Foto: Cristina Granato

Entrevista | Paulo Halm e Miá Mello contam sobre suas experiências nas gravações do filme De Pai para Filho

O diretor e a atriz conversaram com o Entretê durante a coletiva de imprensa do longa

Simpáticos, risonhos e brincalhões, assim estavam Paulo Halm e Miá Mello durante a coletiva de imprensa do filme De Pai para Filho. O diretor, que também é  o roteirista do projeto, e a atriz conversaram por um breve momento com o Entretetizei em uma tarde de segunda-feira. Na sala também estava o ator Marco Ricca, mas o sinal do seu wifi estava caindo, o que impossibilitou de ter alguma interação. 

Paulo e Miá estavam muito à vontade, rindo e brincando durante todo o tempo da videochamada. Era notória a alegria que envolvia o ambiente, e o orgulho que tinham de estarem divulgando o longa. O diretor conseguiu responder a duas perguntas, enquanto a atriz enviou suas respostas mais tarde, depois do fim da coletiva.

No final, Valentina Vieira apareceu na sala de estar da casa do Paulo de surpresa, e o sinal da internet do Ricca voltou. Só faltou mesmo o Juan Paiva para a bagunça ficar completa. Foram só sete minutos, mas rendeu uma ótima conversa, com direito a boas risadas. Confira:

Entretetizei: Qual foi a maior dificuldade que você encontrou para fazer todo o malabarismo de produzir o filme com pouco orçamento, equipe pequena, durante a pandemia e com apenas um cenário?

Paulo Halm: Eu sempre brinco dizendo que estamos acostumados a trabalhar na escassez, com isso, precisamos ser bem criativos e nos divertir bastante. A vantagem de ser um filme intimista favorece, até economicamente, essa produção. O jogo do longa é centrado nas famílias do Machado e da Dina e Kat. Para isso, foram construídos dois cenários na mesma locação, o que facilitava na hora de fazer as mudanças, dentro do cronograma apertado que tínhamos.

Foto: Reprodução/Threads (@paulohalm)

O mais complicado foi pegar a fase da pandemia, em que todos ficaram doentes ao mesmo tempo. A equipe inteira adoeceu durante as preparações. Nós seguimos todos os protocolos de filmagem: fizemos testes todos os dias, usamos máscara durante todos os ensaios. Era desagradável, mas era o jeito que tinha.

A história se passava em uma época pós pandemia, eu acreditava que tudo ia passar, que a vida ia melhorar. Eu brincava dizendo que parecia uma ficção científica, pois nós tivemos uma série de dificuldades de filmar na rua, por conta das pessoas que passavam de máscara. Por isso que as poucas externas que temos são mais fechadas, muito centradas nos personagens, para evitar de aparecer alguém mascarado. 

E: Teve algum personagem que você tenha escrito já pensando em alguém específico?

P: Esse roteiro foi escrito ao longo de 11 anos, então teve muitas mudanças. Mas esse núcleo do pai morto e do filho vivo sempre existiu. Eu gosto muito do Marco Ricca. Eu escrevo perfis para ele fazer, mas não consigo o dinheiro, aí jogo fora o roteiro e começo tudo de novo. Já a Miá Mello, eu sempre fui fã. Acho um certo desperdício de talento, uma atriz tão talentosa e com tantos recursos, bonita, brasileira, tão sensacional. 

Ela está em um nicho, e faz muito bem, que é a comédia, mas é aquém a sua possibilidade como profissional e artista. Eu vi a peça dela, Minha Mãe Fora da Caixa, e falei: “essa atriz está fora da caixa, então vamos aproveitar esse potencial, essa gama de interpretação”. Para a Dina, eu queria uma mulher que soubesse dar cambalhota, fazer chorar e rir, que comovesse, fosse apaixonante, carismática… a Miá é tudo isso. 

O Juan Paiva, eu já tinha trabalhado com ele na Globo, na novela Totalmente Demais, e gostei dele. Acho que é o jovem ator mais talentoso dos últimos tempos. Todos eles foram minhas primeiras opções. Com a Valentina Vieira, eu trabalhei em Bom Sucesso. Quando a escolhi, ela era “pequetitinha”. 

Foto: Cristina Granato

O dinheiro para o orçamento demorou para sair e ela foi crescendo. Eu comecei a ficar desesperado, pois queria filmar antes que crescesse demais. Hoje é uma mocinha e está maior do que eu. Tive muita sorte de filmar e ela só espichar depois.

Entretetizei: A Dina é uma personagem com inúmeras camadas. Miá, como foi a construção dela para você? Houve algum lugar dentro de si que você descobriu durante essa criação?

Miá Mello: Assim que eu recebi o convite para fazer o filme, mergulhei profundamente na criação da Dina. Passei um mês inteiro explorando todas as nuances da personagem, respondendo a perguntas essenciais sobre sua vida e sua história. Durante esse processo, percebi o quão importante é estar bem consigo mesma para poder cuidar dos outros. A Dina me ensinou que, quando estamos fragilizados, é difícil oferecer apoio a quem amamos.

E: O que mais te chamou atenção ao aceitar o convite para o papel? Teve algo que, de imediato, fez você pensar: “não tenho como recusar”?

M: A possibilidade de trabalhar em um filme com uma pegada mais dramática foi o que realmente me encantou. Além disso, sou uma grande admiradora do trabalho do Paulo Halm. Quando soube que ele estaria à frente do projeto, fiquei extremamente empolgada com a oportunidade de trabalhar com ele. 

E: As suas cenas com a Valentina Vieira passam muita verdade. A química de vocês como mãe e filha é muito real. Como foi esse encontro? Foi fácil alcançar essa conexão?

M: A Valentina é uma atriz excepcional, apesar da pouca idade. Desde nossas primeiras videochamadas, percebi que a nossa parceria seria muito promissora. Compartilhamos histórias sobre nossas mães e filhos, o que ajudou a estreitar a nossa intimidade antes mesmo de nos encontrarmos pessoalmente. Quando finalmente nos vimos, já havia uma base de cumplicidade, o que tornou a construção da relação entre nossas personagens ainda mais verdadeira.

Foto: Cristina Granato

E: Com muita simplicidade, o filme aborda as complexas relações entre pais e filhos. A experiência de participar desse longa fez você refletir sobre a sua relação com seus filhos? Principalmente com a Nina, que tem uma idade mais próxima da Kat.

M: Apesar das grandes diferenças entre Kat e Nina – com a Kat tendo perdido o pai de forma trágica e assumindo quase um papel de cuidadora da mãe –, eu me conectei com os meus próprios sentimentos de mãe para construir essa relação de maneira genuína. Em várias cenas, ao me ver em ação, enxergava aspectos da minha própria maternidade sendo retratados.

E: Não é a primeira vez que você interpreta uma personagem dramática, mas para quem só te conhece como humorista, a Dina vai ser uma surpresa. Você acha que esse papel foi o mais desafiador até agora?

M: Acredito que esse papel dramático veio ao encontro do que estou buscando na minha carreira: ser uma atriz que não se limita a um único gênero. Minhas referências, como Denise Fraga, Andréa Beltrão, Fernanda Torres, Débora Bloch e Regina Casé, têm essa elasticidade dramática, transitando entre o drama e a comédia com maestria. Ganhar o prêmio de melhor atriz no Festival Internacional de Cinema de Paraty foi uma surpresa, mas, ao subir no palco, senti um profundo orgulho e merecimento pelo trabalho que dediquei à Dina.

E: Você está lançando De Pai para Filho agora e acabou de lançar Divertidamente 2. Foi do 8 ao 80, literalmente. No meio de tantas diferenças entre as duas experiências, você consegue achar alguma similaridade?

M: São trabalhos bastantes distintos, principalmente porque um é dublagem e o outro é interpretação em carne e osso. Mas, se eu fizer um paralelo, tanto a Dina quanto a Riley estão em processos de aceitação de emoções, como tristeza e ansiedade. Ambas estão amadurecendo emocionalmente, cada uma dentro de sua complexidade, mas ainda assim lidando com desafios que fazem parte do crescimento.

E: O Entretetizei é um portal feito só para mulheres. Empoderamento e sororidade são temas centrais para nós. Tem algum recado que queira deixar para nossas leitoras?

M: Quero convidar todas as mulheres para assistirem à minha peça Mãe Fora da Caixa. É uma verdadeira catarse, abordando temas da maternidade de forma tão libertadora e engraçada que se torna uma experiência de alma lavada. Acredito que muitas se verão refletidas e sairão do teatro mais leves.

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Texto revisado por Karollyne de Lima

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