos todos participei do projeto do álbum solo do Ivan Parente, também cantando e tocando. Já participei de outros eventos, desde saraus, pequenas apresentações aqui e acolá, sempre participando das coisas um do outro. Nós dois, toda vez que nos somamos é saúde criativa, revigoramos as ideias e fazemos a manutenção da amizade.

E: Se pudessem colaborar com qualquer artista, vivo ou morto, quem seria e por quê?

FA: Imagino colaborar com os artistas vivos, primeiro aqueles que acreditamos, e que tentamos de alguma maneira colaborar, ajudando, divulgando, somando ideias. Porque não é uma caminhada simples e fácil. Colaborar, fazer duetos com as pessoas que de alguma maneira já foram e são referências, isso é sempre uma conquista. 

Então é sempre buscar aprender, saber entregar parceria aos artistas que estão chegando, saber aprender com as qualidades do que eles estão trazendo como novidade, e as grandes compositoras, os grandes mestres da música que nos indicavam os caminhos, merecem sempre uma acolhida cheia de amor.

E: Se pudessem voltar no tempo, há algo que fariam de maneira diferente na trajetória da banda?

FA: Depois que a gente cai, levanta, cai, levanta, cai, levanta. Aprendemos de variadas maneiras, com as derrotas, com os erros, ficamos pensando: “e se tivesse feito?” Mas penso também nas coisas que deram certo: “olha ali a gente caprichou.” Então, a ideia desse tempo suposto, capaz de mexermos na ordem dele, como isso não existe, só podemos olhar com bons olhos para todos os passos que demos, todos foram com a esperança de trazer a boa palavra e o bem querer.

E: Quais são as principais influências artísticas e musicais que moldaram o som e a estética do Teatro Mágico?

FA: As influências são as mais variadas possíveis. Desde o início surgimos com o conceito de trabalhar a pluralidade em todos nós, os personagens que nos compõem, o espírito saraueiro de improvisar, de trazer poesia, artes variadas ao mesmo tempo. Tudo isso foi trabalhando a maneira plural e diversa de acontecer e de se expressar.

Dentro desses campos para todos os lados tem muita coisa boa, que aparece em todas as áreas, então tudo se torna capaz de fazer a gente faiscar criativamente, e trazer no lugar do silêncio boas canções, no lugar do vazio, cenas, cores, movimentos. Tudo isso é capaz de fazer com que nos movimentemos dentro desse plano, é uma interferência e uma referência boa. Não vou citar nomes, acho que a sonoridade das coisas pode nos levar pra vários lugares, e a viagem é essa, sem rótulos, nesse grande quebra cabeça sonoro. Essa feijoada polifônica que é o Teatro Mágico. 

 

Curtiu a entrevista? Conta pra gente nas redes sociais do Entretê (Instagram, Facebook, X) e nos siga para acompanhar as novidades do entretenimento!

 

Leia também: Entrevista | Ivan Parente fala sobre Hairspray e os desafios ao atuar no musical

 

Perguntas por Ana Paula

 

Texto revisado por Karollyne de Lima

plugins premium WordPress

Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos serviços, você concorda com tal monitoramento. Acesse nossa política de privacidade atualizada e nossos termos de uso e qualquer dúvida fique à vontade para nos perguntar!